Epílogo

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São Paulo, SP, Brasil

— 3 anos depois


Mais um dia fracassado, o cansaço de Amanda gritava, mas isso não a faria desistir, por mais que a vontade de fazê-lo fosse enorme. Estava exausta, chegando num limite que já não sabia quanto tempo duraria as forças para não desistir daquela busca que parecia inútil. Três anos se passaram e ela ainda se via presa ao que foi arrancado dela.

Ao soltar o corpo no sofá e fechar os olhos, tentou afastar a saudade, sem sucesso. Lembrava de cada sorriso, cada abraço, cada brincadeira. Aquilo tornava tudo ainda mais doloroso e difícil. Quando foi jogada no universo de Chicago, não se lembrava do passado. Mas agora... lembrava de tudo com muita clareza.

— Ah! Já chegou. — A voz de Clarissa a fez abrir os olhos e tombar a cabeça para olhá-la, sem mudar de posição no sofá. — Nada ainda?

Amanda apenas negou com a cabeça e se levantou, indo até a mulher de pele clara e olhos azuis como os de Pedro.

— Quem é essa mulher que precisa encontrar?

— Uma pessoa importante para alguns amigos. — Respondeu, logo se lembrando de Voight, Justin e Erin, um sorriso triste brotou em seus lábios — talvez ela saiba como posso reencontrar esses amigos que... Eu perdi contato.

— O Pedro te faz muita falta, não é? — a pergunta trouxe um silêncio pesado, cheio de dor e lembranças. Então Amanda cobriu a mão da mulher com a dela.

Quando voltou ao mundo real, teve algumas respostas depois que conseguiu se acalmar e raciocinar. No dia que foi para Chicago estava voltando do velório de Pedro, seu melhor amigo e irmão adotivo, que faleceu ao sofrer um acidente de carro. Dar-se conta daquilo triplicou a dor de deixar Chicago. As palavras de Mia fizeram mais sentido, o que a puxou para o Universo que era seu ponto de paz e refúgio, foi a dor de perder a única pessoa que lhe deu uma família. E naquele dia, ela desejou, em meio a lágrimas dolorosas, ao estacionar o carro em um dos lugares preferidos dela e Pedro, ir embora dali, ir para um lugar onde se sentisse em casa e tivesse uma família como Pedro era para ela. Então a vida, Deus ou alguma força que ela não entendia, realizou seu desejo.

"O tempo funciona diferente aqui e no mundo real". E realmente funcionava, como Mia lhe disse. Oito meses em Chicago, foram apenas algumas horas dentro do carro, com a testa apoiada nos braços sobre o volante.

— Como é mesmo o nome da moça que está procurando? — Clarissa quebrou o silêncio e respirou fundo, se afastando para disfarçar as lágrimas que se formaram depois que Amanda assentiu em resposta.

— Ana. Ana Barroni.

Clarissa assentiu devagar ao ouvir a resposta.

— Espero que a encontre. — Amanda apenas deu um leve sorriso com uma ponta de tristeza. Era tão dificil se manter confiante.

— Também espero.

•••

— Mais 2 anos depois

Talvez Ana, Chicago, tudo que viveu, foi um sonho. Um sonho bem real, mas apenas um sonho. Foi isso que Amanda passou a acreditar.

Aquela tarde de buscas que não levaram a lugar algum, foi a última vez que procurou por Ana ou qualquer pista de caminho que a levasse de volta a Chicago. O cansaço falou mais alto e ela decidiu que precisava seguir em frente e deixar tudo aquilo para trás. Nos anos que se passaram depois disso, Amanda se obrigou a viver o presente.

Uma Nova Vida Real [One Chicago] - Livro 1Where stories live. Discover now