CAPÍTULO QUARENTA E SETE

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Eram muitas casas construídas de todos os jeitos. Nem todas estavam em mal estado, algumas até tinham um certo charme. Também não havia qualquer planejamento nas ruas e em alguns momentos eu acreditava que o carro não fosse passar, de tão estreitas que as ruas eram.

Muitas pessoas caminhavam para todos os lados, mesmo já sendo tarde da noite. E tudo me pareceu explicável quando um som alto de funk logo podia ser ouvido conforme prosseguíamos.

- Atílio, pare bem na porta do Ginásio. Eu vou mostrar quem manda nessa p*orra de Morro.

- Sim, Senhor!

Marcos desceu e deu com o pé na porta de metal. Ele estava com a  metralhadora pendurada no corpo. Algumas pessoas que bebiam e fumavam na porta saíram correndo, já imaginando que o pior poderia acontecer.

- Ele vai atirar nas pessoas, Mierra? - Perguntei aflita!

- Não sei, Sam! Ele é um traficante! Não me admira - desdenhava ela.

- Não irá, senhoras. Senhor Marcos é um bom homem. Ele só vai assustar e acabar com a bagunça;

Dito e feito: após alguns gritos, Marcos apontou a metralhadora para o alto e fez inúmeros disparos. Foi o suficiente para a música alta parar e a multidão sair correndo em todas as direções, feito formigas.

Pela janela avistei Marcos pegando um cara pelo pescoço e dando um tapa. Fechei os olhos pensando que ele mataria o rapaz. 

- Não foi combinado com a associação de moradores da comunidade, então não teria por que fazer o baile, caralh*o!!! - Gritava Marcos.

O rapaz não disse nada. Apenas manteve a cabeça baixa.

Ofegante, Marcos voltou para o carro.

- Desculpem. Eu odeio ter que ser assim, mas se eu for mole, outro vem e toma o poder. Depois dou um jeito de me desculpar com esse menino. Foi o primeiro que encontrei no caminho para dar demonstração de força!

- Eu não me importo com o que fez. Você é um bandido! Não tem nada de certo que você faça.

- Atílio, destrave a porta de novo.

Marcos desceu e pegou as duas bolsas pesadas de Mierra.  

- O que vocÊ está fazendo, Marcos? Nessas malas tem roupas muito caras, seriam capazes de comprar todo o p*ó que você vende nessa drog*a de morro - Mierra desceu atrás do ex marido - Marcos , aí tem roupa da Gucci, Prada, perfumes importados. Devolva isso, pelo amor de Deus!

Sem ouvi-la, ele continuou até a porta do ginásio.

- Tainha, tá vendo essas malas aqui? Vai lá na casa da dona Odalina e diga que é um presente do dono do Morro. Vou adorar vê-la vestindo Prada pela comunidade. Imagina que maneiro? Os caras lá do Alemão vão pirar de inveja.

- Marcos, devolva isso. Não vai doar a ninguém!- Como não a obedecia, Mierra gritou - Sardinha.. Tainha, sei lá. Se fizer isso eu prendo você!

O garoto segurava as malas sem entender.  Não sabia a que ordem acatar.

- VocÊ tá maluca de dizer isso aqui? Quer morrer, Mierra? - Disse Marcos - E se pegar as malas de volta eu deixo você aí sozinha.

- Não teria coragem!

- Ah não? Então tente, Mierra. Atílio, vamos!

Mierra ficou parada um tempo, revoltada. Quando viu que não tinha o que fazer, entrou no carro e manteve-se emburrada até chegarmos a casa de Marcos.

Era melhor do que eu imaginava. De fato pensei que seria um barraco. Era em uma rua bem iluminada e tranquila, diferente do que vi antes de chegarmos ali. 

- Esse é o quarto de vocês duas. Já pedi pras empregadas deixarem tudo certinho. Amanhã eu volto.

- Você não mora aqui? - Indagou Mierra.

- Não te interessa! - Disse ele nos dando as costas.

- Ignorante! Ainda bem. Vai embora mesmo!!!!!

Marcos bateu a porta com força e eu meio que queria rir daquilo tudo.

- Ai, Sam, desculpa. Ou era isso ou estaríamos em risco lá na minha casa. Se fosse somente eu, jamais teria aceitado vir. Porém, com você eu não poderia arriscar.

- Está tudo bem, amiga. Foi o melhor mesmo! Eu que agradeço. Por falar nisso,  queria te pedir uma coisa.

- Claro. o que deseja?

Pensava por alguns segundos antes de falar.

- Será que em algum momento você poderia me ensinar a atirar? Não do zero, pois já tenho alguma noção. Mas pra me fazer ficar melhor, entende?

- Atirar? Mas pra quê, Sam? Atirar não é brincadeira.

- Ensinaria ou não?

- Posso tentar, ué. Vejo com Marcos. Deve haver algum lugar aqui que dê pra te ensinar... Mas não acho seguro.

Eu já estava me cansando de ser a mocinha indefesa que  via tudo acontecer diante dos seus olhos sem poder fazer nada. Já era mais que o momento de agir feito a dona da minha própria vida. Seria olho por olho e dente por dente. Se Caleb queria me matar, talvez eu devesse dificultar o trabalho dele um pouquinho ou quem sabe até...



APAIXONADA PELO MEU ASSASSINO?Where stories live. Discover now