Capítulo 33- La Lacrima Di Guerra

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Seria uma noite chuvosa, uma noite fresca de um inverno das belas terras de Sicília, onde as ruas seriam decoradas com os belos reflexos dos faróis dos carros nas poças de água das estradas bem alcatroadas, ou dos candeeiros das ruas que estariam a iluminar os caminhos dos carros e peões, que andavam com em pares de alma, a voltar para casa dos trabalhos, ou em belos passeios românticos, no que seria uma hora onde a lua dominava o mundo terrestre e o sol dava a sua dadiva no outro lado do mundo... Neste panorama, apenas seria encontrada uma alma a divagar pelos passeios bem trabalhados de Sicília, na zona mais alta das colinas, a andar em solidão debaixo das luzes que a iluminavam, e a apagavam, assim sucessivamente, esta alma estaria de roupas largas, uma sweatshirt azul escura sobre umas calças de fato de treino cinzentas e uma gabardine a cobrir a alma masculina da chuva, que andava com as grades verdes da memória ao seu lado direito e com os faróis dos carros a passar pela sua esquerda, a comtemplar o barulho da vila movimentada naquela noite de sexta-feira, um tempo belo estaria no ar, uma humidade e frio confortável que daria um certo conforto em utilizar roupas mais aconchegantes, mas aquela alma não ficaria aconchegada com nada, o coração de mesma já estaria perdido na lua fria da noite de Sicília, enquanto caminhava pelos passeios vazios de uma zona mais bela e pitoresca da vila, que naqueles tempos já seria mais uma cidade.

Esta alma, na sua vista, observara os grandes portões verdes do que seria um castelo de Sicília a abrirem, o que a faria andar mais devagar, observando quem é que iria sair de tal portão daquele castelão, daquela mansão, de onde um carro preto de motorista estaria á espera dos indivíduos que dali sairiam. A alma, esperando pacientemente debaixo da chuva fria e grossa, de capuz posto e olhos iluminados, vira uma bela família sair pelo portão, 2 rapazes e 1 bela rapariga, ela seria a mais velha que brincava e atrofiava com o irmão do meio e este ria com ela, enquanto o mais novo estaria calmo a ler um livro com o chapéu de chuva a tapá-lo, os 3 filhos entraram no carro e por fim, em imagens de marfim, saíra um casal, onde o homem agarraria a mulher de forma tradicional e romântica. A alma vira tal família e casal felizes a saírem do que seria a sua antiga casa, e reparara nos belos cabelos e face lateral da mulher do casal que ficara para trás em último enquanto falava com o mordomo do portão que já estaria bem velho, quase nas últimas, mas que ainda abria e fechada aquele portão, a sua dádiva da vida...

A alma observara as belas características da face da mulher, apesar de já não ser jovem, a mulher teria faces que lhe dariam luz á memória, de olhos verdes oliva iluminados pelos faróis dos carros que passavam, de cabelos de cores belas e suave, que estaria vestida com vestido e um sobretudo creme no topo com o guarda chuva a protegê-la. Estaria ela a dar uma última conversa ao mordomo, enquanto sorria ao mesmo com um sorriso que a alma, que estaria parado em forma de estátua a uns 20 metros da mulher, observava e lembrava, das memórias adormecidas, que lhe dariam asas a algumas lágrimas de tristeza e alegria, ao seu coração que até ali não se mexia, a alma sentira desejo, saudade, vontade de aparecer e assustar todas as memórias até ali esquecidas, a alma reconhecera a mulher que teria sido uma grande parte da sua vida passada, tapada com cobertores de esquecimento que fariam, aquela alma, uma simples pessoa esquecida na linha do tempo que mudara, avançara, e deixara-a para trás, escondida nos escombros do que nunca fora reconstruído, no sofrimento das escolhas efetuadas, no efeito borboleta pesado que castigara aquela alma dia e noite, momento após momento, choro após riso que se converteram a vazio.

Por fim, a mulher virara-se e fora em direção do carro, abrindo a porta do passageiro e fechando o guarda chuva, a alma não queria que ela fosse, mas nada poderia fazer, nada poderia dizer, nada poderia ela ser, e então lá viria a mulher preparar-se para a entrada no automóvel, mas antes da mesma entrar, esta olha em volta e vê o homem de capuz nas sombras a olhar parado para ela, de estatura alta, de face irreconhecível da qual apenas era possível observar a característica dos dois olhos de cores diferentes, um castanho, um castanho que seria belo e doloroso para ela, e um azul morto, quase branco. A mulher ficara a olhara para o homem durante 10 segundo, e a alma parada olhando para ela com o seu coração aos saltos, as mãos a tremerem, a garganta seca e a barriga apertada dos nervos, até que por fim, aquela simples troca de olhares seria interrompida pelo homem que estaria dentro do carro a chamar pela mulher.

-Anda Andy! Não podemos chegar atrasados senão a Giovanna mata-nos. Aliás estás a ficar molhada, anda!

A mulher olhara para dentro, e acordara da pouca reflecção que pudera fazer

-Sim, sim Amore, vou já!

E então ela entra, e o carro arranca deixando a alma perdida na sombra da noite sozinha, dentro do carro o homem perguntara o que se passara lá fora, e a mulher apenas respondera algo como "nada era apenas um mendigo acho eu."

A alma ficara perdida de vez, esta ficara á chuva que não lhe parecia ser molhada mas sim seca como um Sol de verão de um deserto onde já estivera, ficara com mil e uma histórias na memória que nunca seriam contadas, de belas risadas, amores feitos de apaixonadas rosas, de separações difíceis, de distâncias perdidas, de tristes mentiras e alterações, de mudanças de valores, de um fim não provável, e um desaparecimento mortal...

Mas o que mais doía na alma não seriam essas histórias, essas mil e uma histórias, mas apenas umas, onde o amor fora perdido, graças aos tantos conflitos que nunca teriam sido desejados, onde os belos dias foram convertidos em batalhas esquecidas, onde o esvoaçar de belos cabelos por entre prados fora substituído por batalhas no meio do esquecimento, a lágrima recordava-se dessa história.

Ah essa bela história, que seria esquecida até por quem a vivera, que resultara na perda de quem não merecera, que resultara naquela família que ali vera a partir, na felicidade que outrora fora tristeza, na felicidade que já fora vingança, naquele momento em que a alma apenas se perdera entre as infinitas gotas de chuva, incolores e insipidas, mas cheias de sabor e cor, cheias de dor e ardor, que se misturavam com uns olhos molhados, não do céu carregado, mas dos sentimentos que já não sentira á tantas décadas, após o fim de uma guerra, de uma paixão, de um propósito, de tudo, a alma não teria nada, e nada seria dado á alma, a única coisa que lhe restara fora uma lágrima, uma única e última lágrima, a sua...

La Lacrima di Guerra

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Fim

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