Eram muitas casas construídas de todos os jeitos. Nem todas estavam em mal estado, algumas até tinham um certo charme. Também não havia qualquer planejamento nas ruas e em alguns momentos eu acreditava que o carro não fosse passar, de tão estreitas que as ruas eram.
Muitas pessoas caminhavam para todos os lados, mesmo já sendo tarde da noite. E tudo me pareceu explicável quando um som alto de funk logo podia ser ouvido conforme prosseguíamos.
- Atílio, pare bem na porta do Ginásio. Eu vou mostrar quem manda nessa p*orra de Morro.
- Sim, Senhor!
Marcos desceu e deu com o pé na porta de metal. Ele estava com a metralhadora pendurada no corpo. Algumas pessoas que bebiam e fumavam na porta saíram correndo, já imaginando que o pior poderia acontecer.
- Ele vai atirar nas pessoas, Mierra? - Perguntei aflita!
- Não sei, Sam! Ele é um traficante! Não me admira - desdenhava ela.
- Não irá, senhoras. Senhor Marcos é um bom homem. Ele só vai assustar e acabar com a bagunça;
Dito e feito: após alguns gritos, Marcos apontou a metralhadora para o alto e fez inúmeros disparos. Foi o suficiente para a música alta parar e a multidão sair correndo em todas as direções, feito formigas.
Pela janela avistei Marcos pegando um cara pelo pescoço e dando um tapa. Fechei os olhos pensando que ele mataria o rapaz.
- Não foi combinado com a associação de moradores da comunidade, então não teria por que fazer o baile, caralh*o!!! - Gritava Marcos.
O rapaz não disse nada. Apenas manteve a cabeça baixa.
Ofegante, Marcos voltou para o carro.
- Desculpem. Eu odeio ter que ser assim, mas se eu for mole, outro vem e toma o poder. Depois dou um jeito de me desculpar com esse menino. Foi o primeiro que encontrei no caminho para dar demonstração de força!
- Eu não me importo com o que fez. Você é um bandido! Não tem nada de certo que você faça.
- Atílio, destrave a porta de novo.
Marcos desceu e pegou as duas bolsas pesadas de Mierra.
- O que vocÊ está fazendo, Marcos? Nessas malas tem roupas muito caras, seriam capazes de comprar todo o p*ó que você vende nessa drog*a de morro - Mierra desceu atrás do ex marido - Marcos , aí tem roupa da Gucci, Prada, perfumes importados. Devolva isso, pelo amor de Deus!
Sem ouvi-la, ele continuou até a porta do ginásio.
- Tainha, tá vendo essas malas aqui? Vai lá na casa da dona Odalina e diga que é um presente do dono do Morro. Vou adorar vê-la vestindo Prada pela comunidade. Imagina que maneiro? Os caras lá do Alemão vão pirar de inveja.
- Marcos, devolva isso. Não vai doar a ninguém!- Como não a obedecia, Mierra gritou - Sardinha.. Tainha, sei lá. Se fizer isso eu prendo você!
O garoto segurava as malas sem entender. Não sabia a que ordem acatar.
- VocÊ tá maluca de dizer isso aqui? Quer morrer, Mierra? - Disse Marcos - E se pegar as malas de volta eu deixo você aí sozinha.
- Não teria coragem!
- Ah não? Então tente, Mierra. Atílio, vamos!
Mierra ficou parada um tempo, revoltada. Quando viu que não tinha o que fazer, entrou no carro e manteve-se emburrada até chegarmos a casa de Marcos.
Era melhor do que eu imaginava. De fato pensei que seria um barraco. Era em uma rua bem iluminada e tranquila, diferente do que vi antes de chegarmos ali.
- Esse é o quarto de vocês duas. Já pedi pras empregadas deixarem tudo certinho. Amanhã eu volto.
- Você não mora aqui? - Indagou Mierra.
- Não te interessa! - Disse ele nos dando as costas.
- Ignorante! Ainda bem. Vai embora mesmo!!!!!
Marcos bateu a porta com força e eu meio que queria rir daquilo tudo.
- Ai, Sam, desculpa. Ou era isso ou estaríamos em risco lá na minha casa. Se fosse somente eu, jamais teria aceitado vir. Porém, com você eu não poderia arriscar.
- Está tudo bem, amiga. Foi o melhor mesmo! Eu que agradeço. Por falar nisso, queria te pedir uma coisa.
- Claro. o que deseja?
Pensava por alguns segundos antes de falar.
- Será que em algum momento você poderia me ensinar a atirar? Não do zero, pois já tenho alguma noção. Mas pra me fazer ficar melhor, entende?
- Atirar? Mas pra quê, Sam? Atirar não é brincadeira.
- Ensinaria ou não?
- Posso tentar, ué. Vejo com Marcos. Deve haver algum lugar aqui que dê pra te ensinar... Mas não acho seguro.
Eu já estava me cansando de ser a mocinha indefesa que via tudo acontecer diante dos seus olhos sem poder fazer nada. Já era mais que o momento de agir feito a dona da minha própria vida. Seria olho por olho e dente por dente. Se Caleb queria me matar, talvez eu devesse dificultar o trabalho dele um pouquinho ou quem sabe até...
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APAIXONADA PELO MEU ASSASSINO?
Mystery / ThrillerApós ser traída e abandonada pelo marido, Samantha se vê na rua da amargura. Contudo, ao descobrir segredos sobre corrupção em sua cidade, passa a ser caçada por um assassino de aluguel. De dona de casa a alvo de bandido, quem nunca? 🥇🥇HÁ DEZESSEI...
CAPÍTULO QUARENTA E SETE
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