Capítulo 26

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Na maioria das Cortes de Prythian, o comando das fêmeas não era algo comum. Elas eram retratadas como inferiores e ocupavam cargos que não demandavam de dominação ou liderança, como cuidar dos afazeres da casa e procriar.

Mas, na Corte Crepuscular, isso era diferente. Quando Thesan tornou-se Grão-Senhor, ele deu a liberdade para todas as fêmeas escolherem seus caminhos. Quando muitas delas começaram a abrir seus próprios negócios e iam aprender a lutar, a Corte tornou-se um lugar de refúgio para elas.

Aalya colaborou com a mudança, incentivando fêmeas, jovens e velhas, a fazerem o que queriam. Ela mesma começara usando suas habilidades para ensiná-las a se defenderem ou apenas a saberem manejar uma espada.

Quando comandara o exército terrestre da Corte de seu irmão, Aalya durou pouco tempo, já que se machucara gravemente que nem mesmo sua magia pôde curá-la.

E, mesmo após décadas terem se passado, Aalya manteve o espírito de liderança, mas ela não se sentia segura na tarefa que se impôs. Comandar o exército, sem nem conhecer as fraquezas dos soldados, quais legiões se sobressaíam em determinadas funções e diversos outros fatores dificultavam para a execução do cargo.

No momento que agarrou a mão de Azriel e atravessou para o acampamento de guerra, a Grã-Feérica respirou fundo e implorou para a Mãe por um milagre.

Dezenas de legiões se agrupavam em todos os cantos do acampamento. Alguns já até vestiam as armaduras e carregavam seus escudos e espadas, preparados para uma batalha que aconteceria em poucos minutos.

Aalya precisava agir rápido.

Percorreu com o olhar pelo local e encontrou alguns soldados que ela tinha uma espécie de amizade. Correu até lá e ofegou ao chegar ao lado deles.

⎯ Aalya! ⎯ exclamou Pokko, um dos soldados que a fêmea ensinara a lutar e usar espadas.

O cabelo trançado do macho caía pelos seus ombros quando agarrou os braços de Aalya e a fez olhá-lo nos olhos.

⎯ Você viu Daella? ⎯ perguntou ele.

Aalya fez que não com a cabeça.

Pokko praguejou em resposta.

⎯ Iremos ficar parados enquanto a Corte é invadida? ⎯ retrucou Catha, uma fêmea de cabelo raspado que arqueava as sobrancelhas conforme falava enfurecidamente.

⎯ Daella nunca deixou um comandante substituto ou algo do tipo se não ela estivesse presente? ⎯ indagou Azriel, sem suas sombras à vista.

Catha respondeu, esfregando os braços:

⎯ Não. Daella sempre estava presente.

Precisavam deixar aquilo para mais tarde. No momento, necessitavam de um comandante para liderar aquelas legiões.

⎯ Vou tentar comandar as legiões. Se puderem, me indiquem os principais qualificados para ficarem nas primeiras linhas. ⎯ declarou Aalya, encarando cada um presente na rodinha.

Pokko sorriu para ela, aliviado. O mesmo sorriso foi recebido de Catha, que, com a ajuda dos outros feéricos da legião, ajudaram a Grã-Feérica.

⎯ Aqui estão formadas cinquenta e três legiões, cada uma composta por noventa soldados. Daella costumava nos pôr em linhas horizontais e mandar marchar, com a legião Branca na primeira linha. A legião Verde ficava por segundo, a melhor para acalentar os primeiros ataques sofridos na linha da frente. Depois pode seguir qualquer ordem, mas por último é necessário que haja a legião Cobalto, melhores em reflexo e atenção aos inimigos que podem se infiltrar atrás do exército marchando.

Espada de Sombras - AzrielOnde as histórias ganham vida. Descobre agora