Vizinhos que nasceram no mesmo dia, mês e ano

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Dois meses se passaram em um piscar de olhos. Com Will por perto os dias pareciam ter menos horas e antes que eu percebesse era fim de semana. Existia essa reunião não comunicada que acontecia todos os sábados, no começo era sempre em casa, depois começamos a migrar. O encontro com os pais de Percy aconteceu, assim como com os de Piper e Annabeth. No fim escolhemos a casa de Will como sede, mais espaçosa e definitivamente mais divertida.

Will havia se tornado voluntário na cafeteria. Ele aparecia para me ver e de alguma forma acabava envolvido no atendimento – principalmente em dias frios onde o movimento triplicava. No começo eu reclamava, afinal não era necessário e ele estava trabalhando de graça, mas no fim eu aceitei que ele se divertia. Acho que era uma distração para a cabeça ociosa dele que ainda não havia decidido que curso fazer de faculdade, ou se faria algum. Mark havia dito um dia que ele deveria usar a vida dele para fazer aquilo que o deixava feliz e realizado, independente de ser algo que normalmente se espera de um adulto, como cursos, faculdade e trabalho. Ele sugeriu que Will viajasse o mundo, ou que demorasse o tempo que fosse para tomar uma decisão que ele "bancaria o estilo de vida dele enquanto pudesse". Will não gostou da ideia. Como uma pessoa completamente fora dessa realidade era engraçado ver como eles se relacionavam, principalmente em relação ao dinheiro. O que ele ouviu era provavelmente o sonho de qualquer jovem adulto, mas sua mente funcionava ao contrário. Ele era muito mais maduro que seu pai, ele queria metas objetivas e funcionais – acho que essas eram as características que vieram de sua mãe.

- Eu quero um trabalho. Algo que eu goste, que eu conquistei e que me de perspectiva. Não consigo viver que nem o meu pai, sem planos e decidindo tudo em cima da hora, como se a vida fosse uma brincadeira. E não é que eu ache errado, a verdade é que eu invejo a forma como ele vive, eu só não consigo ser assim. – Ele havia me dito um dia enquanto jantávamos e olhávamos a descrição de diversos cursos profissionalizantes.

Sua visão de mundo acabou agregando aos poucos a minha, e quando notei estava vendo cursos que me interessavam também. Will e Percy haviam feito um acordo de só iniciarem a faculdade juntos, então enquanto Will não decidisse o que fazer, Percy aguardaria. No fim acabei sendo incluído na promessa. Não preciso nem dizer que Jason amou a ideia – ele parecia um pai orgulhoso ao ver seu filho tomando decisões sobre o futuro.

Quanto ao meu pai, não o procurei. Ainda. Bianca havia me ligado dizendo que estava voltando para casa nas suas férias e eu estava pensando em visita-la. Qualquer que fosse minha decisão Will, Percy e Jason iriam comigo.

***

Era uma sexta feira agradável, não estava exatamente quente, mas meus dedos não estavam congelando – fluxo sanguíneo e tudo mais. Will havia me chamado para jantar e disse que era uma ocasião especial. Eu não sabia o que esperar, ou melhor, não queria esperar tanto por isso quanto eu estava. Veja bem, nosso relacionamento estava indo muito bem. Eu conseguia me imaginar vivendo ao lado de Will, estudando juntos, nos mudando para um lugar próximo a faculdade – mas que continuasse perto de Jason – e até mesmo um futuro mais longínquo onde nos casaríamos, adotaríamos 3 cachorros, 4 gatos e talvez crianças. O problema era... nós ainda não estávamos namorando. Não havia existido pedido, embora Jason insistisse que não era necessário porque já éramos um casal – mas esse argumento era inútil contra a minha ansiedade.

Will não veio hoje ao café durante o dia e só apareceu ao fim do expediente. Eu o aguardei do lado de fora por alguns minutos e quando ele apareceu em meu raio de visão meu coração deu um salto. Descobri que aquela agitação dentro de mim era muito mais duradoura do que imaginei inicialmente. Will Solace ainda tinha os mesmos efeitos sobre a minha pessoa mesmo após dois meses e eu acredito que era a mesma coisa com ele. Sempre que trocávamos olhares durante muito tempo ele corava, seus sorrisos continuavam envergonhados e brilhantes e ele ainda me abraçava como se tentasse me sufocar todas as vezes. Sem falar nos beijos – a única coisa que mudou foi que as mordidas aumentaram conforme ele foi ganhando confiança.

Akai ItoWhere stories live. Discover now