Epiphany - Confissões

Solidão

Eu sei o que é solidão.

Para muitos, a solidão é a tristeza que bate no fim do dia, após uma amizade acabar, um amor partir ou alguém o desapontar.

Quem dera fosse apenas isso.

Eu sei o que é estar e se sentir só. Aquele sentimento de ter tudo e não ter nada, de conseguir, mas logo perder. Alcançar e cair. Estar rodeado de pessoas, mas completamente deslocada de tudo.
Eu sei como é.

Por inúmeras vezes durante meu - não tão longo - percurso de vida, pude sentir o que é desejar ter pessoas e perceber que por muitas das vezes é melhor estar só. E quanto mais chorei a procura de uma amizade verdadeira, mais machucada eu saia dessa - nem tão grande - aventura.

Alguns me chamam boba, trouxa ou idiota. Eu me doou em segundos, quando sou machucada sempre no fim. E quando um ciclo acaba, tudo se repete outra vez. Eu sempre fui a segunda em tudo o que vivi, e ninguém nunca se importou verdadeiramente sobre como minha amizade pode ser importante. E enquanto vejo os malandros vencerem, minha bondade é sempre posta a prova, a duvida, e eu sempre tenho de tentar me explicar no fim.

Observo os outros me perguntando se há algo errado na maneira como falo, como ando, como ajo... Sou a amiga dos momentos difíceis, do ombro para chorar, mas quase nunca dos momentos de alegria, das reuniões em grupo ou simplesmente a preferida de alguém.

E mesmo depois de doar todo o meu sangue, o ciclo sempre acaba da mesma maneira. Muitos vem e rapidamente se vão, alguns pela corrida da vida, outros simplesmente por decidirem partir. E eu permaneço só.