𝐟𝐢𝐯𝐞, fault

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Mikey gostava de Senju e isso era tão nítido que chegava a ser estranho como eles não tinham nada, mas essa era uma situação que não era por opção dele e sim dela.

Logo saíram do banheiro e Mikey foi direto pra cama, se deitando de barriga pra cima, encarando o teto, enquanto ela somente se sentou, cruzando as pernas e apoiando as costas na cabeceira. O silêncio que tinha se instalado não era ruim, mas também transmitia a sensação de que uma nuvem se formava sobre os dois, já que, além do que aconteceu durante a madrugada, ainda tinha as próprias questões deles para serem resolvidas.

— Quando você estava no banheiro, escutou o que a [Nome] disse pra Emma? — a platinada quebrou o silêncio e Mikey franziu as sobrancelhas, não entendendo a pergunta.

— Não, por que? — se ergueu e se sentou também, conseguindo com que aqueles olhos azulados o olhassem de forma intensa.

— Você quase teve uma dessa vez — a voz dela estava em um tom completamente sério, um que ele não gostava.

— Tive uma o que, Senju? — perguntou e não entendeu a indignação que surgiu em seu rosto.

Simplesmente não fazia sentido na cabeça dela o fato de que ele realmente não tinha consciência do que tinha acontecido com ele. Mesmo que você só tivesse dito aquilo para ela e Emma, todos os outros também subentenderam isso depois, principalmente Kazutora, já que ele foi uma das pessoas que participou mais ativamente da sua vida na pior parte do vício do seu pai, quando ainda estavam no ensino médio.

— É burro ou se faz?! — ela disse cansada, se lembrando de praticamente todas as conversas que tiveram nesses anos sobre esse assunto — Você quase teve a porra de uma overdose, Mikey!

Ela não sabia se era a pessoa certa para falar sobre isso com ele, mas as cenas da madrugada ainda estavam vivas na mente dela.

Ninguém conseguia o impedir quando ele queria exagerar, era praticamente impossível, e ele nunca se lembrava do que fazia, então ele não tinha conhecimento sobre o fato de ter sido Senju quem o segurou antes dele praticamente colapsar no chão.

Que foi ela quem gritou pelos os meninos.

Que se lembrou de todos os passos que você já tinha ensinado.

Que ficou horas do lado dele, revezando com Emma, para ficar de olho.

Pra ela, foi totalmente assustador, porque, diferente do que já tinha acontecido, por exemplo, na última festa de aniversário de um dos seus irmãos mais velhos, Mikey tinha realmente apagado, praticamente desmaiado nos braços dela e isso era algo que nunca mais gostaria de ver.

— Princesa...

— Porra, Mikey! — ela passou as mãos pelo cabelo, frustrada — Tudo tem limite e isso aqui já deu, tanto pra mim, pra [Nome] e, principalmente, pra Emma.

Ele sabia de tudo isso e, nossa, como sabia.

Tinha um exemplo dentro de casa e isso também o deixava péssimo por dentro, quase como se estivesse desmerecendo tudo o que tinha acontecido com o próprio irmão a quase quatro anos atrás, mas também era difícil pra ele. A mente de Mikey nunca parava, parecia que era ligada no 220 o tempo todo e a única forma que ele via de ter "paz" era assim, porque só dessa maneira que os pensamentos dele paravam.

Claro que ele também tinha consciência do que ele podia ou não, principalmente de quando podia, já que ele era o capitão do time de futebol, não podia ficar se drogando como se não houvesse amanhã, mas tinha momentos que ele precisava disso, poder simplesmente se desligar do mundo. Mesmo que fosse uma forma muito egoísta de se pensar, era como Mikey funcionava e ele não sabia mais como parar.

𝐖𝐀𝐓𝐂𝐇 𝐘𝐎𝐔 𝐁𝐔𝐑𝐍, kazutora hanemiyaWhere stories live. Discover now