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◦ Charlie On ◦

* Som do despertador *

Acordo assustada. Tive uma tarde ótima com Ryan e uma noite maravilhosa quando voltei para casa, mas hoje acordei com um sentimento estranho no peito.

Abro a janela e vejo o dia lindo no qual me encontro. Quando já arrumada desço para tomar café, esqueço um pouco desse sentimento.

Charlie: Bom dia!

Mãe: Bom dia!

Pai: Bom dia!

Vou em direção do armário e pego um cereal e também uma tigela, ando um pouquinho mais para o lado para pegar uma colher e meu viro para pegar o leite na geladeira. Coloco tudo na tigela e está pronto meu café da manhã.

Pai: Falou pro Ryan que queremos marcar um jantar para conhecer ele? - por que esse assunto logo de manhã?

Charlie: Falei sim - falo meio envergonhada

Mãe: Não precisa se preocupar, Ryan é um ótimo menino, não vamos matar ele, nós só queremos conhecer melhor o namorado da nossa filhinha - não sei porque, mas até que é um pouco mais reconfortante ouvindo dessa maneira, contanto que ninguém morra eu acho que está bem né?

Pai: Vamos pra escola?

Charlie: Vamos!

* Quebra de tempo *

Ryan: Bom dia, tudo bem?

Charlie: Só uma sensação estranha que eu acordei, não deve ser nada demais, vamos pra aula?

Seguimos rumo a aula e logo depois da chamada, a professora de educação física nos leva para a quadra. Somos divididos em grupos de 5 para jogarmos vôlei. 10 pessoas entram em quadra por um tempo de 10 minutos enquanto a professora fica arbitrando o jogo. Já entro no primeiro jogo então posso ficar descansando no resto da aula.

Paro de estudar para a prova de química quando Elisa entra em campo, esse é o único esporte que ela gosta.

Quase no fim do jogo e há um empate entre os dois times, quando o adversário rebate a bola para o time de Elisa ela se joga no chão para. Rebater a bola, mas acaba caindo e levando um tombo muito forte. Percebo que é grave e corro até minha amiga. Ela bateu a cabeça no chão, está machucada. A professora aparece logo atrás de mim e liga para uma ambulância enquanto faz seus primeiros socorros em Elisa.

Logo uma ambulância chega e leva Elisa acompanhada de nossa professora para um hospital. Não me deixaram ir junta por ser menor de idade, essa era a sensação ruim com que eu acordei, não tenho nenhuma ciência do estado de minha melhor amiga nem do seu bebê.

Ryan tenta me abraçar para me acalmar, mas ambos sabemos que até eu saber do estado de Elisa eu também não vou melhorar, ela é minha irmã, minha irmã do coração, eu preciso dela tanto quanto de oxigênio.

Ryan: Ela vai melhorar, Elisa é dura na queda, se ela não melhorar, nenhum de nós pode.

Charlie: Minha sensação ruim de hoje cedo, era isso.

Ryan: Nossos instintos estão sempre certos, mas não temos que pensar no pior, temos que rezar para que ela e o bebê melhorem.

* Quebra de tempo *

No fim das aulas Ryan me leva até o hospital que Elisa está, ainda não tenho nenhuma notícia nova, não consegui prestar atenção na prova de química, o professor viu meu estado e depois de contar toda a história, ele me deixou fazer ela na outra aula.

Entro sozinha na ala de Elisa e vejo a mesma chorando, enquanto Jeremy também com cara de choro tentava acalmar ela.

Charlie: O que aconteceu?

Elisa: O bebê... Meu bebê... Eu perdi meu bebê - ela desaba, pois ao dizer isso, ela estava tornando a perda do bebê uma verdade.

Essa é a primeira vez que não consigo reconfortar minha melhor amiga. A primeira vez que eu não consigo sentir o que ela sente. Eu tento imaginar, mas é impossível porque eu nunca estive grávida.

Charlie: Talvez... Talvez não fosse a hora certa, talvez no futuro você vai estar mais pronta para receber um filho, sei que não posso sentir o que você está sentindo nesse momento, muito menos te reconfortar direito. Sei como deve estar sendo péssimo para você, mas talvez o bebê tenha escolhido nascer mais tarde, quando você tiver pronta também para receber ele, talvez ele possa ter mais atenção no futuro - acabo chorando ao dizer isso e vou abraçar minha irmã que está na maca, é tão estranho lembrar de hoje de manhã, de antes daquela aula de educação física, isso parece algo tão longe, como se anos tivessem passado até que Elisa caísse.

Charlie: Jeremy, sei que seriam ótimos pais, mas talvez isso seja um sinal, sei como você amou esse bebê sem ao menos ele ainda ter nascido, mas um dia vocês poderão tentar de novo. Me promete que vão cuidar um do outro enquanto isso? Não deixa minha melhor amiga sofrer tá? Sei que não posso estar 24 horas com ela, e é por isso que eu preciso que vocês dois cuidem um do outro, porque eu sei que os dois vão precisar depois do que houve. Nenhum de nós do nosso grupo de amigos pode entender 100% o que vocês sentem agora, mas vamos tentar ao máximo cuidar de vocês também.

Deja-Vu // ConcluídaOnde histórias criam vida. Descubra agora