Capítulo 19

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— O que te traz aqui? O Antônio precisou sair… — Adam Ruzek disse depois de apertar levemente o ombro de Amanda, passando por ela para então sentar na ponta da mesa.
— Não conheço só o Antônio aqui — arqueou a sobrancelha, o desafiando ao cruzar os braços.
— Mas ele, que é seu namoradinho… — Jay Halstead brincou sentando-se em sua cadeira. Ruzek também riu ao ver a morena rolar os olhos.
— Primeiramente, ele não é meu namorado — ela levantou o indicador, ignorou a sobrancelha arqueada de Adam — segundo, eu só vim trazer seu celular — pegou o aparelho que deixou na mesa de Antônio e mostrou, entregando para o loiro que expressou surpresa ao ver o aparelho.
— Pensei que tinha esquecido em casa… deixei no Molly's? — pegou franzindo o cenho e constatou que estava sem bateria.
— Sim… — Amanda colocou as mãos nos bolsos do casaco.
— Nisso que dá ficar com a cabeça em uma certa ruiva de olhos verdes — Adam fez uma careta e suspirou, quando Jay falou e Amanda apenas olhou de um para o outro. Sabia do que o detetive estava falando, ela e Adam já tinham conversado sobre.
— Preciso ir meninos, ainda preciso passar no quartel antes do almoço… — Eles assentiram em resposta.
— Te acompanho até lá embaixo, vou comprar um café. — Adam Ruzek comentou antes de colocar o celular na mesa dele e seguiu Amanda, depois dela se despedir de Jay Halstead.
— Os problemas no paraíso não se resolveram? — A morena fez menção à forma que o homem se referiu aos problemas com relacionamento, semanas antes.
— Acho que só piorou… — deu de ombros e ela viu uma tristeza nos olhos dele. — Tentei falar com ela, mas acho que a perdi mesmo…
— Ei, ânimo soldado — deu um tapinha no braço dele, sorrindo em encorajamento — não importa o tempo que leve, se for acontecer, vai acontecer. — Ruzek assentiu com um leve sorriso, meio desanimado.
— Mas ajudei na sua vida amorosa, já fico feliz — comentou empolgado e a garota riu em seguida. — Foi um ótimo plano, fala a verdade. — cutucou Amanda em meio às risadas.
— Ótimo é um pouco de exagero, Adam — fez uma careta — mas deu certo, no fim das contas. — Deu de ombros e abriu a porta do carro, observando o sorriso orgulhoso do oficial.

•••

Amanda terminava de colocar as coisas do almoço no balcão para o pessoal do quartel. Alguns deles se aproximavam para se servirem.
— Não vai comer? — Peter Mills perguntou ao observar Amanda com as mãos apoiadas no balcão, apenas observando os outros se servindo.
— Estou sem fome agora… — deu um sorriso de canto.
— Só não fica sem comer… — ela assentiu em resposta e o viu se sentar com os outros.
Percebeu que todos estavam ali, menos um, estranhou e decidiu ir ver se ele sabia que o almoço estava pronto.
A garota deu toquinhos na porta da sala do tenente e quando ele fez sinal para ela entrar, abriu com um leve sorriso nos lábios, que ele retribuiu.
— Oi Matt, vim avisar que o almoço tá pronto — ele assentiu, olhando as horas e coçou a testa.
— Sim, claro, logo vou… — ele fez menção de voltar ao que estavam fazendo e Amanda assentiu levemente.
Algo a perturbava e Matt Casey percebeu antes que ela se virasse e fosse embora.   
— Quer me dizer alguma coisa? — ele a observou com seus olhos azuis intensos, franzindo o cenho.
— Mais ou menos… — admitiu, meio sem saber o que ou como dizer, então entrou e encostou ao lado da porta. — Conversei com o Voight esses dias.
— Sobre o que? — franziu o cenho, sem disfarçar seu incômodo com aquilo.       
— Ele comentou sobre um caso, de uma garota que foi vítima de estupro e depois sumiu… — Comentou — se sentou na ponta da cama, não sabia se deveria falar sobre o teor da conversa, pois não era assunto dela, mas as coisas que o sargento contou, não saía de sua cabeça — sei que você e o Voight não se dão muito bem, mas há quanto tempo o conhece? — A pergunta deixou o tenente confuso, mas pensou sobre, para poder responder.
— Não muito… — Casey fez uma pausa, antes de continuar — o conheci, infelizmente, pouco tempo antes dele ser preso…
— Preso? — A garota franziu o cenho e Matt Casey apenas assentiu em resposta.
— Quando ele saiu, em torno de um ano depois, se tornou sargento da Inteligência.
— Isso faz mais de oito anos? — Amanda perguntou, levemente pensativa.
— Não, bem menos… — ela assentiu, com uma expressão de quem tenta desvendar algum mistério — do que falaram exatamente, hein?
— Sobre esse caso da menina, ele ajudou e foi há cerca de oito anos atrás… — deu de ombros — sinto que é algo que ele nunca esqueceu, que o afeta de alguma forma — Matt Casey viu um lampejo de preocupação e empatia nos olhos de Amanda, causando um certo orgulho nele, realmente era uma garota muito especial.
— A detetive Erin Lindsay parece conhecer o Voight muito bem, poderia conversar com ela, se isso for acalmar seu coração — ofereceu um sorriso carinhoso para a garota e ela retribuiu, se levantando em seguida.
— Vamos comer, tenente — o homem também levantou e a acompanhou.

•••

— Fala a verdade Casey, o Kelly que é um velho rabugento… — Amanda ria ao falar, caminhando para fora do quartel, com os amigos.
— Você sabe quantos anos eu tenho? — Kelly Severide franziu o cenho.
— Não tô falando de idade… — a garota rolou os olhos.
— Severide, você é bem reclamão, tenho que concordar — Matt Casey deu de ombros, rindo junto com Amanda, da cara de Severide.
— Hey vocês! — Leslie Shay surgiu correndo e só faltou pular nas costas de Severide.
Nesse exato momento, Antônio estacionou o carro em frente ao quartel, fazendo os quatro pararem e olharem para ele descendo do carro.
— Olha só quem vem aí… — Shay cutucou Amanda ao seu lado, com um sorriso malicioso e Severide não conseguiu deixar de observar a expressão de Casey mudar no instante em que o detetive se aproximou.
— Olá pessoal — ele fez um cumprimento geral e direcionou um sorriso para Amanda, que sorriu de volta, colocando as mãos nos bolsos da calça.
— A gente já vai indo — Shay puxou Severide pelo braço, levando Casey junto com eles na direção dos carros.
— Algum problema, detetive? — Amanda perguntou ao ficarem sozinhos.
— Falando assim, parece que só venho no 51 quando tem algum problema — ele passou o braço sobre os ombros da garota e riu ao caminharem juntos até o carro dela.
— Mas é… — respondeu rindo e ele lhe deu um beijo no rosto, antes da garota abrir o carro e jogar a bolsa lá dentro.
— Vim falar com o Boden, sabe se ele já foi embora? — Amanda arqueou a sobrancelha — Okay, eu realmente só apareço com problema — abriu os braços, admitindo.
— Não vi ele saindo, acho que ainda está no escritório — encostou no carro e viu Antônio apenas assentir em resposta, antes de se aproximar rapidamente e lhe dar um beijo.
— Te vejo no Molly’s mais tarde — selou os lábios da garota, a fazendo sorrir e se afastou em seguida.
Amanda o observou se afastar, o jeito que andava e como movia os braços a cada passo, sorriu sozinha e balançou a cabeça, então entrou no carro.

•••

— Amanda, foi fabricar água pra fazer gelo? — Herrmann perguntou da porta dos fundos.
— Eu tô indo! — Guardou o celular no bolso rapidamente e pegou o saco de gelo que Herrmann pediu, correndo para o bar.
Depois de colocar o gelo no freezer, Amanda se aproximou do balcão olhando em volta e focando na porta quando a mesma abriu, um olhar de decepção se seguindo ao não ver quem gostaria.
— Tá tudo bem? — Otis perguntou ao perceber o olhar preocupado de Amanda.
— Sim, é que… — ela se interrompeu e balançou a cabeça, mostrando não ser nada demais. Aproveitando que um cliente pediu uma cerveja, para sair do assunto e fugir dos olhos questionadores do amigo.
Conforme as horas se passavam, Amanda não conseguia controlar a sensação de que algo ruim estava acontecendo. Olhou em volta, confirmando que nenhum dos policiais do Distrito 21 estava no Molly's naquela noite. Nenhuma mensagem também tinha chegado em seu celular e Antônio não respondeu a que mandou quando foi pegar o gelo.
— Amanda! — Severide a chamou, impaciente, mostrando que não era a primeira vez que estava dizendo seu nome — Está em que mundo, garota?
— Foi mal, pediu alguma coisa? — Se aproximou do amigo no balcão e o viu franzir o cenho.
— Tá preocupada com o quê?
— Você sabe como tá a investigação do grupo terrorista? — por dois segundos, ele se questionou como ela sabia sobre aquilo, mas logo se lembrou de Antônio e deu de ombros.
— Nada muito concreto… Boden me disse que o Antônio foi falar com ele hoje cedo sobre isso, encontraram uma nova pista de quem é o grupo, mas parecia bem vago.
Amanda não disse nada, apenas ficou um pouco pensativa, aquele pressentimento ruim não se afastava dela.
— Amanda! — Gabriela Dawson se aproximou do balcão num salto, com o celular em mãos e os olhos apavorados — o Antonio, ele levou um tiro.
A boca da garota secou no mesmo instante e seu coração pareceu parar de bater por um minuto. Não pensou em nada, apenas correu com Gabby para fora do Molly’s depois de avisar Herrmann, toda enrolada.

Uma Nova Vida Real [One Chicago] - Livro 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora