Capítulo 29

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Augusto

Estou decidido, vou falar de meus sentimentos para Cecília hoje, não posso mais guardar nada, me sinto sufocado, preciso dizer a ela que estou me apaixonando e que quero fazer dar certo esse nosso relacionamento.

Vou buscá-la no horário combinado, quando a vejo perco até a fala por um momento, ela está linda, aliás ela sempre está linda, nunca vi Cecília de outra forma se não assim. Em casa ela brinca sobre eu ter feito o jantar, sorrio para seu jeito alegre, ela sempre consegue me arrancar um sorriso, a conversa com ela fluí de forma simples, é fácil falar de qualquer assunto com ela, até se estivéssemos falando sobre o tempo eu sei que seria uma conversa divertida.

Vejo que ela realmente gostou da comida, não sou o melhor dos cozinheiros, mas aprendi muita coisa com minha mãe, ela insistia em juntar eu e meus irmãos na cozinha e nos ensinar várias receitas. A maioria eu não aprendi, sei fazer o básico e assim não passar fome, Álvaro já sabe um pouco mais e Eduardo, bem, não tem nem o que falar em vista da profissão que ele escolheu. Embora a função dele seja administrar o restaurante, poderia muito bem estar na cozinha como chef.

Depois de organizarmos a cozinha partimos para a sala, coloco um filme qualquer para assistirmos. Fico pensando em qual seria o momento certo para começar a falar com ela. Não encontro esse momento, então na metade do filme apenas reúno coragem de uma vez e me viro para ela, é agora ou nunca.

— Cecília quero falar algo sério com você. — Ela fica me observando atentamente, acho que percebe que estou ansioso.

— Pode falar. — Parece pensar em algo e então dá de ombros mostrando que não se importa, acho que ela nem percebe que faz isso. Respiro fundo, lembro do que minha mãe disse sobre eu ser lerdo, acho que ela está certa. Resolvo falar logo de uma vez.

— Eu não sei como isso aconteceu, ou quando comecei a sentir, sei que me vi encantado demais por você, caramba parece loucura eu sei, nos conhecemos a pouco tempo, mas eu quero fazer dar certo isso que começamos, quero você e Adam em minha vida para sempre. Eu não esperava sentir isso novamente algum dia, mas você chegou em minha vida e nem pediu licença, foi simplesmente entrando e ficando. Eu quero que confie em mim, como eu já confio em você.

Ela fica surpresa com minhas palavras, disso tenho certeza, ela pisca repetidas vezes, sua boca se abre e fecha várias vezes, está óbvio que ela quer dizer algo e não consegue. Nem consigo acreditar que consegui falar, mas tenho muito mais coisas para dizer, então apenas continuo falando.

— Eu passei a gostar demais de você, de sua companhia, de seu jeitinho, eu não consigo mais me afastar. Vamos fazer dar certo? — Ela afirma com um movimento de cabeça, sem conseguir pronunciar uma única palavra, fico contente, esperava que ela dissesse algo, mas me basta esse aceno positivo, me mostra que ela está disposta a continuar comigo, se ela não sente o mesmo por mim eu com certeza vou me esforçar ao máximo para fazer com que sinta. Me aproximo dela que sorri.

Beijo o canto de sua boca demoradamente,  depois lhe dou um selinho e então tomo seus lábios para em um beijo cheio de carinho e paixão, não quero nunca ter que me afastar de Cecília, se antes eu tinha algumas dúvidas agora tenho absoluta certeza que me apaixonei por ela. Sinto que não vai demorar muito e vou estar a amando. É simples assim, como respirar, meus sentimentos nunca estiveram tão claros, nem mesmo tão intensos, Cecília conseguiu chegar onde mais ninguém conseguiria.

Cecília me deixa sem ar, eu mal consigo raciocinar, sei que estou indo por um caminho perigoso, não sei se ela esta sentindo o mesmo que eu. É surreal estar assim com ela, me sinto fora de mim, sinto meus dedos formigarem loucos para sentir a maciez de sua pele, minha boca implora pra sentir seu gosto, mas não irei forçar nada, quero que parte dela também.

Empurro Cecília levemente para trás até que ela esteja deitada no sofá e eu por cima de seu corpo, percebo que ela gosta, seu corpo reage ao meu toque e ela se arrepia, gosto de provocar isso nela, quero que ela me deseje, me queira tanto quanto eu a quero. Dou um leve aperto em sua cintura e ela sorri por entre meus lábios.

— Você tem noção do quanto é linda? — Me afasto levemente e a olho sorrindo e ela retribui, fica ainda mais bonita sorrindo, logo meus lábios tornam a sugar os seus, ela corresponde ao beijo a altura, se atreve a mover suas mãos que até o momento estavam paradas ao lado de seu corpo, ela as leva até meus cabelos e gosto do carinho que faz.

Minhas mãos que até o momento estavam em sua cintura começam a adentrar por debaixo da blusa dela, estou me torturando e tenho certeza disso, a cada toque sei que vai ficando ainda mais difícil parar. Então percebo que algo muda, seu olhar se torna outro, vejo medo e nojo, vejo seu corpo estremecer e ela me empurra com toda sua força, quase caio do sofá.

— Saí de perto de mim! Não me toque! — Fico assustado com sua reação.

— Cecília está tudo bem? — Ela fecha os olhos com força e quando os abre parece me enxergar, suas mãos estão tremem, vejo seus olhos marejar. Algo se rompeu dentro dela, vejo dor refletida em seu olhar e isso me quebra. — Hey, calma, eu não vou fazer nada que não queira. — Que frase mais inútil, isso foi tão cafajeste, não era isso que queria dizer, só que estou desnorteado em ver Cecília nesse estado.

— Me leva para casa, eu não consigo, não consigo. — Fico olhando para ela, não quero levá-la para casa nesse estado, quero conversar, entender o que aconteceu, quero esperar ela se acalmar.

— Cecília calma. — Tento me aproximar, mas ela se afasta. Meu Deus o que eu faço? Acabei de descobrir que odeio ver Cecília tão frágil, não parece em nada a mulher que conheci e que defendeu seu filho feito uma leoa, ela parece quebrada, fragilizada demais, temerosa e acho que um tanto envergonhada. — Se acalma, eu vou te levar para casa. — Tento falar com ela, quem sabe dizendo que a levarei ela se acalme?

— Eu não consigo, desiste de mim, é melhor. — Fico incrédulo com seu pedido, não vou aceitar isso de forma alguma.

— Eu vou fingir que não ouvi isso.

— Eu não consigo. — Ela sussura escondendo seu rosto por entre as mãos. Fico indignado, ela está desistindo de nós? Caramba o que pode ter acontecido para que ela tenha essa reação? Odeio ver ela desta forma, odeio não poder fazer nada, nem mesmo encontro as palavras para consolar ela. Ela fica repetindo que não consegue, está perdida em pensamentos e nada que eu disser no momento vai surtir efeito. Resolvo levá-la para casa e dar um tempo para que pense.
Vou lutar por Cecília, não importa o que ela diga, eu vou conquistar ela, vou ajudá-la.

— Vou te levar para casa. Venha. — Toco suas costas, ela me olha, fica me encarando por segundos, minutos talvez, não faço ideia.

— Desculpe, eu não consigo.

— Depois conversamos, vem, vou te levar. — Ela me acompanha, o caminho de volta é feito em silêncio, percebo que Cecília chora silenciosamente, meu coração se parte em vê-la desta forma e não poder fazer nada. Que droga, de que adianta a pessoa ser tão bem instruída se ela perde a fala e não encontra uma única palavra de consolo ao ver a pessoa de quem gosta se desesperar e se quebrar desta forma? — Chegamos.

— Obrigada. & Ela se vira para mim, ergo a mão com a intenção de limpar uma lágrima de seu rosto, mas paro no meio do caminho. — Desculpe. — Ela fecha os olhos com força, se vira e sai do carro. Fico uns minutos observando a casa e então vou embora.

Me sinto um inútil completo, nunca vou esquecer o olhar de Cecília, tinha um misto de emoções que nunca havia visto antes, medo, nojo, confusão, vergonha, arrependimento, tudo que mais queria era lhe abraçar e nunca mais soltar, mas não era o que ela queria. Quem saiba Fernanda e Carlos consigam ajudá-la. Mas eu não irei aceitar o que ela me pediu. Jamais irei desistir dela, não irei permitir isso. Irei lutar por ela até o fim.

Trilogia Irmãos Guerra - Amor Além Do DNADove le storie prendono vita. Scoprilo ora