Jaquetas em ré maior

1.3K 211 204
                                    

É sexta-feira

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

É sexta-feira. Dia de ensaio.

Jongin estaciona o Volkswagen amarelo na rua de paralelepípedos em frente à casa de Chanyeol. O carro treme e ronca quando desliga, a playlist de indie rock para de tocar e eles soltam o cinto de segurança.

É engraçado o quanto a cena já parece familiar.

Kyungsoo de pernas esticadas no banco do carona, vestindo sua melhor camiseta listrada e apoiado contra a janela aberta, como um garoto saído dos anos 1970. Por algum motivo, ele veio o caminho todo sorrindo para si mesmo no retrovisor lateral. Aquele Kyungsoo tristonho que deitou em seu ombro dias atrás parece nunca ter existido.

Jongin não consegue imaginar ninguém diferente sentado ali.

— O que seus amigos querem comigo? — Kyungsoo questiona, batendo o pé direito como faz toda vez que fica nervoso.

Sooyoung ligou na noite passada pedindo que convidasse seu namorado para o ensaio, mas o motivo continua sendo uma incógnita.

— Não sei... Mas eu tenho a impressão de que a Sooyoung tá aprontando alguma coisa — ele pondera, segurando firme no volante com a mão direita como se ainda estivessem na estrada. — Ela está sempre aprontando alguma coisa.

Kyungsoo checa seu relógio de pulso.

— Ainda dá tempo de terminarmos de forma amigável e eu voltar andando pra casa.

— Ou — Jongin sugere com um sorriso divertido — talvez meus amigos só queiram te conhecer melhor. Sabe como é, foi difícil se aproximar da última vez, com você fazendo todo aquele esforço para odiar a nossa música e tal.

Ele ergue uma das sobrancelhas grossas.

— Então eu só preciso sentar lá e fingir que vocês são bons?

E lá estão eles de novo. Os comentários cínicos de Do Kyungsoo. No começo, foi difícil perceber que eles não eram puramente maldosos, mas uma defesa natural para se proteger do mundo. É diferente agora. Dessa vez, Kyungsoo diz todas aquelas coisas sorrindo.

Jongin responde no mesmo tom:

— Sim, como um bom namorado faria.

Ele encolhe os ombros e afunda no banco.

— É bom caprichar, então. Quem sabe? Talvez eu até vire fã da banda.

Se não conhecesse Kyungsoo tão bem, acharia que ele estava flertando.

— Não esquenta, meu fã número um. — Jongin segura o tecido da própria roupa como se estivesse se abanando. — Vou jogar minhas camisetas suadas só pra você.

Em vez de mais uma rodada de comentários cínicos e supercriativos, recebe apenas um silêncio súbito. Kyungsoo costumava ter sempre uma resposta esperta na ponta da língua. Talvez esteja perdendo a prática.

Amor em Quatro AcordesWhere stories live. Discover now