Desabafo

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Que horrível a sensação de ter seu chão devolvido, mas logo o abrirem bem debaixo dos seus pés...
Mas talvez eu mereça. A indiferença, o afastamento, as dúvidas, desconfianças, sentimentos ruins rodeiam aqueles que os merecem, e nisso talvez eu seja réu. A sentença que me persegue dia após dia, em um inferno interno sem fim, onde o fogo ameniza mas não apaga. Penso que a condenação talvez seja ter de conviver com minha própria alma. Aflita, abatida, amargurada, desacreditada...
Eu luto por um paraíso, quando já vivo no meu próprio inferno astral que dura toda uma minha vida. E indomaveis são meus sentimentos, incontroláveis ao ponto de me sufocar. Eu não os queria sentir, e eles me apertam ao ponto de me deixar sem ar, e eu choro na esperança de amenizar essa dor, mas ela é feroz e avassaladora, não as controlo, eu não consigo controlar.

Penso bem sobre mim mesma, e no quão cruel talvez eu seja. Vivo na luta de tentar ser minha melhor versão, mas até minha melhor versão é a pior. E eu sei que ninguém merece estar só, mas já estou mais do que cansada de saber que ninguém dura muito tempo ao meu lado. No fim, sempre dou um jeito de afastar a todos e eu sempre reclamo aqui dentro o fato de estar sempre sozinha. E pensando bem, provável ter que levar uma vida solitária.

Alguns nasceram para serem muito felizes, outros para apenas almejar a felicidade e não alcançá-la de fato.
Eu tenho medo de viver na mesmisse, de sonhar e não chegar, de querer e não ter forças para conseguir. E dói pensar que estou fadada a viver sempre assim, pois meu caminho é totalmente trajado para agradar a todos, e nessa brincadeira eu sou a última a me sentir agradável no fim.

Eu sou réu das minhas próprias dores, e talvez mesmo que não tenha maldade aqui dentro, não há bem que eu consiga fazer a quem estar em meu redor.
Eu sou puro caos. Sou o mundo em pedaços. A febre que queima e também o vírus que mata.
E aos poucos eu vou compreendendo o fato de sempre estar só...

Epiphany - Confissões Where stories live. Discover now