Cento e cinquenta e seis.

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Oi, ouçam a música🙃



Ela paralisou, sentindo o corpo gelar e o coração quase parar. Os próximos minutos lhe passaram diante dos olhos num vulto, não sabia nem como chegara ao hospital tão rapidamente.
Entrou pela recepção sem enxergar quase nada à sua volta, desesperada enquanto procurava informações. Os encontrou quando chegou na área de pronto atendimento, ambos com os olhos inchados. Bailey estava agarrada à Joshua, em pânico. O garoto, por sua vez, tentava acalma-la, dizendo algo que não conseguia entender.
Se afastaram ao vê-la, e ela veio em sua direção.

"A culpa é sua."- Bailey falou.

"O que?"- sussurrou.

"Você! É uma filha da puta! Olha o que fez com ele!"- ela gritou, segurando seus ombros e a chacoalhou.- "Só pensa em si mesma! Egoísta!"

Kaycee não reagia, talvez pelo desespero, por ver a garota em sua frente surtar, por agir no automático desde que saiu da empresa ou, pela culpa.

"Você matou o Sean! Matou ele!"- ela continuava a gritar, chegando a arranhá-la com as unhas compridas.- "Matou quem eu mais amava! Matou uma das únicas pessoas que eu tinha!"

Fechou os olhos ao sentir o tapa no rosto, se afastando ao cambalear para trás.

"Bailey!"- Joshua gritou, agarrando a namorada e a tirou dali.- "Isso não vai ajudar em nada! Porra!"

Uma das enfermeiras se aproximou da briga, indo até Kaycee e lhe tocou a testa.

"Tá tudo bem?"- perguntou preocupada.

"Eu matei ele?"- foi a única coisa que conseguiu dizer, os olhos já inundados pelas lágrimas doloridas.- "Matei?"

"Quem?"

"O Sean..."

"Não, foi um acidente."- respondeu.- "E ele não morreu."

"Ele tá bem?"

Negaram com a cabeça.

"Ainda desacordado, segundo os socorristas."

"Ele vai ficar bem?"

"A gente ainda não sabe, mas... foi grave."

Passou as mãos pelos cabelos, agachando ao se entregar ao choro.

"Eu vou buscar um copo d'água, e uma bolsa de gelo pra bochecha."- a enfermeira avisou Joshua, que assentiu sem se soltar de Bailey, que se escondera em seu abraço e voltara a chorar.

Kaycee se encolheu, o corpo tremia, o coração apertava e a garganta doía. Não acreditava que havia acontecido aquilo, que havia chegado à tal ponto, que ela fizera aquilo.
Se culpava por absolutamente tudo naquele momento, por ter sido burra em não aceitar logo tudo o que sentia por ele, por não dar espaço para que se conhecessem melhor, por ser tão incerta. Por não ser boa o suficiente.
Sean era a melhor pessoa que já tinha conhecido até ali, e agora, por medo, seu próximo encontro poderia ser num caixão.
Suas lágrimas se intensificaram ao imaginar, negando com a cabeça. Sentiu um toque em seu ombro, erguendo a cabeça devagar.
Joshua não fez nada além de sorrir fraco, e logo já sentia o abraço apertado do garoto em volta de sua cintura.

"Desculpa... por favor, me desculpa..."- falou, com o rosto escondido em seu peito.

"Não Kay, a culpa não é sua, de forma alguma."- ele respondeu baixo, acariciando seus cabelos.

"Eu matei ele Josh..."- soluçou.- "Me perdoa..."

Segurou seu rosto, a afastando e a olhou nos olhos.

"Você não matou ninguém Kaycee, o Sean vai ficar bem."

"Promete pra mim? Pelo amor de Deus Josh, eu... eu nunca quis que isso acontecesse, eu nunca quis machucar ele."

"Eu sei, calma, tá bom?"- pediu, enxugando seu rosto e acariciou a marca vermelha na bochecha.- "Ele é forte demais."

"Eu sei..."- assentiu, o abraçando novamente.

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As horas se passavam devagar, os ponteiros do relógio pareciam congelar. Sean tivera de passar por diversos exames seguidos, e até agora, era a única notícia que tinham.
Kaycee esquecera completamente da vida, envolvida nos próprios pensamentos. Bailey estava instável, hora chorava desesperada, hora se acalmava, mas nunca permanecia em algum por muito tempo.
Ela estava mais afastada, preferiu fazer por conta da garota. Pegou sua bolsa, afim de procurar o celular para tentar ligar para Amari, avisando o que acontecera.
Um pequeno pedaço de papel caiu no chão quando tirou o aparelho de dentro da bolsa, pegando o mesmo e leu.

"Você ainda vai ser minha, eu sei, sinto pela forma que me olha quando não estamos discutindo. A gente nasceu pra ficar junto Kay, para de fugir da felicidade e me aceita logo.

Dirija ou morra comigo. Do seu, Sean."

Abaixou a cabeça, respirando fundo ao voltar a chorar, inundada nas lágrimas grossas e impiedosas que lhe caíam dos olhos. Parecia que ia morrer de tanta dor.
Um médico se aproximou, com uma prancheta nas mãos.

"Familiares de Sean Lew?"- perguntou.

Os três se levantaram, ajeitando as roupas.

"Por favor me diz que tá tudo bem com ele..."- Bailey pediu.

"Vocês são da família?"

"Somos a que ele tem aqui."

"Claro... vim avisar que vamos começar a cirurgia em dez minutos."

  Kaycee sentiu o corpo gelar, se aproximando do médico.

"Cirurgia?"

"Sim, ele fraturou o joelho, vamos ter que operar."

"Mas... ele não vai..."- respirou fundo.- "Voltar a... andar?"

"Esperamos que sim."- sorriu.- "A cirurgia demora por volta de três horas, se quiserem ir pra casa e depois voltarem, eu aconselho."- os olhou.

"Não vou deixar ele aqui sozinho."- Bailey falou.- "Nunca."

"Bay, a gente precisa... buscar os pais dele."- Joshua respondeu.

"A mãe dele tá em Nova York?"- Kaycee perguntou.

"A família toda."- a olhou.- "Vieram comemorar o aniversário dele."

"Aniversário?"- sua voz saiu como um sussurro.

"É... hoje é aniversário dele, Kay."- o garoto contou.

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Bom, como eu disse, vou adiantar alguns aqui. Espero muito que gostem e não se esqueçam de favoritar e comentar o que acharam

Ps.: Vou deixar essa música nos próximos, se quiserem ouvir em todos, fiquem à vontade para chorarem mais.

"Ride or Die"Where stories live. Discover now