Capítulo II : "libélulas e elevadores."

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Já disse que tenho pavor de libélulas? são insetos extremamente assustadores que saem voando por aí em total desgoverno. E nesse momento, tem uma batendo na janela da sala, como se não enxergasse o vidro, bom, talvez ela realmente não esteja enxergando, afinal, como deve ser a visão delas?

- Há algo mais interessante que minha aula, lá fora, Camila?

Ouço a voz patética do meu professor de matemática se voltar para mim, matemática nunca foi muito minha praia, mas eu sempre me esforcei para entende-la. As vezes me distraio fácil e isso me prejudica, mas ele parece não me entender e nem buscar por isso.

-Desculpa professor, apenas estou um pouco aérea essa manhã, vou me concentrar. - me contento apenas a dizer isso, e volto o olhar a meu caderno vazio. Vai ser difícil passar em uma faculdade assim.

As horas se estenderam um pouco mais, mas finalmente a hora do intervalo chegou, eu estava faminta! poderia comer por 5, e isso se dá pelo fato de eu não comer pela manhã, antes de sair. Isso faz parte da dieta que estou fazendo e vendo resultados! por mais que Dinah ache isso uma tremenda baboseira.

-Lá vai ela mais uma vez comer apenas essa salada de frutas, me diga Camila, você se odeia tanto assim? ao ponto de se negar os prazeres da comida? - Dinah fala enquanto mastiga um pedaço da pizza que ela comprou, a cena não é das melhores, então volto o olhar para outro ponto do refeitório.

-Dj, você sabe o quanto estou me esforçando nessa dieta. - Falo, enquanto observo a figura feminina se sentar na mesma mesa, porém a 3 bancos de nós, professora Jauregui. Admiro o estilo dela, calçava um all star vermelho nos pés, enquanto usava uma regata e calça jeans, ambas pretas. A deixava muito jovial. Afinal, quantos anos ela deveria ter?

-Você é muito da nojenta, o seu corpo é perfeito, faz muitos e muitas caírem de amores por aí, só você não vê. - Espera, ela disse "muitas"? não consigo imaginar garotas prestando atenção em mim. E na verdade, nunca entendi a minha relação a garotas, de fato, sou confusa, sinto uma admiração profunda por algumas, e segundo Dinah, isso não é comum. Então, não descarto a ideia de ser algo, além de hétero. Mas ainda sim, é uma incógnita para mim.

-Pare com isso, Dinah! - falo, já começando a ficar envergonhada, não sei lidar com elogios, fico mais vermelha que um tomate!

-É a mais pura verdade, e todos concordam comigo, quer ver? - Dinah rodeia o olhar pelo refeitório. Não! definitivamente eu não queria saber! Observo minha amiga sorrir levemente e olho para onde ela está olhando. Para Lauren, oh céus, não! por favor, não! - Não é professora Lauren? - Lauren parecia aérea, mas levanta a cabeça atenta a voz que a chamava.

-Oi? desculpa, não ouvi. - Ela fala inocente e eu sinto uma vontade de morrer. Essa garota não tem escrúpulos, realmente.

-Camila tá fazendo uma dieta absurda e eu tava dizendo a ela, que ela não precisa, porque o corpo dela já é maravilhoso, não acha? - Observo o olhar de Lauren transitar de Dinah para mim em questão de segundos, e pela primeira vez no dia aqueles olhos me fitam profundamente, estavam em um tom mais claro hoje.

-Ah, sim....mas é claro! seu corpo é lindo, Camila. Não deveria se preocupar com isso de jeito nenhum. - Ela diz sorridente, logo após bebericando o café que tomava. De fato, Lauren era uma mulher linda de morrer, queria eu ter ao menos um porcento da beleza dela.

-Obrigada, de verdade, mas apenas ignore as gracinhas de Dinah, ela não tem muito o que fazer, sabe? - Falo e logo em seguida sinto o arder do tapa transferido por dinah em mim. De canto de olho observo Lauren gargalhar, como se achasse divertido aquela cena, não gostei disso!

-Tô quase me acostumando com as gracinhas dela. - Lauren solta, enquanto olha para minha amiga. Como assim, que intimidade era essa gente?

- Ontem tive que ficar depois do horário com Lauren, por estar comendo em sala, sem ter o que fazer conversamos muito e para uma velha, ela tem até muitas coisas em comum comigo. - Dinah ri, ao observar a cara desacreditada de Lauren ao ser chamada de velha.

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