Amor(es) Verdadeir(os) - Taylor Jenkins Reid

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Fui atrás desse livro logo depois de ficar fascinada com a sinopse dele:

O livro vai contar a história de Emma Blair, que casou com seu namorado da adolescência: Jesse Lerner. Com ele, Emma construiu uma vida aventureira, que fugia da expectativa de suas respectivas famílias. Foram embora da cidade pequena onde moravam e viajaram por diversos lugares do mundo, como sonhavam na adolescência.

Porém, uma tragédia acontece no primeiro aniversário de casamento: Jesse viaja sem Emma, e o helicóptero onde sobrevoava o oceano Pacífico cai e ele fica desaparecido. Ao que tudo indicava, não havia como Jesse ter sobrevivido àquele acidente, o que faz a irmã de Emma aconselha-la a seguir em frente.

Emma muda sua vida completamente, volta para sua cidade natal numa tentativa de ficar mais próxima da família no momento do luto, volta a trabalhar na livraria dos pais como na adolescência e se vê tentando reconstruir a vida de um jeito diferente. Nisso ela reencontra um velho amigo, Sam, por quem eventualmente ela se apaixona e percebe que consegue sim, amar de novo.

No entanto quando ficam noivos, Jesse é encontrado, depois de anos desaparecido e dado como morto. Emma se vê uma situação atípica onde agora tem um marido e um noivo. Jesse volta querendo sua antiga vida de volta, enquanto Sam se enche de insegurança acerca de como Emma vai lidar com a situação.

Emma precisa fazer uma escolha, que definitivamente não será fácil.

Corri pra ler, curiosa como a autora desenvolveria um livro com esse enredo.

De início, somos apresentados a Emma adolescente, que tem uma relação complicada com a irmã. Dentro de si, guardava diversas inseguranças por se sentir inferior a Marie que era aparentemente perfeita, mas também, ao olhar de Emma, cínica e fútil.

Temos também a melhor amiga de Emma, Olive, que sinceramente, é clichê como qualquer melhor amiga de protagonista. Mas até aí tudo bem, pois Olive não tem um papel determinante no desenrolar da história.

A história de amor de Emma e Jesse é uma graça, porém corriqueira em romances adolescentes. Se conhecem em uma festa cheia de jovens bêbados interrompida pela polícia, a noite aparentemente desastrosa, faz os dois pararem na delegacia decepcionando os pais, mas para os dois foi o início de um vínculo entre duas pessoas com sonhos e questões parecidas.

Jesse era parte do time de natação da escola e seus pais queriam que ele se tornasse um atleta olímpico, porém Jesse confidencia a Emma que, na verdade, odiava nadar. Já Emma queria ir embora da cidade e não gostava da ideia sugerida pela família de herdar a livraria dos pais, conhecida na cidade há décadas. Essa identificação faz eles se aproximarem e ocasionalmente se apaixonarem.

Paralelamente, a história também já havia apresentado Sam, sendo colega de trabalho de Emma na livraria, onde fica evidente que ele tinha uma queda por ela, que não era recíproca na época justamente pela fascinação de Emma por Jesse, o que faz Sam desistir e sumir da vida de Emma.

Mesmo antes do acidente de Jesse, Emma já demonstrava sinais de mudança de pensamento acerca da vida que eles levavam, porém suprimida pelo desejo de agradar o marido, que considerava aquela, a vida dos sonhos.

Depois do acidente, Emma passa por um processo de reconexão com suas raízes, volta para a cidade pequena que antes desprezava, e começa a ver nela o seu sonhado recomeço, onde ela consegue perceber na prática que existia vida depois de Jesse. A vida que ela fugiu na adolescência encaixou perfeitamente no seu eu do presente. Encontrou na literatura um prazer e na família o abrigo que precisou pra cicatrizar a ferida da perda.

Sam volta para sua vida de maneira simples e reconfortante, e ela consegue desenvolver por ele um amor que parecia impossível depois de perder o marido.

Gostei de como o luto foi abordado nesse livro, os pensamentos e sentimentos de Emma quando precisou lidar com a dor:

"Você sabe que nunca vai estar verdadeiramente livre do luto, você sabe que é algo com o quê você precisa aprender a viver, algo que você lida".

"Quando eles dizem que você é ótima no seu trabalho, você começa a chorar e sente saudade do Jesse. Momentos felizes são os piores, é quando a dor está mais forte. Mas você enxuga os olhos, volta ao trabalho, e quando você põe a cabeça no travesseiro àquela noite, você considera que foi um dia bom".

Acho que a autora traduziu bem, de uma maneira que me fez sentir um pouco da angústia de Emma.

Quando Jesse volta, o que parecia ter sido superado, volta à tona, todos os sentimentos se misturam enquanto Emma se vê na pior indecisão.

O comportamento de Jesse é algo curioso, fica claro que ele sofre as consequências de ter passado três anos tentando sobreviver, o pós trauma faz Jesse ter comportamentos um pouco impulsivos, e ele se vê impotente diante do fato de que, enquanto ele estava longe, a vida das pessoas seguiram em frente.

O processo gradativo de desapontamento que Jesse passa nos dias com Emma na cabana, começa a revelar pouco a pouco o quanto o tempo e o trauma pode mudar a vida das pessoas.

Acredito que o livro se propõe a fazer o leitor se questionar acerca das seguintes questões: é possível amar duas vezes verdadeiramente? E amar duas pessoas ao mesmo tempo?

Ressalvas:

Bom, eu particularmente não me arrependi de ler o livro, achei a leitura válida, e na medida do possível ele manteve minha atenção. Porém há algumas questões sobre o livro que me irritaram consideravelmente:

- Clichês: acredito que o livro possui alguns clichês, tanto na história em si, como na escrita, que me fizeram achar a construção do livro um pouco fraca. Alguns personagens são caricatos, como a Olive e a Marie adolescente, considerei suas famílias (de Jesse e Emma) meio estereotipadas.

- Previsibilidade: não sei se foi assim pra todo mundo que leu, mas eu sabia qual seria o fim bem antes de terminar. A previsibilidade infelizmente está presente pois os personagens deixam muito explícito em seus jeitos e atitudes onde tudo vai desaguar.

Utopia - Achei que a passividade do Sam diante da situação o tornou meio irreal, há traços de ansiedade e insegurança? Sim, mas achei que devido ao sentimento que ele guardou pela Emma ao longo dos anos, ele poderia ter sido melhor desenvolvido, não achei condizente com a realidade da maioria das pessoas a maneira tão compreensiva com a qual ele lidou com a situação.

E em último lugar mas não menos importante, me senti muito irritada em certos momentos do livro, quando Jesse e Emma viajam e começam a de certa forma, simular a vida que levavam como casal, para "testar" se o certo a se fazer eram voltar a ficar juntos. Achei que a Emma se forçou a viver situações que não cabiam mais, quando claramente ela ainda o amava mas era uma pessoa totalmente diferente de antes de seu desaparecimento.
O envolvimento sexual entre os dois foi desconcertante e na minha opinião, desnecessário.

Mesmo com os defeitos, acredito que o livro me trouxe uma perspectiva nova e conclusões 'filosóficas' válidas.

Nota ⭐⭐
Músicas que me fazem lembrar desse livro:
Happiness - Taylor Swift

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