Acordes e Outras Coisas Desafinadas || MYG + JJK

03 | Suposições Desafinadas

— Oh! Jungkook? – Eunwoo abriu a porta. Tinha a escova de dentes na boca, uma toalha ao ombro e demasiada falta de roupa para o meu gosto.

— O Yoongi me chamou. – Tentei olhar por cima do seu ombro mas não dava para ver grande coisa. Ele era alto demais e bem entrocado.

— Ah, sim. Entre! – Abriu espaço para que eu passasse. – Acho que ele está no quarto, não o vi hoje ainda. Ele não comeu, aliás.

Como sempre o apartamento estava impecável. Limpo e arrumado e tinha cheiro a novo, apesar de já estar ocupado pelos dois desde que começaram a faculdade.

Deixei uma nota mental para fazer Yoongi comer mais tarde. Ele tinha aquela mania insuportável de deixar as refeições para depois, por vezes era demasiado e me preocupava.

— Eu vou indo, então. – Sorri fechado, fazendo sinal com a mão. – Bom te ver.

— Igualmente!

Vi-o virar em direção à sala e segui o meu caminho pelo corredor.

Eu e Eunwoo nunca fomos muito próximos, apesar de não termos nada um contra o outro.

O nosso santo apenas não bateu.

À medida que avançava, uma melodia ia ficando mais alta. Yoongi estava tocando ou escutando alguma coisa. Bati à porta do quarto, estranhando quando não recebi uma resposta e nem escutei a música parar ou o volume baixar.

Girei a maçaneta e abri a porta devagar, esperando que ele não estivesse despido como Eunwoo. Não pelos mesmos motivos, claro.

O quarto estava vazio.

A música vinha da secretária em frente à janela. Fui até lá vendo que era uma das suas pastas de testes e apertei a tecla do espaço, pausando a melodia.

A porta do banheiro estava aberta, por isso, não tive problemas em espreitar, apenas para ter a certeza de que Yoongi não tinha caído durante o banho e desmaiado pelado. Seria uma vergonha.

— Você veio! – A voz cansada e arrastada chegou aos meus ouvidos, entrando no quarto e me puxando para fora do banheiro num salto.

— Onde você estava? – Indaguei, só depois notando as caixas. – Isso é o quê?

— Fui ao sotão. – Sacudiu o pó das mãos, limpando as palmas contra a calça de moletom depois. Só então notei que havia mais caixas e outras coisas antigas no quarto. Isso explicava o ardor no meu nariz. – Faz muito tempo que está aqui?

— Acabei de chegar.

— Está com pressa?

— Ah, não?

A menos que a rinite ataque. Remexi o nariz comichoso. Parecia que quanto mais pensava no pó, mais ele me fazia impressão.

— Ótimo! – Yoongi se sentou na cama, atrás da caixa de papelão que antes carregava nos braços e me chamou para sentar com ele. – Vem aqui.

— Hyung... – Chamei intrigado. – Porque me pediu que viesse aqui?

— Como assim?

— Você pediu para eu te encontrar hoje, aqui. Você sempre vai lá em casa, não é algo importante?

Talvez tivesse sido erro meu assumir que era o que eu queria que fosse, por tão pouco.

— Não tem... nada para me dizer?

— Eu deveria?

Suspirei, deixando que os meus ombros descaíssem derrotados.

— Eu queria pedir a sua ajuda com uma coisa da faculdade e... meio que te fazer uma proposta. – Explicou. – É importante, na verdade. Por isso te chamei aqui, já que não tinha como levar estas coisas para lá.