Capítulo 30

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Cecília

Eu nem sei como consegui forças para andar até dentro de casa, me sinto muito mal comigo mesma, com relação a Augusto também.

Fernanda assim que me vê percebe que algo aconteceu, eu só queria correr para abraçá-la e chorar, mas isso a deixaria preocupada e ela perguntaria o que aconteceu, porém eu não tenho vontade alguma de falar sobre isso no momento.

— Está tudo bem? — Nego, não tem porquê dizer que sim. — Quer conversar?

— Hoje não, vamos dormir Adam. — Meu pai não fala nada, fica apenas me olhando, queria tanto correr para seu colo e chorar, mas eu não posso, não agora, eles vão querer saber o que aconteceu e não estou pronta para essa conversa.

— Boa noite vovó e vovô. — Ele ganha um beijo dos dois e rumo ao quarto com meu filho. — Está triste mamãe? Cadê o tio Augusto? — Meu pequeno me conhece tão bem. Deito com ele e o abraço apertado, só preciso disso no momento.

— Vai ficar tudo bem, tem que ficar. — Falo a mim mesma, Adam faz carinho em meu cabelo e sorrio para meu pequeno.

— Tio Augusto fez algo? — Como pode ser tão especial assim meu Deus?

— Não querido. Mamãe quem fez tudo errado. — Adormecemos abraçados, acordo com o despertador do celular tocando, tiro Adam da cama, ele toma banho e eu o troco, ele sai atrás do avô e eu termino de me arrumar, desço para tomar café da manhã, encontro Beatriz no corredor, ela ia dizer algo, mas se cala quando percebe que não estou em um bom dia.

Tentei esconder o máximo possível com maquiagem, mas ainda assim é perceptível minhas olheiras, os olhos vermelhos pelo meu choro na hora do banho e a expressão de meu rosto entregam que não estou nada bem.

— Bom te ver, vai tomar café com a gente?

— Não, já estou de saída. — Ela me abraça e retribuo, depois ela se afasta e sai sem dizer nada, eu sei que Beatriz não é do tipo carinhosa e esse abraço me surpreendeu, mas fico contente dela ter deixado de lado sua apatia para me consolar. Chego na cozinha e meu pai e Fernanda param de conversar para me olhar, vejo que estão preocupados.

— Bom dia.

— Bom dia minha querida. — Me sento ao lado de Adam para comer, eles não dizem mais nada e agradeço mentalmente por isso.

Quando todos terminamos o desjejum pego a mochila de Adam e coloco em suas costas, meu pai pega as chaves do carro e começamos a sair da cozinha, porém Fernanda nos chama.

— O que foi meu amor?

— Carlos você leva o Adam à escola, depois pode ir à padaria, eu e Cecília vamos ficar e conversar, depois te encontramos. — Meu pai ia dizer algo, mas Fernanda apenas ergue a mão em sinal de pare, ele pega a mão de Adam e sai. — Sente aqui mocinha. — Ela aponta o local e a obedeço. Ela cruza os braços e fica em silêncio por um minuto. — E então?

— Então o que?

— Cecília me conte de uma vez o que aconteceu ontem! Não suporto te ver dessa forma! Seu pai quase foi atrás do Augusto para saber o que aconteceu.

— Que bom que não permitiu que ele fosse, eu iria morrer de vergonha se isso acontecesse.

— Me conte o que houve minha querida. — Ela se senta em minha frente e pega minhas mãos, seu olhar tem tanto amor e carinho, tenho vontade de chorar.

— Eu estraguei tudo Fernanda.

— Por que diz isso?

— Estávamos indo bem, ele disse que estava sentindo algo especial por mim, disse que queria fazer dar certo, que queria eu e Adam para sempre em sua vida. — Só de lembrar de suas palavras carinhosas meu coração se aperta e meus olhos se enchem d'água. Fernanda espera que eu continue o relato, respiro fundo para poder seguir contando. — Nos beijamos, meu corpo reagia a seu toque, eu achei que conseguiria, mas quando as mãos dele me tocaram por debaixo da blusa eu não consegui, eu entrei em pânico, senti medo, nojo, repulsa, não era ele quem eu via. Quando voltei ao normal eu estava com tanta vergonha, falei para ele desistir de mim, eu nunca vou conseguir ser uma mulher completa para ele, Augusto merece muito mais que isso, não merece uma mulher quebrada.

Trilogia Irmãos Guerra - Amor Além Do DNAOnde as histórias ganham vida. Descobre agora