Capítulo 15

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— É bom ver ela assim, sorrindo, sendo a Amanda que conhecemos — Matt Casey comentou, encostado no balcão da cozinha, olhando na direção da garota.
— Sim... Ela é a pessoa mais forte que já conheci — Severide respondeu antes de dar um gole no café.
Amanda jogava um jogo de tabuleiro com Otis, Cruz e Cap. Aparentemente estava ganhando, e comemorava tirando uma com a cara de Otis, visto estar fazendo dupla com Joe Cruz. Ela gargalhava e fazia uma dancinha de comemoração. Os dois tenentes acabaram sorrindo enquanto admiravam a cena, até Severide dar um último gole no café e sair do refeitório.
A sirene soou pelo quartel, chamando a atenção de todos, mas apenas a viatura 81 foi solicitada. Amanda viu Casey deixar a xícara de café no balcão e correr para fora, logo Otis e Cruz o seguindo, abandonando o jogo.
— Quer arriscar, Cap? — a morena perguntou para o homem careca e de olhos azuis, que era seu adversário no jogo junto com Otis.
— Nem pensar, se em dupla eu perco, imagina sozinho. — Com uma careta de desgosto, ele se levantou da mesa e tocou o ombro da garota antes de seguir para fora, enquanto Amanda ria balançando a cabeça.
— Ei, garota — Leslie Shay se sentou na cadeira ao lado de Amanda, vendo ela arrumando o jogo de volta na caixa. — Sabe do que precisamos? Uma noite das garotas. — Amanda apenas arqueou a sobrancelha com a idéia repentina e olhou para a amiga. — Podemos mudar o nome pra noite da tequila se quiser...
— O problema não é o nome — riu fechando a caixa do jogo ao terminar de guardar — Mas por que isso do nada?
— Porque sair com as amigas é sempre uma boa ideia, ué — deu de ombros e apoiou o queixo na mão, fazendo bico.
— Ok, ok, a gente sai — a loira abriu um largo sorriso e Amanda apenas riu da expressão de Shay, de criança que ganha um doce.
— E o Antônio?
— Que eu saiba, ele não é uma menina, para convidarmos ele para a noite das meninas. — Franziu o cenho, segurando a risada, mas sabia do que a amiga estava falando. Shay arqueou a sobrancelha, a olhando séria — não falei com ele ainda. — Desviou dos olhos azuis e profundos da amiga.
— Mandy, está ignorando ele há duas semanas.
— Eu precisava de um tempo, pra organizar minha cabeça... — deu de ombros, e depois de alguns segundos olhando pra mesa, pensando sobre aquilo, soltou tudo de uma vez — era muita coisa já, eu tava uma bagunça, não precisava da complicação de um coração acelerado toda vez que ele olhasse pra mim, porque seria mais um turbilhão de sentimentos para processar.
— E agora, depois desse tempo, se sente melhor? — Amanda assentiu em resposta — ótimo, porque acho que terá de falar com ele. — A garota franziu o cenho, sem entender, até escutar uma voz atrás de si.
— Amanda — a voz com a rouquidão característica e irreconhecível de Voight a fez olhar na direção dele. Mas logo ao lado, encontrou o detetive Dawson, lhe oferecendo um sorriso de canto quase imperceptível. E ali estava o coração acelerado.
— Sargento Voight... Detetive... — comprimentou ao se levantar, com um leve menear de cabeça.
— Vim apenas informar sobre o julgamento... Ele foi condenado. — Hank Voight abriu um leve sorriso, mostrando também um grande alívio em poder dar aquela notícia.
— Nossa, que ótimo! — Amanda levou a mão ao coração, com um sorriso largo e sentiu Shay abraça-la de lado, apertando seu ombro de leve.
— Foi um julgamento rápido, ele cometeu outros crimes, isso ajudou no desfecho. — Antônio comentou e os olhos dele encontraram os de Amanda por um breve momento, mas ela logo desviou ao ouvir Voight se pronunciar de novo.
— Agora precisamos ir, só queríamos te avisar.
— Muito obrigada, sargento, por tudo! — Ele assentiu e deu as costas para ir embora, sendo seguido por Antônio, que não disse mais nada, apenas fez um pequeno aceno para as duas, olhando nos olhos de Amanda mais uma vez, antes de ir.
Shay olhou para Amanda rápido e cutucou a amiga, indicando o detetive com a cabeça quando ele já estava de costas.
— Antônio! — Numa injeção de coragem, correu até ele, que parou no corredor e se voltou para Amanda. — Posso falar com você?
— Te espero no carro. — Voight respondeu simplesmente, antes de passar pela porta dupla.
Amanda deu dois passos para trás, chegando mais perto da parede e Antônio a acompanhou. Ele a encarava na expectativa, esperando pelo que ela queria dizer.
— Desculpa não ter retornado suas ligações e mensagens — começou sem graça, agradecendo pela pele mais escura não denunciar as bochechas queimando.
— Eu entendo, estava chateada e não tiro sua razão — a garota abriu a boca para rebater, pensando que ele estava entendendo errado — eu devia ter ido te ver aquela noite, aquilo não teria acontecido se eu...
— Antônio! — Ela o interrompeu, tocando o braço dele e o olhou fixamente, encontrando uma culpa em seus olhos escuros que a tocou profundamente, em nenhum momento chegou a pensar que ele poderia estar se sentindo daquela forma. — Não foi sua culpa! E eu nunca colocaria isso nas suas costas... — fez um leve carinho no braço dele e viu um alívio tomar seus olhos.
— Queria ter estado com você.
— Eu sei — assentiu levemente e deu um leve sorriso de canto — eu só precisava de um tempinho pra mim, pra me sentir bem.
— Fico feliz de ver que está bem. — O sorriso dele a fez sentir um arrepio na nuca, se dando conta como estava com saudade do homem — Eu preciso ir agora, a gente se vê?
— Claro — assentiu, abrindo um largo sorriso e recebeu um beijo no rosto, antes dele se virar para ir embora.
— Tenente... — Antônio meneou a cabeça num cumprimento breve ao passar por Kelly Severide, que entrava ali.
— Detetive... — o homem não disfarçou o sorriso divertido para a amiga assim que Antônio passou pela porta — Hmm... — não segurou a risada baixa arqueando as sobrancelhas.
— Não enche, Kelly. — Rolou os olhos, rindo e deu as costas, seguindo para o outro lado do corredor.

Uma Nova Vida Real [One Chicago] - Livro 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora