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Cavaleiro da meia-noite

Ouço as vozes em minha cabeça dizendo para eu me entregar...
Os olhos do abismo nunca estiveram tão vivos
Estamos nas páginas finais, letras escritas em sangue
O vermelho corrompido de uma alma que um dia, fora inocente
Mas que de tanto andar em vão, se desviara do caminho certo
Meu coração se nega a acreditar, mas eu sei...
A perdição é a única saída...
Porque eu sou um pecador, e não dobrarei os meus joelhos
A estrada do fim apresenta um sorriso dos mais sinceros,
Diga "olá", pois o seu destino final reside no inferno
Não é como se eu quisesse me explicar, mas toda alma carece da arte de confessar
Pois digo: Cansei de enterrar-me dia após dia em uma busca sem fim,
Que prometia o paraíso,
E entregava inquietações...
Monstros, criaturas do medo e da morte
Que nunca afastavam-se da dança viva da vida, não o suficiente
Repousavam por alguns instantes para deixar-me respirar; pois eles são gozados...
Mas retornavam logo após para exercer o meu naufrágio
Sempre sorridentes e galantes,
As Senhoras e os Senhores de meus últimos instantes...
Que anteciparam a ruptura, em que para concretizar uma vingança
Fora necessário transformar-se,
Numa sombra realmente repugnante
Tão impura quanto meus malfeitores
Tão imoral quanto meus horrores
Eis, que assim me consagrei: Cavaleiro da Meia-Noite
A desgraça caçadora de embustes e terrores

Poeta: Lucas Eugênio

ALAMEDA DOS POETAS - VOLUME 3 (Concluído)☑️Where stories live. Discover now