Capítulo 10

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Aalya usava toda sua força nos socos que dava no saco de pancada à sua frente. Aproveitava esses momentos para dispersar toda sua raiva e outros sentimentos negativos. E naquele momento, estava pondo para fora a confusão que sua cabeça ficou da última noite.

Odiou ter gostado dos toques de Azriel. Odiou ter gostado dos beijos suaves em seu pescoço. Odiou ter se sentido tão bem. Odiou gostar da companhia do macho.

Aalya não costumava expressar sentimentos, portanto evitava tê-los. Passou toda a sua infância na criação com empregadas do pai, que eram muito bem pagas para cuidarem dela. Viveu sua adolescência e depois disso por conta própria, sem ter alguém com quem conversar sobre o dia ou desabafar as inseguranças. Depois que encontrou o irmão, não se permitiu abrir mão do seu lado durona. Abominava a ideia de sentimentos, pois, para ela, eram fraquezas.

Mas ter apreciado a companhia de alguém não significava que gostava da pessoa. Certo? Ela não sabia. Sempre soubera que a maioria dos machos eram seres estúpidos e territoriais. Não era atoa que desgostou de Azriel no momento que tiveram sua primeira conversa decente.

Noite passada fora apenas uma missão. Sabia que coisas assim poderiam acontecer. Você é idiota em ser sentimentalista ou qualquer merda do tipo, pensou a fêmea.

Ela respirou fundo. Descansou a mão dolorida e bebeu goles rápidos da garrafa de água. O ringue estava vazio. Era manhã, e Aalya não devia estar ali, mas deixara um relatório no palácio de Thesan, antes dele acordar, com todas as informações importantes que tiveram, ou seja, nenhuma além das aventuras sexuais dos Grão-Senhores.

Caminhou para fora do ringue e andou pelo gramado do acampamento, onde havia alguns peregrinos treinando. Aalya atravessou para a cidade. Parou em uma rua de paralelepípedos, que tinha várias barraquinhas de comidas nas calçadas. Ela sorriu e acenou para os moradores ali, trabalhando duro para viverem bem. Eles devolveram os cumprimentos, com sorrisos ainda mais largos nos rostos.

O vento estava calmo e trazia uma brisa do mar, que fazia os cabelos cacheados dela voarem. Ouvia o som de risadas de crianças, do tagarelar dos feéricos e dos beijos estalados. Pareciam todos despreocupados, mas sabiam da gravidade dos acontecimentos que ocorriam na Corte.

Estava esperando novos relatórios de Azriel e Helion, e torcia para que tivessem boas notícias.

Aalya andou mais um pouco e sentiu um cheiro de lavanda. Briath. O macho alado começou a andar ao seu lado e abriu seu sorriso de dentes brancos.

⎯ Posso saber porque você não foi contar para eu e seu irmão sobre noite passada?

Aalya revirou os olhos. Sabia que essas perguntas irritantes viriam mais cedo ou mais tarde, e ter evitado encontrar Thesan no palácio, onde Briath também estava, foi pior.

⎯ Eu deixei o relatório lá, bem cedo.

⎯ Sim, nós lemos, mas havia apenas informações sobre a investigação.

⎯ E não era isso que vocês queriam saber?

Briath a encarou, incrédulo.

⎯ Não se faça de desentendida, Aalya. Quero saber sobre você e Azriel.

Aalya gargalhou.

⎯ Pela Mãe, Briath. O que você acha que poderia ter acontecido?

⎯ Não sei, por isso estou lhe perguntando. Responda logo ou vou te levar para o palácio e Thesan irá lhe obrigar a falar, como ordem de um Grão-Senhor.

⎯ Não aconteceu nada. Estávamos em uma missão como amantes, e fizemos isso.

Briath a olhou desconfiado. Ela não estava mentindo, certo? Toda a tensão que sentiram fora apenas pela missão.

Espada de Sombras - AzrielOnde as histórias ganham vida. Descobre agora