Profundezas do Desespero

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– Talvez fosse só o calor do momento... Pode não significar nada...

– Mas e se...

Taehyung já roía as unhas de nervoso. Do quê eles falavam?

– Nós dois sabemos como o Jeongguk reagiria se sequer tocássemos no assunto. – falou Jimin.

– Eu sei, mas e se o Tae for parceiro lupino do Jeongguk? Ele não deveria saber? Os dois não deveriam? – disparou Jin, acertando em cheio no coração de Taehyung, que desgrudou da porta lentamente até encostar na parede oposta.

Parceiro lupino... parceiro lupino.... E se o Tae for o parceiro lupino do Jeongguk?

Taehyung levou as mãos à boca. Os olhos encaravam o nada.

Ele havia chamado o nome de Jeongguk no cio? Isso queria dizer que... era o parceiro dele?

As mãos se abaixaram e, como o sol que irrompe atrás do horizonte, um sorriso luminoso se acendeu nos lábios de Taehyung. Ele respirava descompassado, e tremia de leve, mas era isso. Era isso que estava faltando. Ele não precisava de palavras extensas e rebuscadas, nem de declarações estilo filmes de romance. Porque ele e Jeongguk eram parceiros, escolhidos como almas gêmeas e destinados a estarem juntos. Eles tinham uma ligação muito maior que os unia.

Claro como a água de uma ilha paraíso, Taehyung sabia exatamente o que fazer.

Ele correu até seu almoxarifado, arrancou um pedaço de papel e escreveu exatamente o que precisava. Nada mais, nada menos.

✿✿✿

Aquela tarde não estava exatamente como Taehyung esperava que seria o dia em que se declararia para o grande amor da sua vida. Melhor, seu parceiro lupino.

Uma chuva de verão se organizava no céu, cobrindo o azul anil com cinza ferroso forte e trovoadas barulhentas, clarões iluminando as nuvens como pisca-piscas. Talvez levasse cinco minutos, talvez caísse por horas. Mas nem isso foi capaz de desviar Taehyung de seu objetivo.

Ele vestia uma camisa branca com estampa de um gatinho brincando com um novelo de lã, um casaco vermelho por cima e jeans. Seus muito fiéis tênis amarelos faziam um leve ruído conforme ele caminhava para a sala de Jeongguk, com nada além de um bilhetinho dobrado ao meio e seu coração pronto para ser entregue.

Tae respirou fundo antes de bater à porta, com leveza porém determinado, e ouvir um "entre" da familiar voz de Jeongguk.

Ele estava lindo, como sempre. Rodeado pela paisagem de Seul pronta para uma tempestade, parecia desenhar alguma coisa. Ele não usava paletó, e a camisa branca estava com as mangas erguidas até os cotovelos. Tinha um copo redondo cheio com um líquido amarelado ao lado do caderno de croqui dele, onde Jeongguk rabiscava deliberadamente.

Jeongguk apoiava a cabeça na mão desocupada, parecendo quase desleixado, como um aluno impaciente que não vê a hora da aula acabar.

– Chefinho? – chamou Taehyung.

Jeongguk ergueu imediatamente os olhos para ele.

– Sim?

Taehyung engoliu em seco com o tom de voz dele. Letárgico, quase cansado, no modo automático. E o olhar dele... Parecia ver através de Taehyung, como se ele fosse um fantasma translúcido.

Mas Tae ergueu o queixo.

– Preciso falar uma coisa importantíssima para você, chefinho.

Jeongguk assentiu lentamente.

– Vá em frente.

Ele apertou o bilhetinho entre os dedos.

– Eu... Gostaria que se levantasse e viesse até mim.

Jardim de Papel (taekook ABO)Where stories live. Discover now