Capítulo 36

Mulai dari awal
                                    

Sem o mestre, eles podiam machucar Aalya.

Pois sabiam que sua cura não iria deixar visível nenhuma agressão. Nada que fosse muito aparente, pelo menos, pois algo ficaria.

A Grã-Feérica grunhiu contra a palmada que recebera no rosto. As pontas de seus dedos sangravam, unhas despedaças de tanto tentar fincá-las nos braços da cadeira de madeira. Mesmo estando sentada, sentia as pernas fraquejadas.

Não se permitira gritar. Nem mesmo chorar. Sentia cada dor infligida, mesmo que não durassem tanto tempo, graças à sua magia, mas ela sentia. Aquelas dores ficariam guardadas em sua mente.

Dois machos a seguraram pelos braços. Outro pegara uma faca, levando a lâmina até a corda que prendia os braços da fêmea. Ela nem tinha forças para puxar aquele metal e usá-lo para sua vantagem. Sua magia de manipulação fechava-se dentro de si como um pequeno montinho, sem vida.

Eles a levantaram, e, talvez a Mãe tenha atendido às suas preces, pois Aalya conseguira ficar em pé, sem tremer. Não tinha nenhum movimento das pernas, pois ainda estavam presas com a corda, mas os braços ainda eram segurados pelos machos.

O macho que segurava a faca jogou-a para o chão, talvez sem lembrar do poder que a fêmea carregava, ou por ser arrogante demais e pensar que ela não teria forças suficientes. Chutou a cadeira de madeira para o lado e parou às costas dela.

Aalya prendeu a respiração ao sentir a parte de trás de sua camiseta ser rasgada. O macho empurrou seu pescoço para baixo. Ela mordeu os lábios para evitar o grito de sair ao sentir a primeira chicotada nas suas costas.

A dor chegou, mas logo foi embora.

Após mais algumas chicotadas, ela foi jogada no chão, suas pernas protegidas por seu corpo, os braços presos, ainda segurados pelos outros dois machos, sobre sua cabeça. Seus olhos encaravam o chão bruto e sujo, enquanto o chicote beijava a sua pele.

Eram chicotadas contínuas, com pouquíssimos segundos de diferenças entre cada uma delas.

Sua cura não aguentava tamanha agressão. Ela estava fraca, seu corpo não sustentava as dores, portanto ela começara a sentir cada uma, não ficando desaparecidas. A dor se alojou em seus ossos, sem despedidas.

Contra sua vontade, Aalya começou a gritar.

Ela sabia que poderia morrer.

Suas costas já estavam em carne viva. Ela sentia.

E, tamanha crueldade assegurada naqueles malditos machos, ela sentiu o líquido ser despejado sobre suas costas feridas. Ardia como o inferno.

Seus gritos não pararam. Ela sentia a morte chegando cada vez mais perto.

O mundo girou, seus olhos enxergando tudo completamente preto.

O preto da escuridão. Da dor que não a permitia ver mais nada. Não sabia se ainda estava levando chicotadas ou se ainda despejavam o líquido sobre suas feridas, pois Aalya não fazia mais ideia do que acontecia ao seu redor.

Como se já estivesse morta.

Quis entregar-se àquela escuridão, mas o tom mudara. Não era mais aquela negritude de antes. Naquele momento, pareciam semelhantes à escuridão das sombras que Azriel comandava.

Azriel.

Mas logo mudaram. O preto tornou-se do mesmo tom das roupas que Thesan usava nos dias chuvosos.

Thesan.

Do mesmo tom dos cabos das adagas favoritas que Aalya adorava transformar em redemoinhos de metal.

Aalya.

Ela mesma.

Perdida em sua própria mente. Perdida em suas inseguranças. Mas as mãos de Azriel e Thesan esticavam-se para ela, como âncoras. As suas mãos esticavam-se para si própria, sendo sua própria âncora.

Ela crescera daquela forma. Sozinha. Tudo por si. Sem conhecer o carinho. Sem conhecer o amor.

E lá estava ela, sozinha novamente, caindo consigo mesma.


Uma luz dourada a recebeu. Aalya abriu os olhos cansados e encarou o feixe de luz que atravessava a escuridão.

Piscou, assimilando o que sua mente levava de volta para ela.

A fêmea ainda estava naquela sala. Voltara para a cadeira, as cordas ainda ao redor de seus braços.

Uma pequena janela, até antes desconhecida por ela, mostrava-se levando a iluminação da sala. Era pequena, porém seria perfeita para uma fuga.

Mas o latejar e o ardume em suas costas eram impossíveis de ignorar. Ainda mais porque sentira o tecido da camiseta cobri-la. Eles restauraram o rasgo brutal, provavelmente para não levantar suspeitas ao mestre quando retornasse.

Apesar da dor enlouquecedora que sentia, Aalya precisava sair dali.

Forçou as cordas. Maldito material desconhecido que era forte demais.

Ficou parada ao ouvir o som de passos.

Não. Não. De novo, não.

Ela aguentaria mais sessões de agressão?

Mas, quem quer que estivesse parado próximo à porta da sala, a ajudara.

Pois as cordas que prendiam seus braços e pernas afrouxaram-se.

Aquilo podia ser uma armadilha. Mas Aalya iria aproveitá-la para livrar-se.

Ficou de pé, arfando com a dor lançada em todas as partes de seu corpo.

Os passos da pessoa sumiram pelo corredor, indicando sua saída.

Aalya olhou para a janela. Colocou a cabeça sobre a abertura, observando o campo de folhas secas. Corte Outonal.

Primeiro, pôs as pernas para fora, depois levou o resto do corpo. Apesar da dor, saltou até o chão, apurou a visão, o olfato e a audição e, ao perceber que estava sozinha, correu.

Correu da mesma forma que correra quando criança, ao fugir da Corte de seu pai.

Espada de Sombras - AzrielTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang