Tudo que sinto é... medo.

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Me viro para sair, mas sou impedido pela voz autoritária do homem presente na mesa.

- Vai continuar me ignorando, Jimin?

- Vou! Agora me dê licença, senhor, porque preciso correr para a escola.

Ele segura meu pulso forte com sua mão - Olha aqui Jimin, eu sempre faço suas vontades, deixei você fazer aquela porcaria de dança, que tanto queria, então não me trate como um desconhecido. Porque expulsei aquela coisa. - Incrédulo com sua fala puxo brutalmente meu braço das suas garras e olho diretamente em seus olhos.

- Coisa? O senhor não tem vergonha de chamar, seu filho dessa forma?

- Meu filho? - Solta uma risada sarcástica. - Entenda uma coisa Jimin, eu não tenho filho quebrado. Do que adianta ter criado ele para assumir nossas empresas e no final aquele... - Consigo ver o ódio em seu olhos. - Verme estragar tudo com essa de querer ser homossexual? Tenho nojo de dizer que ele é meu filho!

Meu peito sobe e desce enquanto pressiono meus próprios dedos contra a palma da mão, me segurando ao máximo para não explodir, como da última vez.

Respira Jimin, e só respirar e ir para a escola, não caia nesse joguinho novamente.

- E, porque vai chegar tarde? Conheceu mais uma garota? - pergunta animado.

Forço um sorriso de lábios contraídos. - Não é nada disso, pai, hoje vou finalmente começar a trabalhar, e mesmo que o salário não seja o melhor do mundo, farei de tudo para não precisar usar do seu dinheiro sujo!

- Já disse que não quero te ver trabalhar para outras pessoas, Jimin, não vou admitir que faça isso, quando se recusa a frequentar nossa própria empresa. - gritou batendo o punho na mesa.

Passo a língua entre os lábios e sorrio sarcástico. - Só pode ser brincadeira né? O senhor acha mesmo que vou trabalhar nas empresas, Park?

Sua empresa é a maior e melhor de engenharia de Incheon, que está há mais de vinte anos na indústria e blá, blá, blá...

Que se exploda!

Ele fica de pé, parando a centímetro de distância do meu rosto. - Não te criei para você, me tratar dessa forma, moleque! Aproveite enquanto dá tempo, porque logo, você terá que assumir nossa empresa! Querendo ou não, você não tem escolha. E se você negar, pode ter certeza - pressionou o dedo contra meu peito -, de que assim como aquele sem caráter do seu irmão, você vai deixar de ser meu filho! Porque filho meu faz o que mando fazer! - Cuspiu as palavras na minha cara.

Deixo o ar pesado escapar por minhas narinas, tento me controlar, para não colocar tudo o que sinto nesse momento para fora. Apesar de tudo ele ainda é meu pai, o homem que anos atrás eu admirava e sonhava ser igual. Como isso aconteceu, pai? Por que o senhor teve que mudar tanto comigo? Eu não sou mais o seu bolinho de arroz? Não sou um dos melhores presentes que ganhou na vida? Por que pai? Por que você não volta a ser o que era antes? Queria tanto que isso fosse um pesadelo e que quando acordasse chorando como sempre fazia quando criança, corresse para o seu quarto te abraçar bem forte e me sentir seguro em seu colo, mas tudo que vejo hoje... aqui, olhando para o senhor a forma que você repudia sua própria família, tudo que sinto é... medo.

Medo de nunca mais conseguir ver em você, o homem que tanto admirei um dia.

Uma súbita vontade de chorar me invade, mas tento não deixar transparente, preciso ser forte! Quando estava prestes a continuar a discussão, minha mãe levantou-se rapidamente da cadeira e caminhou até meu pai, ficando em sua frente implorando para que ele parasse e tomasse seu café para ir à empresa porque já estava passando do horário. Mesmo com a cabeça cheia foi nessa hora que percebi que também estava atrasado, por isso mesmo de contra a gosto das ordens do meu pai para que eu lhe desse uma explicação sobre esse meu emprego, eu simplesmente andei até a porta e saí de vez.

Serendipity of a dream Where stories live. Discover now