Capítulo 1

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J U N G K O O K

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J U N G K O O K

Seoul, 07 de outubro de 2019.

Em que lugar eu deveria estar com 20 anos?

Provavelmente em um campus universitário, fazendo o curso dos sonhos. Ou, pelo menos, trabalhando com alguma coisa mais ou menos estável. Talvez, se tivesse um pouco de sorte e vontade de levantar da cama, conciliando o meu tempo e sendo capaz de exercer os dois juntos.

Decerto, com essa idade, eu deveria estar dando orgulho aos meus pais e sendo feliz.

Mas não.

Não na minha vez.

Não comigo.

Não estou em uma faculdade, muito menos tenho um curso dos sonhos — não resguardo sonho algum, para ser sincero. Não trabalho com algo mais ou menos estável, não orgulho ninguém e, definitivamente, pouco vivo a felicidade.

Sou um cara depressivo e medíocre.

Quando eu era mais novo, minha mãe costumava dizer que eu deveria estudar Medicina, Advocacia ou Engenharia, ou seja, deveria seguir cursos valorizados e que ganham bem. Só que, para a total decepção dela, sangue me causa pavor e eu odeio hospitais; não sei entrar em uma discussão sem ficar nervoso e começar a chorar e, da maneira mais humilhante possível, as minhas habilidades com a matemática vão apenas até as contas de divisão com menos de dois números na chave.

Distante disso, minha brisa sempre foi fotografar lugares e coisas que me chamam a atenção; cozinhar enquanto me balanço de um jeito desengonçado ao som de Red, do The Rose; rabiscar telas e pincelar cores frias por cima; estudar o céu noturno a olho nu todas as madrugadas. E, claro, para minha mãe, nada disso entrava na lista de coisas úteis, como as que ela gostaria que eu fizesse. Afinal de contas, não seria tão vantajoso assim falar para as pessoas que o filho "tira fotos", “frita bife”, "pinta telas" e “sabe distinguir constelações no céu”. Ela não queria um filho fotógrafo, cozinheiro, artista ou astrônomo: queria um filho que fizesse parte da alta sociedade.

Tanta pressão de sua parte para, no fim, ir embora sem ao menos assistir à minha formatura do Ensino Fundamental.

Já o meu pai, ao contrário dela, nunca me cobrou sobre os estudos, nem sobre um trabalho. Não que isso o faça ser mais tolerante, compreensivo ou menos traumatizante: ele está longe de ser bom para mim. Mas, diferente dos antigos discursos da minha mãe, os dele, um pouco piores, sempre afirmam que eu investir em uma faculdade é, na certa, perda de tempo e de dinheiro, uma vez que não vou para frente.

Costumo me autocriticar bastante, principalmente por não ter conquistado nada mais proveitoso em 20 anos de vida do que encontrar Órion em meio às estrelas enquanto meus velhos colegas de Ensino Médio estão anos luz à minha frente. Uns estão concluindo os cursos e sendo reconhecidos em suas áreas, outros têm um bom emprego e já estão construindo uma família.

Do Preto Ao Roxo ▪︎ JikookOnde as histórias ganham vida. Descobre agora