Cíntia ( Livro 3, final )

Segredos

- Eu acho que as pessoas podem sim mudar... E tenho mais certeza ainda quando vejo essa mudança em você. - Falou Marcos ao telefone. Eu estava pronta pra dormir, e sempre faziamos ligações a noite.

- Acha que Ana me perdoou?

- Acredito que sim. Caso contrário, tenho certeza que ela não te receberia em sua casa.

- Tem razão...

Ficamos um instante em silêncio, escutando a respiração um do outro.

- Vai dá tudo certo tá?! - Falou ele. - Já já você irá reencontrar seu filho.

- Creio que sim...

Eu ainda tinha receio sobre tudo... Ana podia me perdoar, mais Fernando não era como ela. Fernando era um pouco cabeça dura, principalmente em assuntos relacionados a seus filhos.
Desde o nascimento de Amanda, ele sempre mostrou ser um pai protetor. As vezes até passava um pouco do limite, fazendo os gosto das crianças... Certo dia, Amanda chegou da escola chorando por ter ficado de castigo, ele foi consolar ela sem antes saber do motivo... Ela tinha brigado com uma amiguinha por causa de uma boneca, e acabou batendo na colega. A professora colocou ela de castigo, e ela chegou em casa chorando. Isso era uma das coisas que acontecia normalmente... E as vezes brigávamos por isso, por coisas simples.
Colocar a vida da filha de Fernando e Ana em perigo, sem dúvida é algo que nunca será perdoado. Tenho certeza que ele jamais vai dá o braço a torcer pra mim, em relação ao Lucas. Mais ele ia ter muita dor de cabeça, porque eu também não ia desistir tão fácil do meu filho. Nem que eu precisasse fazer coisas absurdas como já havia feito, mais eu não ia parar no caminho... Jamais!

- Vocês são sem dúvida o casal mais fofo que eu já vi. - Falou Duda enquanto lavava uma maçã pra comer. Era nossa folga, o restaurante fechava as terças. Mais naquele dia, estávamos todos lá pra dá uma organizada em tudo. Resumindo... Uma faxina!
Normalmente seu Alencar pagava alguém pra fazer esse trabalho, mais a mulher que cuidava de tudo acabou sofrendo um pequeno acidente.
Então eu, Marcos, Duda, e Josué. Ficamos com essa tarefa... Não toda semana, lógico! Combinamos pra quatro funcionários diferentes fazer esse pequeno trabalho por fora, e lógico que ia receber um acréscimo ao salário.
Não sei os outros, mais pra mim essa ajuda seria muito bem vinda.

- Você exagera as vezes Duda. Não precisa ser tão melosa. - Falou Marcos dando um peteleco na cabeça dela enquanto passava com a vassoura.

- Aí... Você é tão insensivel.

- Acho melhor vocês terminar o serviço logo, se não... Não vai dá tempo do chefe preparar uma comida pra gente. - Falou Josué enquanto saía da cozinha.

- Tem razão. - Falei me levantando da cadeira. - Ainda tem muita coisa pra fazer.

- Pela lógica, era vocês que m deveria preparar a comida pra mim né? Já cozinho aqui todos os dias. - Falou Marcos rindo.

A minha vida não era mais a mesma, meus amigos não era mais os mesmo. Eu praticamente não tinha mais familiares... Mais eu estava me sentindo feliz, bem. E pra mim conseguir se sentir realizada, eu só precisava de uma única coisa... "Meus filhos."

Já tínhamos terminado de arrumar tudo. Marcos havia feito um prato especial só pra nós quatro... Diferente dos outros dias, não estávamos jantando na cozinha. E sim, onde os clientes jantavam.

- É estranho jantar aqui com esse silêncio todo. - Falou Duda enquanto se servia.

- Não acho estranho, eu chamo isso de paz... - Respondeu Josué.

- É diferente, só nos quatro. Mais um diferente bom! - Respondi.

Duda estava lavando os pratos depois que teminamos, e eu enxugando enquanto Josué guardava.
Marcos estava verificando o armário de comida, olhando se faltava comprar algo pro dia seguinte... Foi quando Alencar apareceu na porta da cozinha.