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Foi a vez de Remus se isolar. Ele fazia isso com bastante frequência, percebeu. Cada vez que as coisas ficavam demais ele preferia ficar sozinho.

Ignorou as incessantes chamadas de Lily, começou a passar as noites na sala dos professores e voltar para casa tarde da noite. Levava seu jantar, e passava seu tempo adiantando matérias, corrigindo provas e trabalhos, sempre ocupando a mente, para não ter tempo para pensar em outras coisas.

A conversa com Mary o havia incomodado mais do que ele gostaria. Primeiro, algo que vinha sempre em sua mente quando ele se distraía, era o fato dela pedir que ele se afastasse por ele estar causando problemas no relacionamento dos dois. Embora Remus, fosse sim, apaixonado por Sirius e tivesse rolado o incidente que não deve ser nomeado, ele jamais dissera nada exatamente ruim sobre Mary. Apenas questionava e deixava seu amigo desabafar sobre o assunto. Por que então ele estaria causando problemas para os dois? Duvidava muito que Sirius contasse qualquer coisa que conversavam sobre a mulher, os dois não eram aquele casal que, ao mesmo tempo, é o melhor amigo um do outro (o que Remus achava errado, mas, enfim).

James foi o procurar uma vez, eles conversaram brevemente.

— Eu só preciso de um tempo, Prongs. Eu logo volto.

— Você sabe que faremos qualquer coisa para te ajudar, certo?

Remus sorriu e revirou os olhos. James o deu um abraço forte. Ele de longe era o mais compreensível com Lupin, os anos o ensinaram que de nada adiantava ficar o pressionando quando se tratava dele.

— Obrigado Jay.

Voltando à inércia, Remus ia e vinha da escola apenas, e no final de semana ele decidiu ir visitar a sua mãe, para ter uma desculpa de não se encontrar com ninguém.

Tirou o carro que nunca usava da garagem nas primeiras horas, ainda nem amanhecera, eram duas horas de estrada e ele preferiu se precaver para evitar qualquer trânsito.

Hope estranhou de ver o filho em casa, mas aceitou a presença dele com prazer. Para ela a desculpa foi precisar de paz para estudar, e era o que mais tinha ali. Ela exigiu apenas que ele participasse das refeições com eles para poderem matar um pouco das saudades.

— Seus amigos todos com um par, uns até filho, e você com esse doutorado. — Lyall comentou, sempre no tom crítico de sempre.

— Não escute seu pai, amor, estou morrendo de orgulho por conseguir a vaga!

— Eu só estou dizendo que a vida passa, todo esse conhecimento não irá cuidar de você na beira da morte, é isso que estou dizendo.

— Morrer não está nos meus planos ainda, pai, quem sabe eu me preocupe com isso mais para frente. — Remus respondeu seco, nunca tivera um bom relacionamento com seu pai.

Esse fora o assunto corriqueiro, ele contou algumas das peripécias dos seus alunos para fazer sua mãe rir e novidades de Harry, de quem ela sentia muita falta.

Mas nada, absolutamente nada, tirava de sua cabeça as imagens da noite na casa de Sirius. Aquilo estragou toda sua teoria de que seu amigo jamais ficaria com outro cara. Ele gostou de seus toques. Ele pediu para que Remus fizesse aquilo!

Estava ficando insuportável. Cogitou ficar mais tempo ali, mas era responsável demais para ligar para escola e dizer que estava doente. Fez questão de chegar de madrugada.

Ele imaginou que James tivesse falado algo para Lily e Sirius, visto que eles não mandaram mais mensagens. Não tantas.

Mais uma vez a semana foi longa e exaustiva, ele odiava quando chegavam perto das provas, os alunos ficavam ansiosos, principalmente os do último ano. Eletroquímica o matava gradualmente cada vez que ele chegava ali, mas se recusa a deixar os alunos com dúvida, sempre deixava às duas últimas aulas antes das provas para questionamentos, e felizmente aquela turma era super engajada e utilizavam bem do tempo que tinham, sugavam o máximo que podiam do pobre professor, mesmo que fosse a última aula do contra-turno de sexta-feira.

Velhos AmigosWhere stories live. Discover now