uma coisa, no mínimo, intrigante

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hogwarts, quarto ano, 1974.
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Lumus — Remus escutou aquele encantamento sair pela boca de Sirius pela milésima vez em poucos minutos. — Nox — sabia que o amigo não tinha intenção de irritá-lo — Lumus —, todavia, aquilo era mais irritante do que se julgava capaz de aguentar. — Nox — ainda assim, tentava se manter paciente, pois gostava da companhia de Black. — Lumus — não era como se ele algum dia tivesse cogitado a mínima, ínfima, quase raquítica possibilidade de solicitar a sua presença — Nox —, mas lhe confortava saber que sequer precisava fazer este pedido. — Lumus — e não era coisa da sua cabeça aluada, afinal, ele realmente estava ali — Nox —, depois de ter recusado todos os convites de seus outros amigos para ir até Hogsmeade, apenas para fazer vários nada ao lado de Lupin. — Lumus Maximus.

— Vai acabar queimando a varinha desse jeito — ironizou.

Nox. Ela é bem resistente, pelo que parece.

Infelizmente, pensou Remus, antes de voltar a encarar seu livro, na vã esperança de conseguir ler sem ser atrap...

Lumus Solem — esquece... — Nox.

Lupin fechou o livro e o muquiou embaixo de seu travesseiro, ajeitou a coluna sobre a cabeceira de sua cama e desviou o olhar para a cama vizinha, onde Black estava jogado de qualquer jeito, com os cabelos cobrindo um pouco do rosto.

Lumus Collore — encantou, fazendo o dormitório se iluminar multicolorido como se houvesse um refletor de festa ali. — Nox.

— Ei, esse foi legal! — confessou, se rendendo a um sorriso.

— Você não disse que ia "prestar atenção na leitura" ou algo assim? — indagou Sirius, afinando a voz para imitar o jeitinho manhoso de Remus.

— E você deixa? — retorquiu, um tanto afetado pelas palavras do outro. — Eu achei melhor desistir antes que eu tacasse o livro na tua cabeça.

Black soltou uma risada gostosa, finalmente deixando a varinha de lado. Se sentou na cama e encarou Lupin antes de soltar uma lufada, fazendo os cabelos que cobriam seu rosto dançar no ar.

— E então, o que vamos fazer agora? — perguntou enquanto prendia o cabelo num coque mal feito, sem fazer questão alguma de esconder seu sorriso ladino de vitória.

— Você não vale nada, sabia? — ouviu seu prêmio dizer.

— E eu preciso? Você gosta de mim mesmo assim.

Sirius se levantou apenas para se sentar novamente, mas agora ao lado de Remus. Descansou a mão na perna do garoto e apoiou a cabeça em seu ombro. Ele amava esse nível de intimidade que tinha com Lupin, parecia até magia o modo como o menino precisava de pouco para fazer Black feliz.

— Você está entediado, né? — questionou Remus, meio preocupado, meio receoso. Sirius sempre o deixava assim.

— Não! — disse ao mesmo tempo em que meneava a cabeça positivamente.

Lupin riu e afastou um pouco o tronco, obrigando Black a se erguer. Este, por seu turno, tornou a levantar, sentando-se de borboleta em frente a Lupin desta vez.

— Vai, você começa — soltou num tom que beirava a rispidez.

— Começo o quê? — indagou Remus, verdadeiramente confuso.

— O duelo!

— Quê? Por quê?

— Porque eu comecei da última vez — explicou com certa impaciência.

— O que você começou, Six?

— O Duelo de Insultos, Remie — revirou os olhos. — Você é muito lerdo!

— Ah tá — respondeu Lupin, rindo.

— Não pode mais rir, eu já comecei — repreendeu Sirius.

— Droga — exclamou antes de puxar todo o ar que podia para os pulmões, se concentrando em ficar tão sério quanto seu amigo estava. — O Peter é mais engraçado que você!

— Você é o mais nerd dentre os Marotos — falou, sem parecer se afetar pelo que foi dito sobre si.

— E você é o Maroto mais irritante — implicou, claramente levando a brincadeira para o lado pessoal.

— Até as tuas cicatrizes são nerds — se apressou em retrucar.

— Até as tuas tatuagens são irritantes — devolveu.

Black fez uma pausa para pensar, mas manteve o olhar apertado na direção de Lupin. Ambos permaneciam incrivelmente sérios para dois Marotos.

— Você tem tanto bafo que parece que comeu um Feijãozinho sabor cocô — disse por fim, vendo Remus perder a postura para segurar o riso.

— Feijãozinho sabor cocô? — repetiu ele, arrancando gargalhadas dos dois.

Sirius deu de ombros e, no segundo seguinte, respirou fundo, vendo o amigo fazer o mesmo.  Não demorou para que estivessem sérios mais uma vez, permitindo que o duelo continuasse.

— O cabelo da Murta Que Geme é mais bonito que o teu — afirmou Lupin.

Black fez biquinho e espalmou a mão sobre o peito, exagerando uma reação de insulto.

— Jogou baixo, lobinho — disse num tom manhoso. — O Pirraça tem olhos mais bonitos que os teus!

Ao contrário de Sirius, Remus tentou disfarçar sua reação genuína de decepção. Curvou os lábios num sorriso ardil e falou calmamente:

— Tua perna é tão fina que às vezes eu a confundo com a minha varinha.

Black soltou um arzinho pelo nariz, mas logo adotou a seriedade outra vez, embora, neste instante, houvesse um quê de devaneio em sua fisionomia.

— Eu menti, você tem os olhos mais bonitos de Hogwarts. Até de Hogsmeade. De qualquer lugar, na verdade — inclinou seu corpo a favor de Lupin como se precisasse analisá-lo enquanto falava a 80km/h. — Você tem os olhos mais lindos que eu já vi em toda a minha vida, Remie, eu nem sei o nome dessa cor, mas ela é maravilhosa. E eles ficam perfeitos sob a luz do sol porque dá pra ver que tem um pouco de verde também. Verde é a minha cor favorita, sabia? Sei lá, acho que essa é a minha coisa favorita.

— Que... coisa? — perguntou Remus, que era lerdo demais para processar tanta informação de uma só vez.

— Ah, essa coisa que a gente tem...

O silêncio caiu sobre eles, mas isso estava longe de ser algo desconfortável. Sirius se ajeitou na cama de forma que pudesse usar as pernas do amigo como travesseiro e, quase que instantaneamente, recebeu um cafuné, seu coque se desfazendo como se não quisesse atrapalhar o carinho.

— É uma coisa, no mínimo, curiosa, eu diria — Black voltou a falar depois de um tempo. — Eu não consigo passar um minuto à toa com James que a gente já começa a aprontar, e com Peter, bem... acho que nunca nem cheguei a ficar à toa com ele. Mas às vezes tudo que eu quero é ficar matando tempo com você. Quer dizer, eu amo as aventuras dos Marotos, mas é tão calmo só deitar aqui contigo... a gente não precisa se esforçar para ser bom, você me entende?

— Entendo — ponderou Lupin. — É realmente intrigante... mas acho que essa é minha coisa favorita também.


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gostaru? deram risada?

este moment foi patrocinado pela tatá werneck, pois me inspirei em um quadro do lady night chamado "duelo de insultos".

entrando no random mode, já notaram que o feitiço "lumus" parece o nome de ship da lua com o remus? não que essa relação tóxica mereça, né, mas que parece, parece huahuaha.

PATRONUS ❪wolfstar❫Where stories live. Discover now