Capítulo 1

570 24 7
                                    

"Eu amo você" ele disse, estremecendo enquanto respirava o tímido ar da noite. Uma vez os enervantes olhos verdes, mais afiados que vidro e mais quentes que aço fundido, agora tremendo com uma incerteza imprópria daquele típico bastardo equilibrado.

Eu forcei uma risada, que fez ele ficar rígido e respondi, "Essa é uma piada estranha, até mesmo pra você."

Sob o arco de madeira coberto com hera retorcida e rodeado pela fragrância de rosas, lírios e girassóis, Beau invadiu mais do que meu espaço. Ele estilhaçou os confins da minha mente, quebrando barreiras que antes eram altas. O suave rangido dos seus tênis contra a pedra retumbou em meus ouvidos.

Aqui, em um jardim de fontes cinzentas e frias e flores adormecidas, Beau falou segurando a respiração como se quisesse me enredar apenas com palavras, "Não é uma brincadeira. Isso não é uma brincadeira, Devin."

Ele me beijou.

Então eu me perguntei como diabos as coisas mudaram tanto em somente 13 dias.

⋅⋅⋅⊰⋅⋅⋅⋅⋅⋅⋅☾∘∙•⋅⋅⋅⋅⋅⊰⋅⋅⋅⋅⋅⋅⋅

"Devin, eu juro que se você não estiver pronto nos próximos cinco minutos, eu vou fazer você sentar no quarto do hotel sem TV pelas próximas duas semanas!" Minha mãe gritou do andar de baixo, dando partida no meu motor, com sucesso, que ficou sem gasolina meros segundos depois que ela me acordou pela décima vez.

"Eu estou pronto, eu estou pronto!" Porém essa foi uma das minhas maiores mentiras, então eu pulei da cama como se o próprio Satã estivesse atrás de mim. Nesse caso minha mãe irritada pode ser o próprio Satã.

Minha bagagem não estava totalmente arrumada. Eu joguei qualquer coisa que minhas mãos conseguiram alcançar e fechei a mala. De qualquer forma os únicos itens de real importância eram meu celular e o carregador.

Ainda bem que agi rapidamente porque minha mãe subiu as escadas em passos largos e rápidos que sinalizavam minha possível destruição iminente. A porta do meu quarto se abriu. Ela parou na entrada, um pouco esgotada com seu cabelo castanho preso em um rabo de cabalo bagunçado. Ela analisou o quarto, observando minha bunda presunçosa sentada em uma mala muito cheia.

"Você só jogou coisas aleatórias aí dentro, não foi?"

"Não"

Ela se encostou na moldura da porta, braços cruzados e nariz enrugado.

"Você disse que eu tinha 5 minutos." Argumentei.

"Sim, agora, mas você sabia sobre essa viagem há meses atrás" Ela esfregou sua têmpora como se estivesse reagindo a uma dor de cabeça que estava por vir, ou quem sabe, já estivesse lá naquele momento. "Oh meu Deus, como você vai sobreviver no dormitório da faculdade? Você mal toma conta de si, mesmo eu estando sempre no seu pé."

"Ei!"

"Vamos, jogue suas coisas na van, todo mundo já está pronto para ir."

Ela saiu. Eu fui fazer uma verificação inicial do cheiro das roupas, ao acaso vesti uma camisa folgada e um short de basquete. Meu cabelo castanho frisado nunca foi domável então meu fiel boné de beisebol sempre esteve lá para salvar o dia. Não que eu precisasse me arrumar. Nós tínhamos ao menos onze horas na estrada. Se eu ia ficar preso em uma van por tanto tempo, eu ia ficar confortável pra caralho.

14 Days (PT-BR)Where stories live. Discover now