Estaca Zero

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Regina

Vivaldi tocava no som ambiente, enquanto minhas pernas se moviam apressadas em cima da esteira. Storm sempre me impulsionou muito em momentos mais enérgicos e até agressivos da minha vida, e hoje estava sendo um desses. Estava em um daqueles dias em que minha mente se encontrava em uma completa confusão. A noite anterior ainda gritava em flashes fortes e pontuais, onde Emma Swan era o foco. Os olhares. O toque inesperado em minha coxa. Suas palavras finais. Tudo aquilo estava fazendo minha mente girar numa velocidade absurdamente rápida e desgastante. A loira não sabia muito sobre mim, sobre quem eu realmente sou, mas isso não a impedia de ser o mais gentil possível e sempre. Aumentei a velocidade da esteira, precisava esvaziar mais a mente. Precisava não pensar em Emma e principalmente não pensar em qual seria sua reação se soubesse o que eu realmente sou. Senti meus músculos queimarem em protesto, mas não estava disposta a parar. Correria até não aguentar mais, mas o toque do meu celular substituiu a música, me fazendo parar a corrida e ir até o aparelho para ver quem poderia ser. Zelena. Desconectei o celular do som ambiente e atendi a chamada.

— Oi, Zelena! — aproveitei para pegar uma toalha e secar o suor que escorria em meu pescoço.

O dia que eu te ligar e sua respiração desregulada for por outro motivo além de você descarregando todas as suas questões na esteira, enquanto escuta Vivaldi, eu serei a irmã mais feliz desse mundo — Zelena riu, me fazendo revirar os olhos, enquanto deixava um sorriso surgir em meus lábios.

— O que você quer a essa hora da manhã, Zelena?

Só achei que você ficaria feliz em saber que eu acabei de desembarcar em São Paulo — não a respondi e esperei que ela prosseguisse — E também gostaria de saber se está em casa ou no apartamento.

— Estou em casa — falei apenas — Por que não me avisou que já estava vindo?

Porque foi de última hora e como o vôo foi de madrugada, não consegui avisar — eu sentia que sua voz escondia algo e muito provavelmente, ela sabia que eu tinha percebido isso.

— Do que você está fugindo, Zelena Mills? — o tom descontraído na minha voz amenizava o peso daquela pergunta.

Acho que o certo seria perguntar de "quem" eu estou fugindo — seu nervosismo já se fazia presente e eu sabia que iniciar aquela conversa por telefone só a deixaria mais nervosa.

— Onde, exatamente, você está?

Acabei de entrar no Uber, provavelmente chego daqui há uma hora — pelo menos teria tempo para me organizar, pensei.

— Certo! Vou tomar um banho e preparar algo para o café da manhã — ouvi um suspiro aliviado através da ligação. Zelena estava realmente precisando desse cuidado — Até mais, Zel!

Até, Sis! — desligamos e parei por alguns segundos, olhando para tudo à minha volta, enquanto respirava fundo. Tratei de organizar as coisas na área da academia e voltar para dentro de casa. Se Zelena estava "fugindo" de alguém, eu precisaria me preparar.

*******

Já estava me preparando para ligar para Zelena, perguntando se ainda estava muito longe, quando ouvi o barulho da porta de entrada e respirei aliviada. Não precisei ir até ela, nem anunciar meu paradeiro, o cheiro que já se espalhava pela casa a levaria até mim, sem a menor dúvida.

— Dá pra sentir esse cheiro incrível lá da porta — assim que ouvi sua voz, senti também seus braços em volta da minha cintura.

— Estou fazendo as panquecas que você gosta, porque eu sinto que você tá precisando de um mimo — mesmo com Zelena agarrada em meu corpo, não deixei de fazer o que estava fazendo e logo ouvi o seu riso leve.

Entre Tubos de EnsaioOnde as histórias ganham vida. Descobre agora