Capítulo 22

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Três semanas depois...


O clima na casa dos Park havia ficado pesado. Sem So-Ra e Seong-Hee por perto, tudo era mais calmo e ao mesmo tempo estranho. Era estranho não acordar com a mesa do café toda preparada para receber os filhos e netos, não ouvir a voz da matriarca chamando por Seong-Hee ou por Si-Yeon, até mesmo não ouvir seus filhos a repreendendo pelas suas palavras rudes contra mim e tia Julia.

Era estranho não receber nenhuma mensagem de Seong-Hee ao longo do dia, perguntando se eu estava bem ou se eu queria sair. Das suas brigas bobas com Si-Yeon e das brincadeiras brutas com Yunho.

Além disso, nossas relações foram abaladas. Min-Ah não falava comigo e minha tia desde o dia da prisão de Seong-Hee e So-Ra. Seong-Yeon e Seong-Cheol também não se falavam com tanta frequência, apenas o necessário. Seonghwa passava mais tempo comigo, meus tios e Si-Yeon na, então, sua casa, do que na casa de seus pais. Tudo era muito difícil de assimilar.

Eu sabia que Min-Ah e Seong-Yeon achavam que eu e tia Julia éramos as culpadas pelas prisões, apesar de não admitirem. Isso me fez ter um sentimento de culpa e chegar a pensar que a prisão era demais para Seong-Hee e So-Ra.

Seonghwa e eu íamos visitar Seong-Hee frequentemente. Cada vez que eu o via, ele estava com um sorriso no rosto, mas muito abatido. Me cortava o coração vê-lo daquela maneira, apesar de ele falar o contrário. Ele dizia estar feliz pois todos da família iam visitá-lo, mas se sentia mal pela sua mãe. Em uma das visitas, ele deixou escapar.

- Ela me disse que têm pensado em afastar vocês dois, mesmo que eu diga que a culpa foi toda minha.

- Eu entendo a frustração da nossa mãe, então não se sinta culpado por ela. - Seonghwa deu leves batidas nos ombros do seu irmão antes de segurá-los. - Eu não tenho palavras para te agradecer, Seong-Hee. Sei que fez isso mais pela Lili do que por qualquer outra pessoa, mas ao salvar ela, você também me salvou. Eu quero te pedir desculpas por todos os nossos desentendimentos.

Os irmãos Park se olhavam e Seong-Hee sorriu para seu irmão caçula. Me senti completamente de fora da atmosfera deles, mas não me importava. Aquele momento era uma das coisas que eu mais desejava e aconteceu no local mais inusitado, porém, aonde e quando tinha de ser.

- Eu não sei quanto tempo vovó e eu ficaremos aqui. Espero que retornemos como pessoas melhores no futuro. Espero recuperar os anos perdidos com você e me redimir por tudo.

- Você já se redimiu e está fazendo muito mais. - Interrompi os dois. - Esperamos que esses anos sejam rápidos, Seong-Hee. Certamente, será recebido de braços abertos por todos.

Ao final da visita, nos despedimos com um forte abraço e deixamos o local. Chegamos próximo a casa e percebi várias roupas jogadas pela rua. Algumas peças estavam sendo arremessadas do muro. Seonghwa parou o carro no meio-fio e saiu apressadamente.

- Mas o que...

Seonghwa não conseguiu terminar a frase, pois foi surpreendido por uma mala sendo arremessada em sua direção. Mala essa que era da minha tia Julia. Aliás, todas as roupas eram minhas e de tia Julia. Ouvíamos as vozes de Si-Yeon e Yunho pedindo para Min-Ah parar de fazer aquilo, mas não se obtinha resposta alguma. Min-Ah permanecia quieta e apenas jogava os itens de forma sortida. Assim que Min-Ah abriu o portão para continuar jogando itens maiores, Seonghwa agarrou-a pelos pulsos.

- Para com isso agora mesmo. - Seonghwa olhava de maneira fria e séria para a mãe. – Você está sendo ridícula.

- Tentamos pará-la, mas ela está muito hostil com a gente.

Minha Utopia (Park Seonghwa)Where stories live. Discover now