Capítulo 14

556 63 36
                                    

NOTA DA AUTORA:
Este capítulo pode conter gatilho leve, para insinuação de assédio sexual.

•••

— Boa noite, sargento. — Percebeu ele olhar para os lados, conferindo que Amanda estava sozinha.

— O que faz aqui? — Hank Voight franziu o cenho, enquanto segurava a porta.

— Queria falar com você… — o homem apenas cruzou os braços, esperando que ela dissesse, a encarando com a cabeça levemente inclinada — nunca me deu a chance de conhecê-lo ou de você me conhecer…

— Amanda, não tenho interesse algum em ser seu amigo, se é isso que espera. — A resposta a fez abaixar um pouco os olhos antes de voltar a encará-lo para responder.

— Queria entender porque sempre me tratou de forma tão fria, desde o começo, mesmo antes da suspeita de que eu era uma foragida — o viu hesitar por um segundo, um brilho diferente apareceu em seus olhos marcados pelo tempo e experiência — desculpe se abri alguma ferida cicatrizada, de alguma forma… — Voight continuava a encará-la e ficou em silêncio por alguns minutos, até retomar a postura firme.

— Era só isso, Amanda? — Ela assentiu levemente, apertando os lábios em um leve sorriso ao dar um passo para trás.

— Até qualquer dia, sargento. Desculpe incomodar. — Então deu as costas e seguiu para o carro, ouvindo a porta se fechar em suas costas.

Por um motivo que não sabia explicar, Amanda via algo nos olhos do sargento Voight. Como se olhar para ela fosse doloroso, o lembrasse de alguém. Mas poderia estar apenas imaginando coisas… Não gostava da sensação de não entender as pessoas. Numa necessidade de ajudar, mesmo sem saber se era possível. 

Estava tão distraída com seus pensamentos e suposições, que não viu um homem se aproximar na calçada. Foi surpreendida quando ele a segurou e pressionou contra o carro, tampando sua boca com a mão. Amanda tentou se livrar de suas mãos, mas ele era muito forte e tinha pelo menos uns 30 centímetros a mais que ela. Tentou chutá-lo, mas ele conseguiu segurar as pernas dela com a dele. Pensou ser um assaltante e que ele só queria o carro, então mostrou a chave que estava presa em seu indicador pelo chaveiro, os olhos suplicantes, como se implorasse para ele levar o automóvel. 

Sem se importar com a chave, ele levou a mão à sua cintura e de imediato ela tentou se debater, sem conseguir se soltar. Seu empenho em tentar se soltar, parecia apenas incentivar que ele continuasse.

Os olhos de Amanda se encheram de lágrimas e ela tentou gritar, com os olhos fechados, mas a mão dele permanecia firme a impedindo de gritar. As mãos estapeavam o peitoral maciço, que ele nem mesmo parecia sentir.

Estava entrando em pânico e o desespero a tomou quando a mão dele fez menção de levantar sua camiseta e ele abriu um sorriso diabólico. Num pensamento rápido, pegou a chave que tinha em mãos e cortou a lateral do rosto dele. O homem gritou de dor, a xingando e ela aproveitou o breve momento em que ele tirou as mãos dela, para gritar.

— SOCORRO! SOCORRO! — uma explosão esganiçada saiu, a voz trêmula enquanto o medo a fazia não conseguir se mexer e correr dali.

Em seguida, um tiro ecoou pela rua e a garota gritou pelo susto e se abaixou rapidamente, cobrindo o rosto com as mãos, como se protegesse, ficando encolhida encostada no carro. Todo seu corpo tremia, sem forças para levantar a cabeça ou abrir os olhos. Chorava copiosamente, escutava vozes desconexas, que não entendia o que diziam, talvez gritos, mas era como se não estivesse ali realmente, logo as vozes pararam e ouviu passos se aproximando dela, a fazendo se encolher ainda mais.

Uma Nova Vida Real [One Chicago] - Livro 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora