Pratos E Talheres

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Era noite, e eu havia resolvido da uma caminhada pela rua. O clima estava frio e um pouco nublado. Comecei a correr e escutei uma voz de criança...
- Mamãe...
Parei no mesmo instante e virei pra trás, mais não havia ninguém. Comecei a andar devagar pelo lado oposto que eu estava indo e de repente Lucas apareceu na calçada. Sorrindo pra mim. Acelerei os passos e corri até ele pra abraçá-lo... Mais quanto mais eu corria, mais longe de mim ele ficava. Ele não saia do lugar, mais ficava cada vez mais longe de mim.
- FILHO... - Gritei enquanto tentava correr e correr, mais eu não saía de onde estava.

Dei um pulo da cama e então acordei... Eu estava suada e ofegante. Me sentei agarrando meus joelhos e comecei a chorar...
Eu não consegui mais dormir depois daquele sonho, e fiquei vagando pela casa...

Estava perto de escurecer, e também no horário deu ir pro restaurante fazer a experiência. Eu tinha que dá o meu melhor pra conseguir o emprego.

Me arrumei toda e fui em frente.

- Essa é a Duda. - Falou seu Alencar. - Ela fica na recepção ajudando os clientes a ir até a mesa que eles reservaram. Ela é irmã do dono do restaurante, e qualquer coisa que precisar pode contar com ela.

- Seja bem vinda Cíntia, e espero que fique conosco. - Respondeu ela sorrindo.
Duda era apenas uma menina, pela sua aparência, ela não devia ter mais de vinte anos. Ela era linda e encantadora, seus cabelos curtos e loiros. E seus olhos verdes.

- Muito obrigada, é um prazer te conhecer. - Respondi sorrindo.

Alencar me levou até a cozinha. A cozinha era enorme! Havia vários balcões e em cada um deles muitos cozinheiros, cortando legumes, outros mexendo panela no fogo. O cheiro da cozinha dava água na boca.

- Infelizmente não vou poder te apresentar todo mundo

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- Infelizmente não vou poder te apresentar todo mundo. Pois já estamos perto de abrir o restaurante, mais vou apresentar você a eles... ATENÇÃO AQUI.

Todos os cozinheiros olharam pra Alencar.

- Essa aqui é a Cíntia. Ela vai fazer uma experiência hoje... Quero que ajude ela a entender todo o processo da cozinha, a função de início será dá suporte a vocês. Quero o trabalho em equipe como sempre.

Todo mundo concordou com a cabeça e em seguida voltarem pro que estava fazendo.

- Marcos? - Chamou Alencar.

Um homem alto e com aparência muito bonita se aproximou da gente.

- Esse é o Marcos, o chef de cozinha. Ele quem manda em tudo na cozinha, e ficará responsável por você.

- Bem vinda Cíntia, pronta pro trabalho? - Perguntou ele sorrindo.

- Claro... - Respondi também sorrindo, mais com um frio na barriga.

Alencar me deixou com o pessoal da cozinha, e em seguida foi embora.

- Aos pouquinhos você vai conhecendo o pessoal. Vou pedir que corte alguns legumes com o Pietro. - Andamos até o fundo da cozinha, onde tinha um homem um pouco mais velho cortando algumas coisas. - Pietro, ela irá te ajudar aqui. Já já eu volto pra analisar.

Marcos me deixou sozinha com o senhorzinho.

Ele não trocou nenhuma palavra comigo, apenas me entregou uma faca para que eu contasse.

Não sei quanto tempo passou, mais contamos tanta coisa. E quando achei que havia acabado, alguém colocava mais coisas pra gente cortar e descascar.

- Cíntia? - Chamou Marcos do outro lado da cozinha. - Quero que venha aqui.

Coloquei a faca no balcão, e lavei as mãos antes de ir até ele.

- Você pode lavar a louça? - Perguntou ele.

- Claro... - Respondi já começando a lavar. E agradecendo por aquilo, as minhas mãos já estavam doendo de tanto corta verduras.

Lavei muitos e muitos pratos. Minhas pernas estavam doendo tanto de ficar em pé. Não nos sentamos por nenhum minuto, a não ser quando me levaram um lanche pra mim comer.
Pra ser sincera, eu estava odiando tudo aquilo. Era diferente dos trabalhos que já trabalhei... E que saudade de atender pacientes!

A cozinha era muito agitada, bem diferente do restaurante pela outra parte... Clientes jantando com músicas clássica tocando, e eu estava do outro lado. Na cozinha que não parava um segundo.
O chef Marcos ficava sempre chamando a atenção de algum cozinheiro, por ter colocado sal demais em alguma comida, por ter esquecido algum tempero. E também por demorar demais pra ajeitar os pratos dos clientes.
Era tanta gente, tanta agonia, que eu estava me segurando pra não pedir pra sair naquele momento.

Já era mais de meia noite, o restaurante já havia fechado e alguns funcionários já tinha ido embora.
Eu ainda estava limpando a cozinha, já havia lavado toda a louça daquele momento e estava enxugando.

O chef Marcos estava na cozinha com um cozinheira anotando algumas coisas que precisaria comprar pro dia seguinte.

- O que achou de hoje? - Me virei pra trás e Alencar estava se aproximando de mim.

- Um pouco puxado, mais nada pra reclamar. - Respondi sorrindo.

- Podemos conversar? - Perguntou ele.

- Claro.

Acompanhei ele até a saída da cozinha, quando Marcos chamou ele.

- Alencar, o sr já está indo?

- Não não. Vou conversar com Cíntia.

- Bom, antes de ir precisamos conversar sobre as compras de amanhã. - Falou Marcos do outro lado da cozinha.

- Estarei no escritório com ela, volto rápido e resolvemos tudo.

Alencar me levou até seu escritório, que ficava logo na entrada do restaurante.
Era um escritório grande e bem arrumado. Havia uma mesa com um computador, uma máquina de café ao lado e o ar condicionado ligado.

Ele se sentou do outro lado da mesa e pediu que eu sentasse na cadeira do outro lado a sua frente. Ficamos frente à frente e então ele perguntou se eu ia aceitar ou não o emprego.

- O primeiro dia é sempre o mais difícil, mais com o passar dos tempos você pega a prática e se acostuma. Estamos precisando muito de ajuda na cozinha como você percebeu, amanhã farei entrevista com mais duas meninas, queremos aumentar o número de funcionários. Mais o que me diz Cíntia, vai aceitar essa vaga?

Alencar não havia me falado se o trabalho seria de carteira assinada, e se ele se aprofundasse mais na minha vida, iria descobrir que eu era uma ex presidiária.

- Quanto irei receber? E em relação ao horário, será o mesmo que eu vim hoje?

- Sim, o restaurante só é aberto a noite. Você tem direito a uma folga na semana, nós trabalhamos nos feriados, mais pagamos a mais nesses dias. O valor é um salário mínimo, e caso você mostre um bom desempenho, podemos trocá-la de função, e quem sabe ficar na gerência ou no atendimento aqui fora.

Isso me fez sorrir. Eu não queria ficar naquela cozinha, não mesmo. Se eu tivesse mais paciência podia fazer um trabalho mais leve ali, e ainda sair ganhando bem mais. Ele não sabia sobre meu passado, e estava difícil eu arrumar um emprego em outro lugar. Ali era como se fosse minha única opção no momento.

- Eu aceito! - Respondi sorrindo.

Cíntia ( Livro 3, final ) Where stories live. Discover now