Paz

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Não fizemos sexo durante a noite. Tinha sido tudo simples e perfeito... Jantamos, conversamos enquanto bebíamos um vinho, e depois ele dormiu comigo. Tudo simples e nada forçado.

Eu queria ir pra cama com ele, mais naquele momento não era bem o que eu queria... Meu dia tinha sido péssimo, eu precisava resolver meu problema com Alencar antes de abrir caminho pra Marcos. Ele era um cara incrível que eu queria deixar na minha vida, mais também não queria mágoar ele.

Acordei mais cedo e preparei o café da manhã enquanto ele ainda dormia. Marcos tinha feito todo o jantar na noite anterior, mesmo depois de passar a noite cozinhando no restaurante. Eu tinha que agradá-lo também.

- Parece que alguém caiu da cama. - Falou ele quando chegou na cozinha, se aproximou de mim e me deu um beijo no pescoço enquanto eu fritava os ovos.

- Não exatamente. - Falei rindo. - Bom dia!

- Bom dia! - Respondeu ele sorrindo enquanto se sentava na cadeira da mesa.

- Fiz suco e também tem café. Pães biscoitos e ovos... - Falei enquanto colocava a frigideira na mesa.

Tomamos café juntos e conversamos bastante. Até chegarmos no assunto sobre meus filhos... Marcos falava tudo de uma forma leve, e isso me deixava mais a vontade.

- Quais os planos? Pra conseguir as crianças de volta? Acha que é possível?

Ele tinha se levantado e tava colocando os talheres sujos na pia, enquanto eu guardava as coisas.

- Não verdade não sei ainda... Parece impossível, mais eu não vou desistir. São meus filhos.

- É isso que admiro em você. E se tiver algo que eu possa fazer pra ajudar, é só me falar.

Pensei sobre o dinheiro que o juiz pediu pra passar a guarda pra mim. Seria inconveniente falar sobre isso pra Marcos? Talvez sim, eu não podia me abrir tanto, ele podia descobrir sobre as chantagens que Alencar estava fazendo comigo, e eu não queria colocar ele em problemas.

- Obrigada por isso... É bom saber que posso contar com alguém.

- Vou tomar um banho no seu banheiro e partir, tenho que fazer algumas compras pro restaurante.

- Fica a vontade. Posso te levar, você deixou o carro lembra?

- Posso ir andando, ou pego um mototáxi. Não é tão longe assim.

- Nada disso, eu faço questão!

Enquanto Marcos foi tomar um banho, fiquei terminando de ajeitar a cozinha. Tirei o lixo e fui colocar lá fora, assim que coloquei fora um carro parou na frente da minha casa.
Era Italo...

- Bom dia. - Falou ele descendo do carro.

- Bom dia, o que faz aqui tão cedo? - Perguntei.

- Precisamos ter uma conversa séria Cíntia. - Falou ele enquanto travava o carro.

- Amanda está bem? - Perguntei já me preocupando.

- Sim sim... Não é sobre ela que vim falar.

- Então?

- Posso entrar? - Perguntou ele.

Marcos estava lá dentro, eu não sei se seria uma boa ideia. Italo tinha transado comigo a menos de uma semana, Marcos tinha se declarado pra mim na noite passada. Eu não queria estragar tudo, Marcos pensaria mal de mim.

- Acho que agora não é o momento. - Falei.

- Quanto antes melhor, não quero adiar essa conversa.

- Italo... É que...

Tarde demais, antes de falar algo, Marcos apareceu atrás de mim.

Itálo olhou com um olhar surpresa, mais não furioso. E Marcos parecia desconfiado.

- Marcos, esse é Italo. O pai da minha filha... E Italo, esse é o Marcos.

- Prazer em conhecê-lo. - Falou Marcos estendendo a mão. Italo apertou mais não disse nada.

- Creio que vocês querem conversar, eu já estou de saída.

- Eu vou te levar... - Falei olhando pra ele.

- Não precisa, de verdade. - Respondeu ele sorrindo. - Te vejo a noite?

- Sim. - Respondi sorrindo.

Marcos me deu um abraço forte e saiu se despedindo da gente.

- Vamos conversar logo... - Falei abrindo espaço pra Italo entrar.

Servi uma xícara de café pra ele e nós sentamos no sofá, estávamos frente a frente.

- Não sabia que estava saindo com alguém. - Falou ele enquanto bebia o café e me olhava com atenção.

- Bom... Não estamos saindo... Quer dizer...

- Não precisa me dá satisfação. - Respondeu ele rindo. - Fico feliz por você, de verdade.

Eu não sabia se ele tava falando sério ou não. Há poucos dias tivemos relação sexual, e no fundo eu ainda sentia algo por Itálo, ele tinha sido meu amor de verdade. Até mais do que Fernando...

- O que veio falar comigo? É sobre Amanda? Ela está bem?

- Ela está ótima. Mais não é dela que vim falar...

Ele colocou a xícara sobre o centro de vidro que tinha a frente do sofá e olhou novamente pra mim.

- É estranho como as nossas vidas mudaram depois de tanto tempo. Eu planejava uma vida com você, um futuro... Você escolheu Fernando e não eu. Isso me magoou muito no passado, posso dizer que foi bem difícil superar ser trocado pelo seu melhor amigo por causa que ele ia ser um advogado ou coisa do tipo.

- Nós já conversamos sobre isso... Creio que desculpas não será o suficiente, mais o que você quer? - Perguntei com um pouco de receio.

- Bom... Toda essa bagunça na vida da gente, na minha na sua e na de Fernando. Foi tudo consequência dos seus atos... E você colocou Amanda no meio, fingindo pra ela que ele era o pai, e não eu...

- Itálo. Eu sei que errei, mas...

- Eu ainda não terminei. - Falou ele me interrompendo. - Não tem como vkce voltar atrás e concertar tudo isso, ou fazer diferente. Confesso que você ainda mexe comigo, mais de uma forma diferente do passado.
Não sei se foi euforia ou o calor do momento, mais eu não quero que aconteça outra relação sexual com a gente... O que tô querendo dizer é que minha vida está perfeita como está, tá tudo correndo muito bem, ainda mais com a chegada de Amanda.
Ainda te admiro Cintia, você é uma mulher incrível, só um pouco complicada... Mais creio que isso vai mudar, e posso vê essa mudança acontecendo.

Sorri enquanto ele falava. Itálo tinha sido importante na minha vida, eu ainda o amava... Mais de uma forma diferente agora. Acho que como amigos, ele é o pai de Amanda e vou sempre ter um carinho por ele.

- Quando casei com minha esposa, resolvi tirar você da minha cabeça... Ela é uma mulher incrível, e sabia sobre a gente. Nunca escondi nada dela naquela época, e não quero mágoa - lá.

- Não precisa se preocupar com isso... Não vai mais acontecer aquilo. Mais não quero que fique um clima estranho entre a gente, você é o pai da minha filha. Precisamos estar em harmonia por ela.

- Você tem toda razão. - Falou ele sorrindo e se levantando. - Então você me entende né?

Concordei com a cabeça.

- Acho que as coisas vão começar a se resolver. Bom... Eu ainda não sei como, mais acredito que vão. - Falei enquanto ele me abraçava.

Cíntia ( Livro 3, final ) Onde histórias criam vida. Descubra agora