05| Vincent

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Antes...

  Grace Churchwell é suave. É como uma brisa refrescante na minha vida de merda e eu me vi cada vez mais ansioso para nossos encontros de estudo.
Quando saio da minha última aula do dia, vou direto para a biblioteca e encontro Grace já sentada e debruçada sobre suas anotações de física. 
 
  — Já conseguiu fazer Einstein chorar hoje provando que todas as teorias dele estavam erradas? - Inclino meu corpo sobre o dela, prendendo um braço meu em cada lado da mesa.

  — Todas? Não... Só algumas... - Grace levanta a cabeça e sorri para mim.

  — Vem comigo, estou cansado de ficar estudando na biblioteca.

  — Esse é o lugar onde as pessoas estudam, Vincent.

  — Vem comigo, Grace. - Dou um pequeno beijo em sua testa e volto à postura normal, andando até a saída da biblioteca, eu sei que ela vai me seguir.

  Quando passo pela porta, vejo Cecilia encostada na parede com um vinco na testa enquanto olha para seu pequeno bloquinho e eu sei exatamente o que isso significa, mas antes que eu chegue até ela, Grace aparece ao meu lado com seu sorriso e meu foco muda.

  — Aonde vamos? - Ela sorri para mim, com suas bochechas coradas.

  — Você vai saber quando chegar lá. - Sorrio de volta e encaixo minha mão na dela, nos guiando para fora do prédio.

  Dias atuais

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  Dias atuais...

  Cecilia Carter... Só pensar nesse nome já faz uma raiva tomar conta do meu corpo. Quando eu me virei e a vi parada na porta da sala de reuniões, eu a reconheci imediatamente. Onze anos se passaram e minha raiva ainda não havia diminuído. Ela, definitivamente, não era mais a garota de 16 anos que deixei para trás quando fui para a universidade. Ela era uma mulher e porra se não era a mulher mais bonita que eu já vi na vida. Mas um rosto bonito e um corpo perfeito não me fizeram esquecer o passado e assim que meu cérebro entendeu o que estava acontecendo, tracei meu novo objetivo... Eu irei destruir Cecilia. Irei fazê-la implorar para que eu a perdoe e eu não a perdoarei. Nunca.

Entro na minha cabine particular na primeira classe e já sou recebido com um cardápio de bebidas e minhas opções para o jantar. Vinte e nove horas até Taiwan, depois três horas de espera para troca de aeronaves e finalmente um vôo final até Xangai.
   Eu odeio ter que viajar para tão longe assim e essa expansão para Xangai tem me dado mais dor de cabeça do que eu pensei. Há sempre essa sensação de que algo está errado quando resolvemos assuntos sobre o terreno até que aqui estou. E com Cecilia...

  Fecho os olhos e suspiro. Será um longo vôo e uma viagem mais longa ainda.
  Quando pego o cardápio, uma bebida me chama atenção.
  Cecilia e eu estávamos na minha casa e sabíamos que minha mãe escondia bebidas por lá. Minha mãe e as porras dos seus amigos estavam fora o que fez Cecilia ir até a lavanderia e remexer o cesto de roupas sujas, onde uma latinha de Natural Ice se misturava entre as roupas. Foi a primeira vez que Cecilia bebeu algo alcoólico e ela não podia ter a reação mais engraçada.
  Algo em meu peito aperta ao lembrar dessa época. Lembrar do sorriso que ela tinha no rosto naquele dia e perceber que a Cecilia do presente ainda não sorriu para mim... Minha raiva ainda está muito presente mas há algo mais... Algo que não posso deixar me guiar.

  — Pode enviar uma Natural Ice para a classe econômica? - Pergunto para a aeromoça quando ela passa por mim.

  — Claro. - Ela sorri e eu digo a ela onde Cecilia está sentada.

  Vinte e nove horas depois, espero minha mala passar pela esteira e vejo os cabelos loiros presos de uma forma desleixada, como se ela tivesse lutado contra o assento para conseguir a melhor posição para dormir. Sorrio.
   Quando eu troquei os assentos, fui claro ao pedir que Cecilia ficasse no assento do meio, assim ela não teria uma posição muito confortável para dormir a menos que usasse algum ombro como apoio.

  — Foi um bom vôo - Digo quando chego perto da loira. Ela não cresceu um único centímetro.

  — Foi... Obrigada pela bebida... - A voz dela é um murmúrio, pequena e tímida e o rosto está cansado e mesmo assim, ela não briga comigo. Isso é novo. Onze anos atrás Cecilia teria se atrevido a me bater e gritar comigo, ficaria furiosa e então perderíamos o controle. Mas não a Cecilia em minha frente...

  Ela continua olhando para a esteira até que mais nenhuma mala passa por nós.

  — Era só o que me faltava... - Ela murmura com um pouco mais de força e raiva, agora sim me lembrando a garota que conheci anos atrás. — Temos quanto tempo até o próximo vôo? - Ela finalmente olha para mim e tento me segurar em meu lugar. Esses olhos sempre foram expressivos, um tom de azul tão bonito e mesmo com o semblante cansado, ela ainda é uma visão incrível... Com suas bochechas levemente rosadas e todas as sardas que a deixam com um ar mais inocente...

  — Temos três horas e meia para a troca de aeronaves. - Mantenho o rosto frio e a voz no tom mais controlado possível, mesmo que uma tempestade esteja ocorrendo em minha cabeça.

  — Preciso achar minha mala... - Ela suspira, olhando novamente para a esteira. — Te vejo mais tarde?

  Ela parece não ter percebido sua fala mas eu não pude deixar de lembrar de todas as vezes que essa mesma frase saiu de seus lábios, provocando... Tento ver se há algo em seu rosto mas não há... Apenas aceno com a cabeça e saio em direção a área de embarque para Xangai.

  Não menciono que Cecilia não encontrará sua mala por aqui...

  Sorrio.

  Estou só começando....

Eai?? Oq estão achando???

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CRAWLING BACK TO YOUWhere stories live. Discover now