PARTE II - CAPITULO 7

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— Fa sentido. Mas Só isso? Tem apenas seis meses que falou a meu respeito? — Estava confusa.

— Para mim sim. Mas meu marido passa mais tempo com Caleb que eu. Só o vejo nesses eventos de confraternização dos sócios. Ele pode ter mencionado a seu respeito há mais tempo, quando ainda não tinham nada sério. Sabe como são homens!

Concordei com ela, abrindo outro sorriso para deixá-la a vontade e contar coisas mais substanciais.

— Quanto a traição, Samantha! Um conselho : feche os olhos! No começo do meu casamento vivia sofrendo. Agora, com quase vinte anos de união, nem pergunto por onde ele anda desde que meu cartão de crédito tenha limite!

Não era exatamente esse tipo de conversa que tentava ter com ela. Em uma outra ocasião, talvez adoraria saber das histórias malucas, como qualquer pessoa comum. Porém ali, precisava falar de mim. Sim, da maneira
Mais egoista.

— Talvez possa me visitar! Aliás, eu ainda não sei seu nome, apesar de você saber o meu.

— Ah, que coisa! Meu nome é Elisabete.

Ela colocou o batom na bolsa e fechou o zíper dourado.

— Como disse, me faça uma visita. Aquela casa é tão grande e fico praticamente sozinha. Caleb trabalha muito e imagino que aconteça o mesmo com seu marido!

Tentei forçar costume ou hábito, como se Caleb e eu fôssemos um casal em sintonia. O que ela pensaria se soubesse que meu marido e eu dormíamos em quartos separados?

— Claro, querida. Podemos cozinhar e jogar conversa fora. Me ligue e avise o dia que posso ir. Será um prazer te fazer companhia e ajudá-la a recuperar as memórias.

Nesse momento o celular dentro da bolsa começou a vibrar. Nunca dava sinal, e naquele instante parecia funcionar perfeitamente.

Apanhei o telefone e vi o nome de Caleb na chamada. Se demorasse mais um pouco talvez ele viesse atrás de mim e me visse com Elisabete novamente. Não daria essa pista de bandeja ao meu marido.

— Foi um prazer reve-la, Samantha.

— Digo o mesmo, Elisabete. Vai voltar pra arquibancada?

— Não, não. Passarei no carro para pegar uma bolsinha de remédios. Minha enxaqueca tá dando sinais que vai chegar. Preciso me previnir.

— Tudo bem. Até mais, Elisabete.

~*~

Ao tentar retornar para a arquibancada, me senti perdida. O pátio era imenso e as placas me confundiam. De fato estava bem perto dos torcedores , mas havia muita gente e as arquibancadas chagavam a ter quilômetros.

Inúmeras entradas e em todas que apostei não encontrei meu pessoal e nem Caleb. E para corroborar com as reclamações, o celular estava sem sinal algum. Nem mesmo seria capaz de fazer uma ligação para alguém me buscar.

Parecia que a cada minuto estava mais perdida. Foi então que fiquei ansiosa cogitando a possibilidade de ter tido outro lapso de memória e esquecido tudo.

Parei pelo caminho e fiz um exercício mental. Me forcei a lembrar da última conversa que tivera com Elisabete, sobre as coisas que Caleb me contou, o jantar com os sócios, de Cassandra e de Bruno sendo estapeado pela estranha garota loira. E tudo estava lá guardado em memórias recentes.

Não estava com amnésia novamente. Apenas havia me perdido como qualquer outra pessoa.
Isso foi como um alívio para mim.

Ao passar por um pequeno recuo onde havia um carro parado, dois caras surgiram e acenaram para mim. Obviamente parei, pois já não sabia mais quem eram ou não os conhecidos.

Eram dois homens bem vestidos, e estavam com latas de cerveja nas mãos.

— Como vai? — Me disse um deles de maneira amistosa.

O cálculo simples era de que me conheciam.

— Vou bem. E conheço vocês?

Estava parada segurando minha bolsinha de mão em frente ao corpo. Logo imaginei que eles poderiam me ajudar a encontrar Caleb. Talvez se eu explicasse mais ou menos como era o local da arquibancada em que estava antes de sair, eles me ajudassem.

Contudo, o semblante do homem que falou comigo primeiro mudou abruptamente. Ele
Olhou para os lados e eu o acompanhei. Aí percebi que estava em um local afastado e que pessoas eram vistas ao longe. Me encontrava sozinha na companhia deles.

O sorriso do estranho era nojento e minha espinha congelou quando ele deu alguns passos em minha direção.

— Uma moça bonita feito você perdida assim... Isso é perigoso, não acha, Max? — Perguntava ele ao amigo sem tirar os olhos de mim.

— Concordo, parceiro. Muito bonita pra deixarem ficar andando solta assim — Esse outro mascava um chiclete e falava suas palavras me olhando como se eu fosse um animal em exposição.

— Os senhores têm razão. Por isso acho que vou voltar para onde estava.

— Não, que isso, moça! Fica aqui bebendo com a gente! Temos muita cerveja dentro do carro! — Ao segurar meu pulso com força, ficou claro para mim que não se tratava de um convite, mas uma ordem.

Tentei puxar minha mão, entretanto o homem apertava meu pulso com força e num gesto ágil
Ele tapou minha boca, para que não gritasse.

Meus olhos arregalados e cheios de pavor suplicavam que ele me soltasse. Os sons guturais emitidos pela minha garganta estavam implorando para que tivessem misericórdia e não fizessem nada de errado comigo.

Mas nada pareceu funcionar. O comparsa desse primeiro abria a porta do carro para que eu fosse jogada para o banco de trás e eles pudessem fazer o que quisessem comigo ali dentro.

— Ora, ora, ora... Se não são dois homens conquistando uma mulher da maneira mais civilizada! Chega a ser bonito de ver!

A voz grave e calma me era familiar e foi crucial para impedir que me jogassem no interior do automóvel.

Os braços do abusador me prendendo se soltaram do meu corpo e enquanto me recompunha pude ver Caleb parado a metros de onde estávamos com uma arma engatilhada na mão direita.

Ele olhava para os dois homens com um riso macabro. Algo me dizia que não seria nada bom o que aconteceria ali.

APAIXONADA PELO MEU ASSASSINO?Where stories live. Discover now