06| Cecilia

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Dias atuais...

  — Sua bagagem já chegou ao destino. - A mulher do guichê sorri para mim.

  — Como assim minha bagagem já chegou no destino? Eu ainda não cheguei no destino. - Então me lembro quem esteve com nossas bagagens. Vincent... — Pode me dizer exatamente onde é o destino da minha mala?

  A atendente digita mais algumas coisas em seu computador antes de me responder.

  — Cancun.

  — Can...

  — Para onde iria se pudesse fugir? - Pergunto ao garoto ao meu lado. Ele estava sentado nas escadas de emergência do meu prédio, devorando um pedaço de bolo como se essa fosse sua primeira refeição em dias, e talvez fosse. Vincent e eu tínhamos construído uma relação de cumplicidade, desde o primeiro dia que nos encontramos e então descobrimos o quão fodida nossas vidas eram. Então eu lhe fiz a pergunta que me fiz durante anos... Para onde eu iria se eu pudesse fugir?

  — Não sei... Às vezes eu só queria não precisar fugir... - Ele responde, dando de ombros como se não fosse nada de mais.

  — Eu iria para Cancun... - Retiro um papel amassado do meu bolso. É um panfleto velho que meu pai me deu há muitos anos, ele dizia que me levaria para a praia algum dia, mas que as praias dos Estados Unidos não eram tão bonitas assim, então eu teria que esperar até que ele tivesse dinheiro o suficiente e então iríamos para Cancun, o lugar da foto do panfleto. — Meu pai iria me levar lá. - Mostro a foto para Vincent.

  — É bonito... - Ele olha para a foto que já está um desgastada e então parece pensar um pouco mais. — Você tem pai?

  — Tinha... Ele morreu...

   A lembrança me atinge e sinto o baque em todo meu corpo. Estive em muitos países durante os últimos anos, mas nunca estive em Cancun. Eu precisava ser esperta, ir para a Europa era o mais inteligente a se fazer, eu poderia simplesmente entrar em um trem e logo estaria em outro país, aprendendo uma língua nova. Cancun era um sonho que, por enquanto, deveria permanecer como tal. Ir para a Ásia foi somente no fim dessa minha vida de nômade, eu queria aprender um dos idiomas mais falados do mundo então fiz o pequeno desvio, e então finalmente voltei para casa. Sem me permitir ir a Cancun.

  Raiva. Uma raiva que não consigo conter toma conta do meu corpo. Raiva e um mix de outros sentimentos bagunçando minha mente. Saudade, mágoa, ódio, desejo... Tudo isso faz com que um lado meu, que deixei dormindo por onze anos, desperte.

  Pisando duro pelo saguão do aeroporto, entro na área de embarque para o voo de Xangai e vejo os cabelos loiros escuros de Vince, que está de costas para mim. 

  — Você não tinha esse direito! - Grito quando fico frente a frente com ele. —  Não têm o direito de esquecer da minha existência por onze anos e depois tentar estragar minha vida! Eu vou trabalhar para o Sr. O'Connor você querendo ou não. Então eu sugiro que aja como um profissional.

Não dou tempo que ele argumente, apenas saio pisando duro.

  — Só vou resolver um problema com minha bagagem e já volto. - Digo para o homem que está na porta da área de embarque conferindo as passagens e documentos.

  Volto para o mesmo guichê onde descobri que aquele filho da puta enviou minha bagagem pra longe.

  — Oi... Consegue me informar se minha mala ainda está no aeroporto ou se alguém a retirou de lá? - Não faço ideia se Vincent pediu para alguém retirar minha bagagem ou se só deixou ela lá no aeroporto.

  — Sua mala está sendo transportada para o resort Black Aurum Cancún. Esse endereço está errado?

  — Sim, esse endereço está errado. Essa mala deveria ir comigo para Xangai.

  — Esse foi o endereço dado no check-in.

  — Eu sei, houve um pequeno engano no check-in. Como posso resolver?

  — A bagagem já deixou o aeroporto, e pela equipe que foi autorizada a retirá-la no check-in, não temos muito o que fazer...

  — Ok... Obrigada. - Sorrio gentilmente mas por dentro estou fervendo.

  Entro no meu e-mail e vejo as trocas de mensagens com a Sra. Lee, assistente do Sr. O'Connor que eu irei substituir. Rapidamente envio uma mensagem para ela pedindo que ela me ajude a contatar o resort em Cancun e tentar enviar minha mala novamente para Nova York. Fiz as contas e, mesmo que eu consiga que eles enviem minha mala para Xangai nesse exato momento, a mala ainda demoraria dois dias para chegar, já que pegamos o último voo com somente uma parada nessa temporada, todos os outros demorariam muito mais tempo.
Eu não tenho muito dinheiro comigo mas não me importo. Vincent vai pagar por cada peça de roupa que eu escolher e eu vou fazer questão de escolher as mais caras...

  Olho novamente para meu e-mail e vejo que nossos hotéis também foram alterados. Estou em um pequeno hotel  em um bairro mais afastado e ele provavelmente deve estar em um dos melhores resorts do país.

  Ok, eu prometi ser profissional, mas foi ele quem começou e isso não vai ficar desse jeito...

𝙶𝚎𝚗𝚝𝚎!!! 𝙲𝚑𝚎𝚐𝚊𝚖𝚘𝚜 𝚎𝚖 𝟷𝙺 𝚍𝚎 𝚕𝚎𝚒𝚝𝚞𝚛𝚊𝚜!! 𝙾𝚋𝚛𝚒𝚐𝚊𝚍𝚊 𝚙𝚘𝚛 𝚕𝚎𝚛 𝚖𝚎𝚞 𝚕𝚒𝚟𝚛𝚘 🖤

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𝐄 𝐞𝐧𝐭ã𝐨, 𝐨 𝐪𝐮𝐞 𝐞𝐬𝐭ã𝐨 𝐚𝐜𝐡𝐚𝐧𝐝𝐨 𝐚𝐭é 𝐚𝐠𝐨𝐫𝐚? 𝐉á 𝐝𝐞𝐮 𝐭𝐞𝐦𝐩𝐨 𝐝𝐞 𝐜𝐫𝐢𝐚𝐫 𝐭𝐞𝐨𝐫𝐢𝐚𝐬???

𝐄 𝐞𝐧𝐭ã𝐨, 𝐨 𝐪𝐮𝐞 𝐞𝐬𝐭ã𝐨 𝐚𝐜𝐡𝐚𝐧𝐝𝐨 𝐚𝐭é 𝐚𝐠𝐨𝐫𝐚? 𝐉á 𝐝𝐞𝐮 𝐭𝐞𝐦𝐩𝐨 𝐝𝐞 𝐜𝐫𝐢𝐚𝐫 𝐭𝐞𝐨𝐫𝐢𝐚𝐬???

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CRAWLING BACK TO YOUOù les histoires vivent. Découvrez maintenant