Corte De Névoa E Vidro

Capítulo 29

— Tarde demais.

Eu ergui meu olhar, encarando Rhysand, ele estava na porta.

Rhysand estava quieto, mas os olhos estavam cheios de lágrimas, apesar do rosto continuar com uma máscara de seriedade.

— Não os mate, Jade. -ele disse.

— Mas que merda, vocês sabem o que eu estou passando com tudo isso? —questionei— vocês não sabem um terço do caos, do problema que será se eu tiver essas crianças.

— Então nos conte. -fungou Azriel.

— Não. -neguei.

Não posso, não posso.

Eu encarei agora não só Azriel, mas Rhysand, o qual também estava de joelhos, me implorando.

Eu me soltei de Azriel, andando em círculos pelo o quarto.

— Faço o que você quiser, Jade, mas não os tire de seu ventre, por favor. -Rhysand soluçou.

Eu já estava tremendo.

Ora ora.

Eu parei, travando, estremencendo com aquela voz em minha mente, outra vez.

Parece que algo está sendo gerado aí dentro de você. -a voz cantarolou.

Eu estava pálida.

E o que está aí, me pertence...

Eu fui ao chão, ofegando, como se o ar estivesse a me faltar.

Ai de você, sua vadia miserável, se ousar violar o que está dentro de você.

Eu levei as mãos a garganta, me sentindo ser sufocada.

— Jade!!

Os machos em segundos estavam diante de mim, tentando me ajudar.

— Você não me detém, não tem poder sob mim. -falei sem ar.

— Com quem ela está falando?? -Azriel estava atordoado.

Se engana, grã-senhora. —uma gargalhada— eu vou achar você, e levar o que é meu. -cantou.

E sumiu.

Eu inspirei de forma alta, tomando o meu ar, eu soltei meu pescoço, ofegando, o peito subindo e descendo.

Maldição, mil vezes Maldição.

Eu tenho que tirar isso antes de começar a crescer..

Eu me ergui, rapidamente, eu disparei para fora do quarto, os machos gritando o meu nome, corri pelos corredores do palácio, atravessando até a cozinha, com um movimento de minhas mãos, água começou a ferver no fogão, eu peguei potes de especiarias.

Quais as ervas levam a um aborto??

Canela..

Eu peguei uma mão cheia, jogando dentro da panela.

O que mais?

— O que está fazendo?? -questionou Azriel surgindo.

Alcaçuz, Angélica.

Rhysand surgiu e ele juntamente de Azriel farejaram o ar.

Eu peguei uma xícara, pondo o chá na mesma, com um sopro de poder ele se tornou morno.

— Não.. -Azriel correu até mim.

Eu dei um longo gole, fazendo uma careta diante do horrível gosto.

Em um movimento eu virei a xícara inteira.

— Cospe isso! —Rhysand enfiou o dedo em minha boca— vomita essa porra agora! Jade. -gritou.

Eu o empurrei para o lado, desviando de Azriel que ia fazer o mesmo.

— Já está feito, parem com isso. -falei seca.

Eles me encararam, pálidos, decepção em seus olhares. O que mais me doeu foi o de Azriel.

Quantas vezes ouvi ele dizer que queria ter uma família? Milhares, e eu acabei com essa chance dele.

— Você não podia ter feito isso. -disse trêmulo.

— Foi necessário. -grunhi.

— Necessário pra quê?? -Rhysand gritou.

— A merda do acordo que eu fiz quando era criança, não me permite ter filhos! -gritei.

Eles se calaram.

— A maldita criatura que fez o acordo comigo, para deixar meu poder adormecido, ela impôs no acordo que me ajudaria, com uma única condição, que eu entregasse o meu primogênito a ela. -falei.

Eles estavam congelados.

— Se eu tiver essas crianças, elas serão levadas e acredite, será pior do que eu perdê-las agora. -falei.

— Como pode ser pior? -a voz do espião vacilou.

— Eu não me apeguei a elas, se eu tivesse me apegado, teria sido ruim, pior. -falei.

— Nós não deixaríamos que a criatura os pegasse. -Rhysand soluçou.

— Não há como fugir, não há. —falei— e acham que eu condenaria duas crianças a ter uma besta horrenda como mãe?

Eles estremeceram.

— A maldição da fera está em mim.. —murmurei— estou condenada desde que nasci a ser desse jeito, a maldição da fera prevalece, acham que eu teria coragem de condenar duas crianças a ter uma fera como mãe? Eu não sou a merda do meu pai.

— Jade...

Senti uma pontada em meu ventre, eu ofeguei, indo ao chão.

Não vai matá-los, sua desgraçada.

Soltei um grito dolorido.

— O que está havendo?? -era a voz de Lucien.

— Chame uma curandeira! Agora! -gritou Azriel.

Manchas negras pintaram a minha visão.

Você não vai se livrar desse acordo, Jade Archeron.

E eu desmaiei.

*Até o próximo capítulo ☄️ deixem seu comentário e seu voto pfvr ☄️*.