Capítulo 131

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TW: esse capítulo terá uma cena retratando um ataque de pânico. Será curta e rápida, mas pode ser que seja um gatilho para alguns de vocês.

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Rafael P.O.V

Foi tudo muito rápido. 

Fiquei puto por ela ter perguntado do Roberto, assisti de longe a conversa deles depois que ele a ajudou a guardar a mala, e o sorriso que ele dava ela a cada dois minutos me incomodavam. Porque ela não o manda embora? 

Minha mente já estava saturada de tanto pensar merda, de tão deixar a insegurança, que nem sei de onde veio, falar mais alto, que deixei escapar um pouco deles quando ela começou a falar na padaria enquanto esperávamos o pão ficar pronto. Depois que falei, seu olhar enquanto me repreendia era uma mistura de mágoa e irritabilidade. Mas estou também estou magoado, porra! 

E quando eu achei que não poderia piorar, ela me manda aquele áudio. A porra daquele áudio! 

Me deixou ainda mais triste ela ter me deixado sozinho para descobrir aquilo. Eu precisava dela comigo nesse momento, eu fiquei sem chão. Ouvir minha própria irmã dizer aquelas coisas, me deixou decepcionado. Fiz a garrafa de cerveja voar até a parede da sacada, sem conseguir engolir a raiva. Minha própria irmã.

No fundo eu torcia que a desconfiança que eu sentia fosse apenas coisa da minha cabeça, e que ela me provasse errado, me fizesse engolir cada pensamento errado, ou precipitado, mas não. Infelizmente eu estava certo, não só eu, mas a Mariana também. 

Primeiro o Otávio, agora a Fabiana. 

Quem será o próximo?

Família é uma coisa séria pra mim, confiança então, nem se fala! Me sinto um idiota por chorar, mas no fundo não sei o real motivo das minhas lágrimas. Esperava que a Mariana logo subisse depois de ouvir o barulho, mas isso não aconteceu, me deixou ainda mais bravo, angustiado e triste. Começo a catar os cacos, e mesmo sentindo os vidros me cortarem não paro até ouvir a Mariana mandar eu parar minutos depois. Seus olhos se arregalam ao ver o sangue, e quase choro de novo quando ela começa a lavar as minhas mãos com todo o cuidado do mundo. Mesmo com raiva, ela ainda cuida de mim.

Ela sumiu depois de fazer os meus curativos. Fico lá sentado olhando para as minhas mãos, pensando se devo ou não ir atrás dela, mas desisto disso. Ainda estou de cabeça quente, e ela também deve estar. Desço na área de serviço, e pego a vassoura, a pá e um pano. Limpo a sujeira que fiz ouvindo a chuva apertar, e meu pensamento vai direto para a Mariana, preocupado com a possibilidade dela estar com medo da chuva. Mas a sua cara e a sua resposta depois que tento falar com ela, me mostra que ela está brava, e que não quer estar perto de mim, e com razão. 

Ainda estou usando a bermuda de mais cedo, e estou um pouco sujo de cerveja pois joguei a garrafa cheia, e o líquido voou para todo o lado. Mas a minha prioridade e preocupação é com ela, então me sento em frente a porta do escritório, e fico ali olhando para a porta, esperando caso eu escute algum choro ou qualquer outra coisa que me preocupe. Não sei quando foi, mas dormi no chão ali mesmo, e acordei com ela me chamando, toda linda de vestido e pronta para sair.

• Everything we shouldn't do is better • (COMPLETO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora