Capítulo 31

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Antonella

É mais um dia.
Não consegui o perdão do Enrico, mas preciso continuar a refazer minha vida. E o passo seguinte é conseguir um emprego.

Após uma maravilhosa noite de sono acordei como nova.
Depois dos últimos acontecimentos dormi bem pela primeira vez, mesmo totalmente cansada por ter passado o resto do dia de ontem limpando minha casa.
Acho que estava com saudades do meu lar, minha cama.

Depois de tomar um longo banho quente, tomar meu café, volto para o quarto onde já tenho a roupa para o dia escolhido sobre a cama. Uma saia preta e uma blusa social branca. O básico é sempre mais seguro.

Visto a roupa, e continuo no básico, optando por um salto alto preto. Tenho dúvida sobre deixar o cabelo solto ou fazer um rabo de cavalo, mas no final acabo ficando com a segunda opção.

Pronta, olho para o espelho uma última  vez para ver se está tudo certo; depois que me certifico, pego minha bolsa e o envelope com  algumas cópias do meu currículo. Mesmo sem querer exagerar, não consigo evitar passar uma última vez meu perfume favorito. Talvez ele me dê um pouco de sorte.

[...]

Usei a internet para identificar alguns locais que estão aceitando currículos. Bom, sem uma formação específica, não tenho tantas opções, e infelizmente não peguei uma carta de recomendação com a Biblioteca.

Mas se consegui um emprego com 19 anos, sem nenhuma recomendação, e ainda pior, sem saber quase nada, com certeza não será tão difícil agora.

A primeira entrevista é em uma livraria, acho que me apaixonei pelos livros, e sinceramente preferia conseguir a vaga aqui.
Sou recebida por uma mulher de meia idade, baixa, cabelos grisalhos, não tão simpática mas poderia ser pior.
Suas perguntas são básicas, ela faz ainda um pequeno teste sobre atendimento e depois me dispensa com a promessa de enviar um e-mail caso eu seja contratada.

São 9 horas e 23 minutos e para as 10 horas tenho uma entrevista para a vaga de recepcionista num hotel do outro lado da cidade, então corro para a estação de trem. A senhora da livraria devia ter me liberado mais cedo, mas claro, não podia reclamar.

[...]

Enquanto alterno meus olhos entre o relógio no meu pulso e as grandes escritas "J.K Place Roma", corro em direcção à entrada do hotel, e nesse momento penso que poderia ter escolhidos um salto menor.

Quando finalmente estou no interior do prédio, são exactamente nove horas e cinquenta e nove minutos, o que me faz suspirar aliviada.

— Bom dia, sou Antonella Valentini e estou aqui para a entrevista para a vaga de recepcionista — a ruiva na minha frente me analisa como eu fosse uma prostituta e ela uma cafetina.

— Siga-me, sua entrevista será no outro andar.

Concordo com a cabeça e sigo a bela mulher. Sua aparência me faz imaginar que tem entre trinta e trinta e três anos, ou talvez trinta e quatro, mas não mais que trinta e cinco. O vestido preto completamente ajustado ao corpo não consegue esconder o facto de que ele é perfeitamente alinhado, ombros finos, seios fartos , uma cintura de dar inveja e coxas não tão finas e também não tão grossas.

No elevador ela mal olha para mim, não diz nem uma palavra e em nenhum momento deixa de manter seu queixo para cima. Ela não me deixa confortável e a livraria é sem dúvidas minha melhor opção até agora.

Continuo a seguindo enquanto ela vai para o exterior do elevador até que paramos em frente a uma porta, e finalmente ela me olha.

— Você está atrasada — ela diz e se vai.

Fico sem entender, e isso me deixa com raiva e vontade de descartar esse lugar, mas já que estou aqui, vou até ao fim.

Suspiro e bato levemente na porta, até ouvir um "entre" e tenho a certeza que a pessoa do outro lado não vai facilitar minha vida.
Seguro firme no envelope em minhas mãos, abro a porta, e sou surpreendida por um homem lindo jogado no sofá e com seus pés sobre a mesa.

Me questiono se estou no lugar certo, este homem parece mais um mafioso que algum dono de hotel ou alguém que faça entrevistas para recepcionistas.

Me questiono se estou no lugar certo, este homem parece mais um mafioso que algum dono de hotel ou alguém que faça entrevistas para recepcionistas

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Ele me olha sem dizer nada, e eu não dou nem um passo. Prefiro me manter o mais perto possível da porta.

— Bom dia — digo quando vejo que ele não vai fazê-lo.

— Bom dia. — ele tira os pés da mesa — aproxime-se por favor.

Depois de três palavras percebo que ele não tem apenas um tom forte, ele tem um sotaque diferente, merda, ele tem um sotaque russo.

A mulher, o seu estilo de mafioso, o sotaque russo, será que cometi um erro ao fugir de Lorenzo? Isso não pode ser coincidência.

Engulo em seco e dou um passo para trás.
— Desculpa, senhor?

— Mikhail Barkov — sinto um arrepio percorrer minha espinha. — Mas me trate apenas por Mikhail.

Não espero para ouvir mais nada. Preciso de apenas um passo para estar fora da sala e fechar a porta. Preciso sair desse lugar.

Obsessão De Um Mafioso On viuen les histories. Descobreix ara