Capítulo 21

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Minutos depois, as portas do tribunal se abriram e Wooyoung e San me carregaram até o banco do réu, ao lado da minha tia. A sala estava em completo silêncio e haviam várias pessoas sentadas.

"Júri popular?"

Ao pensar na possibilidade, desanimei. Senti que talvez já não pudesse haver jeito para mim e minha tia, pois sempre ouvi falar que coreanos eram preconceituosos.

Reconheci Jongho sentado em um dos bancos. O mesmo me olhava completamente confuso. Em outro, estava a família de Han-Eul, visivelmente nervosos. No primeiro banco, estava toda a família Park, com exceção de So-Ra, que estava no local da vítima.

Sentei com minha tia e abaixei a cabeça. Por mais que eu não houvesse feito nada, minha vergonha era enorme. Senti minha tia acariciar rapidamente minhas mãos e balbuciar um "vamos conseguir" em coreano. Provavelmente para que não suspeitassem que estávamos planejando algo. Tudo que eu fazia ao redor dessas pessoas me passava medo ao ponto de pensar em cada movimento que eu faria.

O advogado a qual tínhamos direito parecia ser uma boa pessoa. Era jovem e mantinha esperança em seus olhos. Ele fez um sinal positivo com um sorriso labial para nós. Por alguns instantes, poderia me sentir em uma situação justa.

- Olá, moças. Me chamo Christopher Bang e serei o promotor de vocês. - Disse o rapaz com um sorriso simpático.

- Muito bem, vamos começar. - Disse a juíza. – Julia Nogueira Park e Lilian Nogueira, vocês estão sendo julgadas sob acusação de invasão de propriedade privada, roubo e agressão. As duas têm conhecimento?

- Sim. - Respondemos uníssono.

O julgamento teve início e a cada minuto que passava, era um bolo a mais se formando no estômago. So-Ra estava sendo muito convincente diante a juíza, que não transmitia nada em seu rosto. Era totalmente imparcial, o que me fez ter um leve alívio. Até que minha tia foi solicitada e ela precisou ir à frente para ser interrogada.

Após o juramento, o advogado de So-Ra começou com as perguntas.

- Senhora Julia Nogueira Park, a senhora reside no Brasil e está associada à família Park devido ao seu casamento com o senhor Park Seong-Cheol?

- Sim. - Tia Julia estava séria.

- Aonde a senhora esteve alojada durante seu tempo aqui na República da Coréia?

- Na casa de Park So-Ra.

- Excelência, para se caracterizar como crime de invasão à propriedade privada, a ré precisa ter restrições sobre a casa a qual está abrigada. Não era um contrato, mas sim um favor. Portanto, sua entrada à casa de forma não-autorizada se dá a esse crime.

- Eu protesto, Excelência! - Ouvi uma voz feminina muito familiar dos fundos do tribunal. - Perdoe-me o atraso, Excelência. Tenho em mãos minha justificativa plausível e comprovada.

Han-Eul estava vestida de maneira formal, portanto uma pasta em uma mão e um papel em outra.

- Senhorita Shin, espero que haja uma boa razão para o atraso. Seus colegas já estão a postos. Tem permissão para falar e logo após, junte-se a eles.

- Primeiramente, bom dia a quase todos presentes. - Han-Eul olhava para So-Ra com um sorriso sarcástico.

- O que significa isso, Excelência? - So-Ra estreitou os olhos. - Han-Eul, o que você...

- Sou uma simples estudante de direito e estagiária desta vara, senhora Park So-Ra, e apesar de ser um momento atípico para nos encontrarmos, creio eu que a justificativa do seu advogado é equivocada.

Minha Utopia (Park Seonghwa)Where stories live. Discover now