2016 - BRASIL

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Circuito José Carlos Pace (Interlagos), Novembro de 2016

POV Max Verstappen

Ocorreram 3 corridas desde meu aniversário na Malásia. Passamos pelo Japão, Estados Unidos e México. Austin, sobretudo, era um dos circuitos favoritos de Daniel. Não tanto pela corrida, mas pelo ambiente. Ele respirava a cultura texana, sua comida, suas músicas, suas vestimentas. Andava de chapéu de cowboy e bota para onde ia. Cantarolava e inventava músicas country. Vivia imitando o sotaque sulista, cativando a todos em qualquer entrevista. Não à toa, conquistou o terceiro lugar, se juntando às duas Mercedes no pódio, enquanto tive que abandonar a prova por problemas no carro. Era extremamente frustrante esses abandonos, e estavam ficando um pouco mais frequente do que gostaríamos. Foi nessa derrota pessoal que surgia assim a primeira rosa, ainda em botão, repousando no meu travesseiro assim que voltei para o hotel.

- Achei que poderia ser algo diferente para melhorar seu dia - Daniel disse ao entrar no quarto - Me ajudou, na Malásia e...

- Obrigado - eu retribui com um sorriso num misto de frustração, pensando ainda na corrida. Usando um copo como um vaso improvisado, coloquei a rosa na cabeceira de minha cama.

- É... Eu vou num bar com a galera pra relaxar. Por que não vem com a gente?

- Agradeço, mas eu não tô no clima pra essas coisas - quando eu disse isso, Daniel sentou-se ao meu lado na cama, me abraçando de lado.

- Olha, ficar aqui sentindo pena de si mesmo vai adiantar o que? - Ele apertava meu braço, acariciando-o com movimentos para cima e para baixo - A gente tá aqui pra se ajudar, caralho. Vem se divertir, distrair a cabeça... Vem comigo, vai.

E eu fui. E foi maravilhoso. O bar era uma joia escondida, poucas pessoas ali, cerveja gelada e o melhor brisket que eu já comi na minha vida. Havia também uma pequena banda, que dava o tom certo de faroeste. Impulsionado pela equipe, Daniel se juntou a banda em diversos momentos. Sua voz combinava muito com o ritmo, seu sotaque australiano se misturando com o choro da guitarra country. A noite se abria para que dias melhores viessem. Sobretudo, notei como Daniel fazia questão de sempre se sentar ao meu lado, como não deixava meu copo ficar vazio e como repousou sua mão em minha perna a noite toda, por vezes fazendo uma carícia quase automática, como se quisesse dar mais uma certeza que ele estava ali por mim. 

No dia seguinte, na cabeceira da minha cama, a rosa havia desabrochado.

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Depois de um México sem grandes acontecimentos, o próximo destino era o Brasil. Era incrível notar a mudança de Daniel desde que falou sobre seu término, que viria à publico tempos depois. Estava mais leve, ainda mais sociável com todos no paddock e, se era possível, mais sorridente. Nos dias finais na Cidade do México, almoçávamos juntos após uma sessão de exercícios.

- Max, posso fazer uma proposta? - Eu o olhei confuso, fazendo sinal positivo com a cabeça para continuar - Eu e minha equipe vamos passar essa semana entre corridas já no Brasil. Você... não quer vir com a gente?

- Em São Paulo? Mas fazer o que lá? Vai ser festa só o tempo inteiro?

- Então... o plano é ficar numa cidade um pouco mais afastada, não atrair atenção de fãs, bem natureza... eu tenho amigos brasileiros que já estão acertando tudo - Ele remexia sua comida no prato, tentando encontrar mais argumentos para me convencer -  Realmente descansar e aproveitar, ainda mais que já nos acostumaríamos com o fuso horário. O que você acha?

- Então você quer me arrastar para atividades ao ar livre e bater palma pro sol? Ai!! - Ele me chutou por baixo da mesa, rindo - Tá bom, posso pensar um pouco, pelo menos?

Como chegamos aqui?Where stories live. Discover now