Mata Verde

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Me pego diariamente
Escrevendo sobre esse reencontro
Do teu corpo no meu
Do teu céu no meu breu
Da tua casa em meu lar

Meu inconsciente vaga
À procura das memórias
Das vidas passadas em que lhe vi
Do coração que deixei partir
E hoje, tão solene,
Volto pra mim.

Sou poeta novo,
Degustador de vinho barato
No clarão da madrugada
Enquanto escuta teu silêncio
E saboreia tuas palavras

Beber do teu gosto
Reverbera em meu sangue
Quem sou e quem quero ser.
Tu, flor que és,
Te tornastes minha própria vida
Meu fôlego, meu cais.

Aporto em ti sem nenhuma ressalva
Pois sei que é onde quero estar.
Não me tome o barco a vela
Com que vim até ti
Pois nem ele
Desejo mais usar pra fugir

Ilha, tão bela,
Esquecida entre arquipélagos imensos.
Meu paraíso desconhecido,
O qual quero apresentar ao mundo,
Mas com o medo de que lhe explorem
A mata viva que corre por ti.

Mulher-ilha, minha redoma de pureza
Dai-me um pouco da sua seiva
E me deixa mergulhar nos teus corais
Hora ou outra chega um novo navegante
Curioso, mas não destemido o bastante
E que assim permaneça, meu bem querer
Pois minha terra não quero que pereça.

Teus caules, galhos, entranhas da alma
Me encantam quando fazem me perder
O verde se torna a única vista
O amor se faz a minha volta
Eu deito, como criança, em teu chão
E me faço abrigo quando lhe protejo
E tu me faz só teu quando me escondes

Tenho hoje a ilha que sempre quis,
E nunca sonhei em desbravar nada mais
Que copos de whisky na mesa de bar.
Tenho aquilo que preciso
E até muito mais
Ouso eu, sem nem precisar falar.

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⏰ Last updated: May 20, 2022 ⏰

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