𝐞𝐥𝐞𝐯𝐞𝐧, illusory euphoria

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— Mikey? — ela perguntou, abrindo a porta devagar e o coração apertou ao ver tal cena.

O loiro estava ajoelhado no chão, diante do vaso sanitário, que estava com a tampa aberta, com as mãos segurando com força os próprios fios de cabelo. Céus, ela nunca tinha o visto assim e apoiou o celular na bancada da pia antes de começar a andar até ele.

— O que tá acontecendo? — ela perguntou com um tom de voz mais baixo, se agachando para que ela pudesse o ver — Conversa comigo.

— Eu... Só não sai... Simplesmente não sai nada...

A voz dele saía entrecortada, mesclada com a respiração descompassada, que fazia o peito dele descer frequentemente. Senju ousou olhar na direção do vaso e viu a água limpa e, pela expressão que Mikey carregava, ela conseguia deduzir que ele já estava ali há uma boa quantidade de tempo. Além disso, a platinada é a pessoa que mais bem entendia tal sensação, um puro incômodo de querer colocar pra fora, a sua mente gritando que ainda tem algo dentro de você, mas o seu corpo, ao contrário, diz que não tem nada.

Doía demais ter um conflito assim consigo mesmo.

Senju levou os próprios dedos aos de Mikey, começando a fazer com que ele soltasse o cabelo, doeu ver alguns fios caírem durante esse processo, e o silêncio que surgiu piorou tudo. Ela não sabia o que fazer realmente, nunca tinha passado por uma situação parecida, se sentia perdida em qualquer ação que pudesse tomar, tinha até um pouco medo de falar algo que piorasse tudo.

— Posso prender o seu cabelo? — perguntou, receosa, e recebeu um aceno de cabeça como resposta, o ouvindo suspirar em seguida.

Se levantou e esticou o braço na direção da bancada, alcançando uma linguinha preta que estava largada ali, e se colocou atrás dele, começando a juntar os fios loiros com cuidado, os colocando em um coque não tão apertado. Ela se manteve ali em pé, mas agora as mãos estavam apoiadas nos ombros dele, conseguia sentir os músculos tensos só pelo toque, o corpo em uma total sensação de agonia.

— Você não contou pra [Nome] sobre isso, né?

— Não contei pra ninguém... — sussurrou a resposta e coração de Senju se apertou.

— Mikey... Eu... — tentava pensar no que realmente dizer, mas a mente estava em branco — Eu preciso contar pra ela.

— Não, por favor...

— Por que não quer que ela saiba? — tomou coragem para perguntar e decidiu voltar a se agachar, ficando na altura do rosto dele.

— Ela já tem muita coisa pra se preocupar.

— Você é um dos melhores amigos dela, Mikey — Senju disse, colocando uma das mãos sobre o rosto dele, começando a deixar uma espécie de carinho com as pontas dos dedos — Ela se preocupa de forma automática, é da natureza dela. E eu sei que, de todos nós, ela é a que mais pode te ajudar.

Mikey sabia que a platinada estava certa, ele tinha pensando em te contar primeiro, mas ele simplesmente paralisou na hora. Mesmo que você já tivesse falado que ele nunca seria o seu pai, a conversa de Kazutora ressoou na cabeça dele por dias, se já se parecia com o pai de um dos melhores amigos dele, o que o impedia de se transformar no seu?

Ele não queria te dar mais trabalho, te preocupar ainda mais com coisas que você odeia, principalmente o tipo de droga que ele usava. Porém, no meio disso tudo, dessa maré de dúvidas, tinha uma única certeza, o fato de que você estava nos contatos de emergência por uma razão, a que você sempre estaria ali por ele, e como Senju tinha dito durante a madrugada, não estava sozinho nessa.

— Posso ligar pra ela?

O loiro suspirou, sentindo a garganta arder pelas tentativas falhas de vomitar, e assentiu com a cabeça para platinada. Senju não demorou dois segundos para pegar o telefone e começar a procurar o seu contato, que estava na lista de favoritos.

𝐖𝐀𝐓𝐂𝐇 𝐘𝐎𝐔 𝐁𝐔𝐑𝐍, kazutora hanemiyaWhere stories live. Discover now