CAPÍTULO QUARENTA E SETE

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- Baile? Mas eu autorizei baile na favela hoje? -Marcos estava irritado ao mesmo tempo que foi para o fundo do carro e ergueu um assento do banco que devia ter fundo falso.

- Achei que soubesse. Acabei de saber também, senhor!

- Tudo bem , Atilio. Primeiro vamos cuidar desse verme que está nos seguindo e depois eu acabo com essa palhaçada lã no morro. - Marcos dizia enquanto pegava a arma que julguei ser uma metralhadora.

- Acho que você precisa manter a calma, Marcos. Nós nem sabemos se de fato estão seguindo a gente. - Protestou Mierra.

- E esperar que nos abordem? Isso aqui é Rio de Janeiro, Mierra, e não aquela casa cheia de frufru em que você vive. O que quer fazer? Parar o carro e convidar quem está seguindo a gente para um chá das cinco?

- Dane-se, seu grosso. Faça o que bem quiser. Contanto que não nos coloque em perigo.

Me abracei a Mierra quando Marcos pediu a Atílio para baixar o vidro. Ele estava se certificando se a distância era boa para provavelmente atirar.

- Atílio, reduza um pouco a velocidade e deixe que ele alcance a gente. 

- Certo, senhor!

Minha cabeça era um misto de sentimentos e uma verdadeira montanha Russa. Uma hora eu sentia medo. Medo de que os assassinos nos pegassem e fizessem merd*a comigo. Em seguida eu ficava indiferente, talvez até desejando morrer de vez. Só que aquele sentimento que começava a surgir era um tanto novo ou que pouco costumava surgir: ódio. Ódio e raiva, eu nem sabia distinguir.

Que mal eu havia feito a alguém para merecer aquilo? Por que Roger, Caleb e qualquer homem que fosse agiam feito reis, ditando regras, iludindo pessoas e brincando com os sentimentos delas? 

Era isso que eu começava a sentir por Caleb: ódio, rancor e sentimento de vingança. Se eu tivesse uma única chance de acabar com ele, acho que naquele momento eu faria sem pestanejar. Tanto ele quanto Roger. Talvez mais Caleb, e eu não saberia explicar por quê, mas me vingaria.

- Meninas, tapem os ouvidos que o safari vai começar - Marcos tinha um olho fechado enquanto mantinha a arma engatilhada, esperando o momento certo de atirar- Peça perdão aos seus pecados, seu imbecil - murmurou.

Uma sequência de estalos agudos e iluminados fez eu tapar os ouvidos com força. Quando cessou, meu impulso foi de curiosidade e olhar para trás. Marcos havia acertado em cheio, já que o carro que supostamente nos seguia, perdeu a direção rapidamente, batendo no meio-fio. Com o impacto o carro ergueu a traseira e impulsionou-se pra frente, tomando uma altura suficiente para que capotasse três ou quatro vezes.

- Uhul, pegamos eles! - Comemorava Marcos como se estivesse jogando um jogo de video-game.

Mierra revirou os olhos.

- O senhor continua o melhor! - Atílio ria satisfeito - Acho que agora podemos seguir em paz!


Passamos por uma área poluída próximo a um lugar chamado Ilha do Fundão, onde se localizava uma universidade federal. Em seguida pegamos um elevado que dava acesso a falada Ilha do Governador.

Em pouco tempo passávamos por algumas barricadas e era possível ver homens sem camisa armados de fuzil fazendo a segurança na entrada do Morro. Atílio acendeu a luz dentro do carro e ordenou passagem , alegando que estava com o chefe. Marcos abaixou o vidro e mandou que saíssem da frente.

- Pelo menos eu trato meus empregados melhor! - Mierra estava ainda altiva e resistente.

- Que peninha desses caras. Cada um já deve ter matado mais de vinte. Quando for embora posso falar pra eles mandarem um currículo pra sua casa... - disse Marcos irônico.

APAIXONADA PELO MEU ASSASSINO?Where stories live. Discover now