Disposição é tudo o que eu preciso. Foi um pouco frustrante passar o resto do dia anterior distraída e perdida em meus pensamentos. Essas coisas costumam acontecer com frequência e eu sempre acabo desejando voltar ao passado...
Os dias em Valles eram satisfatórios. Eu visitava a cidade regularmente, ouvia sobre os problemas do povo e repassava-os ao meu pai que organizava reuniões para resolver as questões e no fim, tudo se resolvia.
Antes, eu acreditava que meu pai estaria aqui para me apoiar em todos os momentos, para poder se orgulhar das minhas conquistas e acima de tudo, não deixar com que eu me sentisse assim, desamparada.
Agora, ando pelos corredores do palácio indo direto para o escritório do meu tio, a fim de questioná-lo sobre algo que com certeza não é verdade, mas que eu preciso confirmar.
— Vossa Graça? — um dos guardas pigarreou — Deseja que anunciemos a senhorita?
— Eu agradeço — sorrio, buscando tranquilizar-me. Serei breve e não há o que temer.
— Vossa Majestade está junto ao Marquês de Belmons no momento, mas sua entrada foi autorizada. É um problema para a senhorita? Ou prefere marcar uma conferência com o rei mais tarde?
— A presença do marquês não será um problema. — a presença dele apenas me deixou mais confiante. Ambos são amigos do meu pai e compreensivos, querem o meu melhor. Não há o que temer.
Os guardas abriram a porta do escritório enquanto eu respirava fundo, antes de finalmente começar a andar e entrar nesse local e não há muito tempo para admirá-lo, afinal existem dois pares de olhos curiosos me encarando, junto a seus lábios comprimidos em um sorriso, procurando esconder suas feições preocupadas. Sem sucesso.
— Vossa Majestade, Vossa Excelência — me curvei, mas sabia que meu tio diria que toda minha formalidade não era necessária.
— Não seja tão formal, querida — previsível. O rei gesticulou para que eu me sentasse em uma poltrona.
— Quer um pouco de chá? — o marquês inclinou-se para alcançar uma xícara.
— Não precisa. Serei breve.
Meu pai sempre me contou sobre a liderança excepcional de Domênico e o carinho de Arvid para com o reino. E eu sei que a amizade deles é um dos grandes motivos pelo excesso de atenção e preocupação da parte de ambos. E talvez, seja um bom momento para também tocar em outro assunto importante, além da pauta: direitos do casamento.
— Começarei pelo assunto mais simples — fixei minha atenção em meu tio — Se eu me casasse, perderia os direitos sobre meu cargo?
A pergunta estava feita e para minha surpresa, ambos trocaram olhares, um pouco tensos.
— Minha sobrinha... veja bem... — De Vere começou a falar de forma atrapalhada.
— No seu caso seria uma escolha do seu futuro marido — Arvid pigarreou.
YOU ARE READING
Eterna - Corvos e corujas (VOL. 1) [Físico em breve]
FantasyFilha do duque, Chrissie Edevane vivia uma vida tranquila em Valles, a província mais rica de Casterllato, mas tudo mudou no dia em que recebeu uma carta avisando que seu pai havia falecido em um acidente. As coisas começam a ficar estranhas quando...