— E realmente não é — respirei fundo. 

— Olha… Sei que joguei muita informação em cima de você de uma vez só, mas não tinha uma forma mais sútil de te contar tudo isso e o que tem naqueles relatórios é o tipo de coisa que não gosto de ficar verbalizando. Você não tem a obriga… 

— Não termina essa frase, por favor — me aproximei de onde Mills estava com uma das mãos no bolso e a outra apoiei na ilha de mármore — É lógico que tenho a obrigação e é óbvio que vou ajudar, só é muito para processar da noite para o dia — nos encaramos por segundos que pareceram horas e nenhuma das duas parecia querer quebrar aquele contato. A música que tocava foi substituída e a leve mudança de melodia nos fez despertar. 

— Eu só funciono direito após uma boa xícara de café — assenti suavemente — Podemos passar na Starbucks e depois eu te deixo no seu apartamento, aposto que vai querer trocar essas roupas — sorrimos — Pode ser? 

— Claro! Não seria nada fácil explicar para a Ruby o motivo de estar usando a mesma roupa que ontem. 

— Era só dizer que passou a noite com alguém — Regina falou naturalmente e meus olhos se arregalaram em resposta — É uma brincadeira, Swan! — respirei mais aliviada — Vou me arrumar e já saímos. No banheiro, ao fim do corredor, tem escovas novas na quarta gaveta. Fique à vontade! 

Regina voltou a subir as escadas e eu fiquei sozinha com os meus pensamentos outra vez. Resolvi ir à procura do banheiro que a morena citou e fazer uma higiene matinal mínima. Não foi difícil encontrar o lavabo e logo eu estava lavando o rosto e escovando os dentes, enquanto minha mente voltava a trabalhar. Só que dessa vez, não eram os relatórios que povoavam meus pensamentos. 

Há algumas semanas precisei sair mais cedo de casa e isso me impediu de tomar café com Ruby, como fazíamos quase todos os dias. Me lembrei de uma Starbucks que tinha no caminho para o laboratório e resolvi passar para comprar um chocolate quente. Foi a primeira vez que a vi, com suas sobrancelhas franzidas, apreciando a vista enquanto tomava uma xícara de café. A ideia de apenas passar e comprar algo se foi, eu precisava sentar e observar um pouco mais aquela morena intrigante. Permaneci ali sentada até o limite de um possível atraso e então fui embora, mas fiz da minha ida ali uma rotina. Mesmo horário, mesma mesa, todos os dias. 

Era estranho estar ali, porque de todas as vezes que me imaginei conhecendo a sua casa, nenhuma delas se aproximava do motivo que me levou até ali. Balancei a cabeça em negativa, tentando afastar aqueles pensamentos e terminei o que estava fazendo. Logo estava de volta à sala, esperando Regina voltar. 

*******

Quase uma hora depois, estávamos entrando na Starbucks que nos encontrávamos todos os dias, mesmo que por obra do destino. Como em todos os dias, o estabelecimento estava vazio, o que para nós duas era perfeito. Durante o caminho, Regina me informou que pagaria o café e eu só aceitei com a promessa de que pagaria o próximo. Nos aproximamos do balcão para fazer nossos pedidos e nos deparamos com os mesmos atendentes simpáticos de sempre. 

— Bom dia, meninas! — a garota nos saudou, enquanto o garoto que limpava as bancadas em que trabalhavam, apenas acenou com a cabeça. A respondemos no mesmo tom — Será cobrado junto? 

— Vai sim, Jessika! Hoje vai ser por minha conta — Mills respondeu e eu me surpreendi com o fato dela saber o nome da garota. 

— Certo! — o sorriso da atendente aumentou consideravelmente antes de continuar — Um machiatto sem açúcar, acompanhado de um monsieur para a Regina. Um chocolate quente com creme e canela, para a Emma… — anotava o nosso pedido, mesmo sem termos falado nada. Aparentemente sempre pedimos a mesma coisa — Mais alguma coisa? 

Entre Tubos de EnsaioWhere stories live. Discover now