Cento e cinquenta e nove.

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"Me liga quando sair que eu te busco."- Amari falou ao estacionar na frente do hospital.

"Não saio daqui tão cedo, não precisa se preocupar comigo."- ela respondeu baixo.

"Não vai trabalhar hoje?"

"Não."- negou com a cabeça.- "Obrigada pela carona, eu te mando notícia."

"Okay.. eu aviso que... você não se sente bem e por isso faltou."- falou, a observando assentir e sair do carro.

       Kaycee caminhou até a recepção, e como ainda era cedo, não havia muita gente. Por sorte conseguiu entrar como visitante, indo até o quarto do garoto acompanhada por um dos enfermeiros.
       Bateu fraco na porta, a abrindo devagar ao ver Miya. Estava sentada na poltrona ao lado do leito, de olhos fechados enquanto massageava as têmporas.

"Oi..."- falou.

"Oi..."

"Kaycee."

"Claro, eu me lembro bem."- sorriu fraco, se levantando.- "Como vai querida?"

"Péssima..."- sussurrou.- "Desculpa senhora Lew..."

       Ela negou com a cabeça, segurando as mãos da garota em sua frente.

"Não, essa é a última coisa que quero que me diga."- falou.- "Cuida dele pra mim? Vou tentar comer algo."

       Kaycee assentiu com a cabeça, se aproximando ao ouvir a porta se fechar. Ele estava pálido, os lábios esbranquiçados e com olheiras debaixo dos olhos. Tão diferente de sempre. Tocou seus cabelos, fazendo um leve carinho ao observá-lo.
        Suspirou, se inclinando e lhe deu um beijo demorado na testa.

"Oi Sean..."- sussurrou.- "Eu vim te ver e... conversar."

        Puxou a poltrona para mais perto da maca, se sentando e segurou uma das mãos do garoto.

"Quero te pedir perdão, por muita, muita coisa..."- começou, sem se importar com as lágrimas que lhe caíam dos olhos naquele momento.- "Perdão por ser tão difícil de lidar, perdão por te tirar do sério tanto quanto você me tirou do sério, perdão por fingir não me importar com você, perdão por não me abrir pra você, perdão por demorar tanto pra perceber que eu..."- sentiu a voz falhar.- "Olha... é difícil pra mim conversar sobre a minha vida, mas acho que já passou da hora de você me ter por completo."- respirou fundo.- "Uma fez me perguntou porquê eu não tinha ido pra Juilliard, lembra? Então... eu não te contei que tenho problemas. É, eu tenho problemas com o meu pai, ele não... me motiva à isso, ele nunca me incentivou a ganhar a vida com o que amo Sean."

      Fez um carinho no dorso de sua mão.

"Eu queria te contar tudo sobre mim, mas era muito complicado, porque... achava que eu não importava."- suspirou.- "Sabe, meu pai é... bom, eu não sei o que ele é na verdade, mas dizia que a minha dança não levava à nada, que era coisa de vagabundo e que eu merecia algo melhor pra vida. Por isso parei de fazer as aulas, por isso vim pra Nova York, por isso desisti da Juilliard."- encarou as mãos juntas.- "Eu... só queria ser boa pra ele, como meu irmão é."- enxugou o rosto.

       Miya já havia voltado, mas parou antes de abrir a porta do quarto, ao ouvir o choro baixo e a voz da garota.

"Nunca quis te prejudicar com a merda da minha vida Sean, mas você, é muito insistente."- riu fraco.- "Tanto que trouxe de volta o sentimento bom que eu tinha sempre que dançava, me ensinou a improvisar na vida, a pensar mais no que eu quero... você me trouxe de volta, na minha melhor forma."- o observou.- "Eu só queria poder fazer o mesmo por você, porque... eu te amo."

       Uma lágrima insistente lhe caiu do rosto.

"Eu te amo Sean, de verdade."- sussurrou.- "Como nunca amei alguém antes, e... espero poder te dizer isso de novo, e ouvir uma resposta tosca sua só pra me provocar dizendo que já sabia. Por favor... eu preciso que acorde..."

        Deitou a cabeça no colchão do leito em que o garoto estava, voltando a chorar. Miya abriu a porta após bater fraco, emocionada depois de ouvir as palavras e todo o sentimento envolvido na confissão de Kaycee.
         Se aproximou, agachando perto dela e tirou os cabelos de seu rosto.

"Posso?"- perguntou, abrindo os braços e sorriu ao ser abraçada pela garota.- "Kaycee, em toda a minha vida, eu nunca vi meu filho tão feliz como quando ele estava com você."- começou a falar.- "Desde que começaram a se relacionar, Sean mudou de muitas formas. E grande parte eu devo agradecer a você."- se afastou um pouco, enxugando seus olhos molhados.- "Você ensinou a responsabilidade, o foco, a organização e... um tipo de amor diferente pra ele."

"Diferente?"- perguntou.

"É."- sorriu.- "Você ensinou o amor conjugal, o amor comprometido, o amor que mexe por dentro e por fora."- explicou.- "Sabe, você foi a primeira que ele assumiu pra mim de verdade, que o fez sonhar e fazer planos futuros, que o tirou do sério e chamou a atenção por não ser fácil com as outras."- riu fraco.- "Você fez e faz bem pra ele, e eu posso responder que esse sentimento dentro de você é recíproco, e até um pouco mais que isso."

       Kaycee assentiu com a cabeça, abraçando a mulher novamente.

"Obrigada senhora Lew, eu nem sei o que dizer..."

"Nem precisa, eu meio que ouvi tudo."- riu.- "E meu nome é Miya."

       Sentiu as bochechas queimarem.

"Fica tranquila, é nosso segredo."- sussurrou, sorrindo ao ver o pequeno sorriso se formar em seus lábios.

        Uma enfermeira entrou no quarto, avisando que seu tempo de visita havia terminado e que tinha mais gente esperando para entrar. Kaycee se despediu de Miya e de Sean, saindo do quarto do garoto logo.   

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Mais um! Gente, passando aqui pra atualizar vocês! Espero muito que gostem e não se esqueçam de favoritar e comentar o que acharam! Beijos de luz e até

Ps.: Posso tentar voltar, o que acham?

Ps2.:😔.........

"Ride or Die"Where stories live. Discover now