Chuva Torrencial

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Emma

Nunca havia passado tanto tempo no laboratório de genoma com outra pessoa e isso era estranho na mesma medida que era reconfortante. De vez em quando Ruby me acompanhava, mas ela não tinha tanta paciência assim e acabava me deixando sozinha, o que era bom de certa forma. Minha mente sempre trabalhava melhor quando estava sozinha. Mas, diferente do que eu achei que seria, ter Regina ali comigo estava me trazendo um tipo diferente de experiência. A morena se envolvia tanto quanto eu nas análises de nucleotídeos e isso era maravilhoso. Faziamos alguns comentários e considerações sobre pontos específicos, mas na maior parte do tempo ficamos em silêncio, apenas apreciando a ciência.

— Nos concentramos tanto nas análises, que nem notamos as horas passando — a voz de Regina cortou o silêncio que já estávamos imersas há um certo tempo — Já está tarde, Swan! Deveríamos descansar — instintivamente, meus olhos caíram sobre o relógio mais próximo, constatando que já passavam das 21h00 e que, muito provavelmente, éramos as últimas no prédio. 

— Eu não tinha visto que já estava tão tarde — falei mais para mim, do que para a doutora. 

— O tempo sempre passa mais depressa quando fazemos algo que amamos, Swan — sua voz estava mais próxima a mim e isso me causou um certo incômodo. 

— Eu sempre me perco quando entro nesse laboratório — meus olhos se perderam em um ponto específico da bancada — É como se… 

— Não existisse mais nada do lado de fora — nenhuma das duas parecia querer quebrar aquela conexão pré-estabelecida, estávamos confortáveis com a atmosfera que estava nos rodeando. Um brilho diferente atravessou o olhar de Regina ao mesmo tempo em que um sorriso leve e frouxo surgiu em seus lábios. Eu sorri de volta e deixei que meus olhos analisassem seu rosto e pude notar, mais uma vez, que Regina era realmente uma mulher muito bonita. Agora olhando-a de frente, conseguia notar os detalhes que lhe compunham, como por exemplo; sua cicatriz marcante bem acima do lábio superior, no canto direito. Não havia reparado nela antes e quando me preparava para lhe perguntar como a havia conseguido, o som que indicava que o sequenciador já havia feito seu trabalho nos arrancou daquela atmosfera leve e pessoal — Acho que já temos o que precisamos — me aproximei do aparelho, salvei as informações que que ele havia mandado diretamente para o computador que estava conectado e o desliguei. 

— Essa é a nossa deixa, doutora! — falei sorrindo e pude ver que Regina sorria também. Saímos do laboratório em silêncio, após desligarmos todas as luzes e conferirmos que estava tudo em seu devido lugar, e caminhamos em direção a recepção do prédio. 

— Você está de carro ou precisa de carona, Swan? — Regina me perguntou assim que alcançamos a entrada do estacionamento. 

— Eu estou de carro sim e, aliás, ele está estacionado bem ao lado do seu — ao ouvir aquela informação, Regina franziu as sobrancelhas — O que foi? 

— Só achei um pouco curioso você falar do meu carro e dirigir um Fusca — o tom sarcástico estava presente outra vez e eu comecei a notar que a morena parecia ter uma predileção por ele. 

— Ei, é um clássico — protestei e ela riu — Você também dirige um anos 70, Mills, não entendi qual a graça. 

— Sim, eu dirijo um anos 70, Swan, mas ele não se parece com um pintinho ambulante — sua risada se transformou em uma gargalhada e por mais que eu tenha tentado, não consegui deixar de acompanhá-la. 

— Não fala assim da Gema, ela é quase um membro da família — vesti a expressão mais indignada no meu rosto e observei a reação de Regina. 

— Deu um nome para o seu carro, Swan? — perguntou. 

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