Epílogo.

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"O amor é uma folha em branco, e quem escreve nela somos nós mesmos."

    Parece simples, não? Mas é óbvio que não é bem assim que as coisas funcionam.  Falar sobre o amor nunca é fácil, assim como vivê-lo, porque tudo e nada acontece.
   Mas aqui, nessa história, as pontas das canetas que escreveram sobre a folha eram extremamente opostas. Porém com uma coisa muito em comum. Paixão.
   Um erro, paixão não é amor, mas pode se transformar nele.
Quem tem o fogo da atração por outra pessoa quer tê-la por perto de certa forma, mas nem sempre vinga no fim das contas.

Porque o amor é um fogo que arde sem se ver.

Outro erro. O amor dói, sim.

   A dor de amor abrange mais coisas do que a gente pode imaginar, como a dor de não se sentir amado, a dor de ser amado e não amar, a dor de amar e tê-lo longe, a dor de desamor.
   E mesmo com toda aquela ideia de amor perfeito, não existe nada disso.

   Porque a vida é feita de conflitos. E se querem saber, o amor é um deles. Mas não é ruim como as pessoas costumam achar hoje em dia.

Como essa ideia de felicidade ao final. Você acredita?

   Essa história de felicidade como meta nada mais é que uma história inventada para motivar pessoas ignorantes. Uma utopia.

   Porque a felicidade está no dia a dia. Nos pequenos detalhes, nas pequenas ações, nas pequenas frases. Como um "eu te amo".

   Não acho que o amor seja sinônimo de felicidade perpétua, porque eu estaria mentindo se dissesse que era. Mas ele não deixa de fazer pessoas felizes.
Mesmo que com as brigas e discussões.

   A ideia de felicidade e amor devem andar juntas, mas também darem espaço para os conflitos reais da vida. E com o tempo, poderem se juntar para combatê-los.

Porque isso sim é lindo.

   Aceitar que ama alguém é uma das partes mais difíceis e mais lindas nesse rolo todo. E ela sabia que desde aquelas discussões e provocações, tinha um pingo desse sentimento.
  Assim como ele sabia que implicava tanto só para tê-la por perto.

As canetas opostas começaram a escrever juntas, e tão juntas que quando foram separadas, perderam a tinta.

   Outra dor, aquela de quando se ama e perde alguém.

    Mesmo que por pouco tempo, mas a ideia de perdê-lo fora um baque em sua vida, e tê-lo de volta e bem novamente apenas afirmou o que sentia.

Depois disso, tudo ficou mais leve. Como eu disse no início, mas com tudo o que ainda aconteceu.

   Não vim pra recontar a história, porque isso vocês já sabem. Mas vim pra afirmar que nada é perfeito como gostaríamos. Que a felicidade está há cada dia, que o amor dói mas ainda assim é bom.

   Que nada é fácil pra ninguém. E vocês precisam entender isso.

***

          O som de grafite riscando papel era o único dentro daquele apartamento espaçoso, rápido como a fina chuva que caía do lado de fora.

"Amor?"- a voz soou do fim do corredor, fazendo seu sorriso se estender no rosto e largar tudo o que estava fazendo.- "Eu cheguei!"

        Apertou os olhos, negando com a cabeça ao sentir o coração acelerar com aquela simples frase.
        Se levantou, saindo do pequeno quarto e estendeu ainda mais o sorriso quando o encontrou ali, parado de frente à porta ainda. Correu, pulando em seu colo e entrelaçou as pernas em volta de seu corpo.
    
"Que saudade..."- murmurou, o enchendo de beijos estalados pelo rosto.

          Ele sorriu, lhe fazendo um carinho nas bochechas e juntou seus lábios num selinho demorado.

"O que tava fazendo?"- perguntou ao colocá-la novamente no chão.

"Nada demais."- deu de ombros.- "Só... escrevendo umas coisas."

"Juilliard?"

"Uhum..."- assentiu, se esticando curiosa ao ver a sacola em sua mão.- "O que é isso?"

"Sua sobremesa."- respondeu, pegando a caixinha de plástico.- "Merengue com... cereja. Pra minha marida."

          Ela sorriu, umedecendo os lábios ao beija-lo novamente.

"Você é um tarado, marido."- sussurrou contra sua boca, tirando as coisas que ele ainda tinha nas mãos e o levou direto para o quarto. Lugar esse que não pretendia sair tão cedo naquela noite chuvosa.

Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor

Luís Vaz de Camões.

FIM.

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Uou! O que rolou aqui?! Galera, eu peço mil perdões por não ter finalizado essa antes, mas tudo o que eu escrevia ficava uma verdadeira merda e não expressava o que eu gostaria de passar com essa história. Bom, acho que agora eu finalmente consegui. Espero muito mesmo que tenham entendido um pouquinho pelo menos e que tenham gostado dessa, não se esqueçam de favoritar e comentar o que acharam e beijos de luz! Amo vocês✨💕

Ps.: Camões é um gênio, me salvou aqui com esse soneto maravilhoso.❤️

"Ride or Die"Where stories live. Discover now