CAPÍTULO QUARENTA E QUATRO

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Deus do céu, o que ele queria? Ser preso?

- Deixe que entre. Mas antes peça aos seguranças para revistá-lo.

Estava ja vestida para dormir, coberta por um robe de seda lilás. Havia muitas coisas que Marcos não sabia a meu respeito, e uma delas era sobre o fato de eu ser policial. E eu também desconhecia muita coisa sobre a vida dele. Acho que nenhum de nós dois imaginou um segundo sequer que estávamos em lados opostos quando nos conhecemos numa noite qualquer na Lapa.

Marcos estava bonito como sempre e meu coração disparou. Há sentimentos que não morrem com o tempo e era como se fosse a primeira vez que o via. Já conseguia sentir o perfume dele daquela distância.

- Oi, Marcos! - Estava em pé tomando um chá de frente para a lareira. Tentei parecer serena, quando queria surtar.

- Como vai, Mierra? Bela casa! - comentou ele olhando ao redor.

- Obrigada.
- Não sabia que era tão rica assim. Aliás, acho que nem nos conhecemos de verdade.

Eu revirei os olhos.

- A recíproca é verdadeira, querido. - soava irônica bebericando o chá - Mas não acha que está tarde para uma visita?

- Não precisamos de tanta formalidade, Mierra. Já fomos até casados.

- Bem dito, poderia ser um pretérito mais que perfeito, mas não é. - Tomei um assento.

- Continua usando expressões difíceis como sempre... posso me sentar?

- Creio que não seja necessário, Marcos. Já estou indo me deitar. Se puder ser breve...

Ele balançou a cabeça, parecendo surpreso.

- Quem te viu e quem te vê, não é? Tão arrogante, tão cheia de si...

Mas por dentro eu estava despedaçada. Minha vontade era correr até ele beija-lo, abraçá-lo, sentir seu cheiro perto de mim de novo. Marcos não entendia que minha decisão era única e somente para protegê-lo.

- Se veio aqui me ofender, sugiro que mande um e-mail. Vai evitar que eu aponte uma arma pra você outra vez. Aliás, a medida restritiva continua valendo!

Março contraiu a mandíbula.

- PARE DE BRINCADEIRA! - Gritou ele.

Nesse momento Georgina apareceu na porta entre a copa e a sala. Dois seguranças se posicionaram atrás dela. Os olhei e acenei para que não fizessem nada, sinalizando que estava tudo ok.

- Você não podia ter me contado tudo? Teríamos dado um jeito! - Ele lamentava. Parecia frustrado.

- Não sei do que está falando, Marcos - tentava fingir um desentendimento.

- Caramba, Mierra. Eu já sei de tudo. Já sei que você é uma policial.

Calma, Mierra. Respira.

- Então suponho que também saiba que conheci seu passado, não é?
A mandíbula dele ainda estava contraída.

- Sei, Mierra.

- E não parece um pouco perigoso você estar aqui? - Franzi a testa talvez parecendo mais debochada e arrogante que antes.

- Eu só vim aqui dizer que não vou procurar você mais. Que vou te esquecer pra sempre.

NÃO ! NÃO! Fique!

- Como quiser, Marcos. Já pode ir!

Acho que ele esperava qualquer reação minha, como um teste. E talvez se ele pudesse ler minha mente e ver meu coração, saberia que eu o amava mais que antes. Mais que tudo.

- Ok, Senhorita Mierra - Disse com desdém olhando ao redor uma última vez - Vou deixá-la em paz nesse seu palácio. Até nunca mais!

Marcos me deu as costas. Contudo, um estampido agudo vindo do quarto de cima chamou a atenção de todos.
Marcos retornou rapidamente e se agachou sacando uma arma da cintura.

Não me atrasei e logo empunhava meu revólver que deixei escondido embaixo da poltrona.

- Isso foi um tiro? - Perguntou ele a espreita subindo as escadas

- Sim - Eu apenas pensava em Samantha - E sugiro que você vá embora! - sussurrava ao lado dele, atenta ao que viria do andar de cima. Os dois seguranças vinham também armados logo atrás.

- Não irei. Não antes de saber o que está acontecendo.

- Por que você complica as coisas, Marcos?!

- E por que você é tão cheia de si? Tão arrogante?

Não era a situação mais adequada para uma discussão. O que importava era checar se Samantha estava bem e eu tentava não imaginar o pior. De Marcos eu cuidaria depois.

APAIXONADA PELO MEU ASSASSINO?Where stories live. Discover now